nervo
nervo
Por
José Manuel Dias de Melo
“this country is at war” In A Warzone (2013) (full album)
Transplants
A
1
Filho da mãe!
O livro fugiu.
Estranhas
Patranhas
Encripto
Abrupto.
2
Dois mil
Treze
Zero
Linha
Limbo
---------Mil e novecentos
--------e Trinta e quatro
Vidreiros
Marinheiros.
3
A praça antiga tinha reclames
antigos.
Não comprava nada
Não vendia nada
Não havia água
Não havia luz.
Não havia palavras amigáveis.
4
Chegava ao lugar porque não
sabia.
Tinha o governo cumprido.
Estava roído.
Estava roído, estava em nada.
B
1
Tinha de respeitar o luto
dignamente.
Num momento morria noutro deixava
as mágoas um dia.
Tinha ideias sombrias.
Tinha um fito.
Tinha o fio esticado.
Tinha a matéria crivada para além
do limite.
Ia para a terra dos mortos.
Tinha uma vara atravessada na
garganta.
Ia o barco funerário no rumo da
barca do inferno.
Queimava azeite na casa dos
mortos.
Estava em trânsito para os vivos.
2
Ia a zero.
O zero transformava o tudo em
nada.
Falava dos mortos contra o
silêncio.
Acusava-os pelo bem e pelo mal.
Tinha a consciência tranquila.
A culpa era dos mortos.
3
Tinha o costume artificial da
consciência.
Tinha o sangue na guelra à
mistura.
Tinha a matinal plateia o nariz
em bico.
Antevia o equilíbrio dali a um
ano.
(Vais passar para lá do poço),
Dizia o nome erecto e mantinha os
sentidos alerta.
Tinha um terreno com água.
Ia de cambalhota em cambalhota
sem uma dúvida.
Tinha a condescendência dos
prelectores.
Proferia palavras com muito
sentido de estado.
Entrava tão cansado em casa.
Revelava o negócio das preces.
Enveredava por um caminho
privilegiado.
Tinha o nome de barriga para o
ar.
Tinha o lugar prometido na mesa.
O lume aquecia os esqueletos
fechados à chave.
O desastre à volta era
incompreensível.
(Guarda aí o relatório dos enfermos)!
4
A montanha tinha nervos,
Tinha um olho de vidro,
Tinha um motor de rega,
Tinha a mania das alfaces.
Tinha a presidente ideias
infelizes.
Caía da montanha uma corda.
Havia imaculadas terras à volta
das ruínas.
Tinha amor de cadela brava
coração aos saltos.
Ouvia gritos no deserto.
Estava a corda da montanha cheia
de sangue.
Via os comboios de olhos
fechados.
Virava na esquina da véspera.
Havia terras baratas.
(Estou bem das artérias, meu rico
senhor).
Entrava a ventania nos gabinetes
sem nada.
Tinha de ir a condizer à sala dos
presidentes.
Havia a sala de duas portas e
outras cortadas.
Estava amarrado aos compromissos.
Tinha veias rasgadas.
O que havia a fazer estava feito.
5
(Bom dia!
Entra aqui primeiro em casa;
Olha para ti, que és dela;
Vai até à dispensa e trás o
nome).
Estava o corredor bem fechado.
Deslizavam cadáveres desmembrados
Nas águas amarelas das
ribanceiras.
Tinha a espada na mão no
cruzamento da assembleia.
Havia carris na escada rolante.
Era uma casa de vendidos.
Havia na forja vinte mil.
Estava debaixo da ponte.
Tinha o nariz afinado.
Tinha o número virado do avesso.
Via o outro no cimo da sala da
direita.
Tinha o outro da sala cê o ah e o
bê.
Tinha os dedos bem afinados.
Pegavam os escaravelhos nos
lacraus pelos cornos.
Tinha os beiços descaídos fora do
trabalho.
Tinha o olho noutro vazio.
