Tuesday, November 13, 2007

mesmo que não seja nada

Mesmo que não seja nada, nada é já alguma coisa. A preocupação é se o tudo for nada. Mas se o nada for alguma coisa, alguma coisa será tudo. A preocupação de que o nada seja o não existente é o que preocupa quem tem alma. O ter alma implica existir. Existir implica o nada que é alguma coisa. Então porquê a preocupação do esquecimento? É porque tem-se receio de que é possível ser-se esquecido como se o existente que fora antes passasse à fase do não existente? O problema é a incerteza. Se alguém descobrisse a origem da incerteza ficaríamos melhor.

Monday, November 12, 2007

cavaleiros

cavaleiros de uma só vez
invadem a seguir
os contornos brancos
das águias geladas
nos olhos fechados.

para algum lado

Para algum lado há-de ir
aquela não nomeada
desconhecida
no seu lugar recôndito

A não ser que se
lamente
o segundo
atrás de outro
agarrado ao minuto
secular.

toda a curva a norte

toda a curva a norte
não se negoceia

uma tensão latente
divergente

diferente
na mesma proporção

a faceta lânguida da alma

A faceta lânguida da alma
precede a ordem de busca
do infame monstro
escondido dentro dela.

O lado obscuro do tempo

O lado obscuro do tempo galga o espaço
ainda duas esferas despernadas
rolam à frente da tempestade

em flores de cactos e microfones
empastados na mira duma geringonça
falhada a dois tempos e na maior

parte do espaço foi dela
a ideia de começar a pregar o
esboço do futuro tempo a dois espaços.

fartos espaços e cães à volta

O cansaço toma conta das pernadas
à fartazana a pés juntos e nas ligas
milionárias tá com uma ponta de
equilíbrio ébrio os desafios à luz
na primeira de fora a três por um
garfos oblíquos e pestanas a pataco
monte Abraão no tecto da casa
abrolhos ferrados na montra
fartos espaços e cães à volta.

Sunday, November 11, 2007

O rei Juan Carlos e o plebeu Hugo Chavez



O Rei Juan Carlos perdeu o verniz. Mandou calar Hugo Chavez intempestivamente. Aqui pensamos em razão. Mas não está em causa a razão. Apenas que acham que o Venezuelano é um homem exótico, que chamou fascista a Asnar demagogicamente, embora o homem evocado seja direitista não vamos chegar a esse ponto ideológico. Assim também se chamaria a Hugo de comunista, o que não é o caso.

Zapatero na tal reunião convocava ao bom senso. Afinal também defendia o seu conterrâneo. Antes de mais Zapatero era espanhol. Como antes de mais Daniel Ortega era Sul-americano.

Estavam definidos dois campos. Espanha por um lado, América Latina por outro. O que se deve dizer que essa cimeira Ibero Americana é um mito. Talvez criada pelo antigo colonizador para manter os "laços". Não se mantêm laços. A ideia é ter um pé dentro.
Não faz sentido sequer Portugal fazer parte de tal cimeira. Com todas as boas vontades que se arregimentem não faz sentido incluir esta cimeira na agenda dos governos peninsulares. A ideia de tirar proveitos entre ambas as partes (Ibéria por um lado, América Latina por outro) é um mito. Nenhuma delas vai deixar de defender o seu lado.

O Rei Juan Carlos, embora reagindo a quente, reagiu como o pai que admoesta o filho. Nem uma coisa nem outra. Ao lado Daniel Ortega deu o seu tempo de antena ao seu companheiro de equipa.

Agora a América Latina não é menor de idade. Os espanhóis deviam saber isso. Mas não. Nem Portugal, um outosider completo. Cavaco juntamente com Sócrates foi fazer relações públicas. Para isso está bem. Cruamente bem.

É para isso que serve esta cimeira. Para negócios. Mas aí há outras vias. No entanto, o lado ibérico tem interiorizada a ideia da sua superioridade. Completamente falso. Cavaco vai dizer que Portugal já não vende produtos de segunda linha (têxteis, calçado, etc...); antes está na vanguarda a produzir equipamento que incorpora tecnologia de ponta... Que Portugal tem uma grande fábrica de automóveis... Ingénuo. Os Americanos do Sul devem sorrir com estas informações em "primeira" mão. Estão fartos de saber desses dados. Mas enfim...

Depois, Cavaco fala com o Venezuelano sobre os nossos emigrantes naquele país, como se fosse possível travar os futuros desenvolvimentos políticos que poderão ocorrer indepentemente da dita conversa. Ingenuidade. Assim, o Rei Espanhol e o Presidente Português foram interpretar cenas patéticas. Como aquela da esposa do Presidente cavaco, Dona Maria José, a declamar poemas de Pablo Neruda, reclamando para si aquela costela de intelectual que tão bem lhe ficaria, não fosse o caso de a intenção ser por demais evidente forçada a martelo.

Acho que esta Cimeira Ibero- americana não faz sentido. Antes fizessem uma Cimeira Ibérica ou uma Cimeira Latino-americana, cada uma para seu lado.

Monday, November 5, 2007

Junta médica dá barraca

Dá vontade de rir ver a tal aleijada a ir para a Junta de Freguesia apresentar-se ao trabalho e ver as idiotas da terra a ir entregar-lhe flores como se ela fosse a festejante de qualquer evento.
O ministro das finanças veio logo a dizer que ela ia para casa. Pelo que se vê as dores dela são muitas. Mas atenção! É pelo que se vê. Estou de acordo. Ela está doente. Mas que raio, fazer disso espectáculo?
Depois apresenta-se no emprego para se sentar numa cadeira, receber flores e beijinhos. Talvez se ela se recusasse a apresentar ao serviço porque não podia mesmo seria mais corajoso da parte dela. Percebe-se: não quer perder o emprego. Ora, ela transformou uma questão grave em espectáculo. Querendo escarnecer a junta médica com essa cena talvez menorize a sua própria razão.