Tinha o cheio um pouco de tudo.
Tinha de bater à janela.
(O que querem aqui)?
Tinha dois dias para tocar na
campainha.
(Depois de sair do quarto deixei
de pensar nela,
A presidente; ela esteve comigo
naquele belo dia,
Naquele quarto a dar para a rua
das flores).
------------------De verão, as
buganvílias.
6
Havia passageiros numa entrada.
Esperavam os outros para descer
as escadas.
Caía um pingo de chuva iminente.
Havia espetos nas guelras das
peixas.
Havia boletins na caixa das
esmolas.
Dava leite e latas de atum.
Havia apoiantes extravagantes.
Levavam os estrangeiros as
bebidas.
Subia cordas nos tempos livres.
Tamborilava uma tromba de água no
horizonte.
Tinha as mãos lavadas e os dentes
brancos.
Ia o rio encrespado contra as
amuras dos barcos ancorados.
Agarrava a corda da montanha.
Tinha os dedos bem arrochados.
Tinha uma serpente de ferro na
ponta da língua.
Tinha olhos de cão.
Descobria a sabedoria
secretamente.
(A palavra está assente em
escoras de madeira).
Tinha a mão presa na porta.
Ficava a casa no lugar mais
afastado.
Descia depressa e sem esforço.
Respeitava a origem da lua.
7
Estava no berço da morte com
vista para as galerias.
Tinha em conta o estanho e o
cobre,
Elementos essenciais.
A montanha serenamente…
Desmanchava o presunto.
Desmanchava os corpos das vacas.
Escoava o sangue num alguidar.
Mostrava o Homem Seco duas
estrelas na boca.
Irritava o estratagema.
Enviava o sangue para as
artérias.
Enviava as luzes para o centro da
terra.
Dizia treze ave-marias na casa
dos espanhóis.
Estava a montanha do sol na paz
do senhor.
Tinha o Homem Seco uma ideia
forte.
Intrigava a plebe.
Esperava os mortos nos espelhos.
Forjava as lanças de guerra na
escuridão.
Havia reunião entre o Homem Seco
e o especialista.
Tinha dentes enterrados na
cabeça.
Estava a beber uma chávena de
chá.
(Vamos falar de negócios),
Pedia a palavra o homem de pouca
fé,
Limpava os corpos nus nas mesas
do hospital, incredulamente.
8
Tinha o gosto amargo da morte.
Tinha o terreno limpo de silvas e
ervas daninhas.
Tinha o terreno aberto na cabeça.
Tinha a roupa rota.
Atirava pedras para cima das
escadas sob o efeito da música.
Descia as escadas uma voz muito
bem colocada.
Da outra banda da bancada e
debaixo das lâmpadas
Estavam lâminas de metal para
reflectir a luz.
Aventurava-se na galeria central
para uma esmola.
Pobres desgraçados.
Dava nome às coisas o maneta cor
de sapo.
Tinha a clarividência da mulher.
Estava a mulher muito em cima,
concentrada e respeitosa,
Tinha numa das mãos as terras e
na outra a alma do Senhor.
9
Tinha engolido uma cabra e
alfinetes.
Estava o extravagante condenado.
Ao contrário da estravagância
Tinha o Quebra-costas uma virtude
inultrapassável.
Abrigava a paisagem dos
estupores.
Entrava o ladrão de olhos
fechados.
Tinha oxigénio e água das
estrelas.
Tinha a escada o ás de espadas e
a rainha de copas.
O cancro afastava.
Tinha o guitarrista na ala
lateral
O ponto de equilíbrio no interior
das almas.
Estava nas escadas um degrau
acima.
Era do interesse geral aprender
chinês.
10
Estava barricado em casa.
Descia para a casa no meio da
praça.
Havia uma enorme cabeça de boi e
uma carcaça de elefante.
Tinha os beiços apertados pelo
frio.
Tinha os queixos na água.
Tinha os feixes de luz apontados
para diante.
Tinha o sangue da mãe nas
traseiras da casa.
Lançava a corda do alto da
montanha.
Voltavam os amantes a falar.
(Tem paciência, pega nas tuas
armas,
Mata-os a todos à canhonada).
Corria sangue e gritos.
Corria um homem agarrado a um
braço pendurado aos gritos.
Estava aterrorizado nas
escadarias da assembleia.
Atolava o medo o juízo.
Estava a estrela do mar na massa
virtual.
Pingava o nariz na direcção
errada.
(Olha os pés).
Naquele instante apareceu o tal
homem de braço pendurado.
(Estás a sangrar, deixa-me
fazer-te um garrote).
(Não há ambulâncias).
(Terminámos o sangue e pronto).
(Agora é aguentares a dor).
(Já te chamam a ambulância).
Tinha o dia outra vez forma.
Tinha o vento a verdade na
peugada das folhas
Das árvores viradas para a
montanha.
Fugir era a versão melhorada do
canibal.
Caíam peixes do céu no meio da
praça da assembleia.
Estavam os olhos das bestas mais
vesgos do que outrora.
11
Tinha carne no saco inerte.
Fugia para matar.
Era o pai outra voz.
Esguichava o sangue dum rato
banhudo.
Tinha as mãos cheias e o coração
nas mãos.
Havia canas da índia no quintal.
Tinha a carne bem limpa.
Tinha os calcanhares infectados.
(Põe-te na fila, espera que te
chamem).
Tinha um enredo muito original.
Tinha a voz retumbante atrás.
Empreendia a viagem para entrar
no corpo.
Caía água nas panelas.
Estavam as almas em casa.
Tinha o conhecimento do rio.
Tinha a obrigação de dizer aquilo
que queria.
Tinha os vinte e cinco
E mais atrás as vinte e sete
A formigar numa lata.
Tinha a vantagem de dizer
ave-maria.
Brilhavam os espelhos
vigorosamente.
Fechavam as portas das casas
E dos túmulos mínimamente.
Reforçavam os muros das cortadas
as luzes do rio.
Puxavam o muro para o lado de lá
do precipício.
Tinham os do lado de lá a
vantagem do conhecimento mútuo.
Tinham a vantagem de atravessar o
altíssimo muro.
Fugiam mil passageiros da montanha.
Havia latas de sardinhas em casa.
Deitava a muralha sombra temerosa
sobre os guerreiros.
Iam os ventos largos para o
oceano.
(Graças a deus).
Tinha o nariz a pingar.
Eram os mortos engolidos pela
água exorbitante.
Estava muito frio.
--------Nevava.
12
Colhia as tranças lá em baixo
porque estava mal.
Tinha luz no quarto da avenida.
Lavava o cão sem nenhum azar.
Havia olhos na retaguarda da
cidade.
Tinha três pedras ao entardecer.
(Velho! Velho participante, a tua
velha morre sozinha em casa).
Havia na montra duas pistolas na
garganta.
Estavam as gavetas vazias e os
frigoríficos limpos.
(Agora, amigo meu, estou a
prestar declarações à tv).
Tinha um cão à prova de bala e
dois guardas caracóis.
Farejava o cão raivoso as escadas
das galerias.
Tinha a bola de cristal virada
para o verão.
Trazia tranças na mão, três
caçadeiras e uma espada feroz.
Estava a casa vazia.
Tinha três anéis acerca de mês e
meio.
Era tarefa ruim e difícil.
Havia luzes ferozes nas pontas
dos olhos.
Havia vidros e flores.
Tinha de esperar pelo Homem Seco.
(Atira a pedra, atira).
Apanhava na cabeça.
(Bem via, estava lixado).
Carreira de fogo e estricnina.
13
Tinha a arma certa a morte
inteira.
Tinha a chama da intemporalidade.
Tinha feridas abertas.
Dava a mulher da assembleia uma
bela noite rasgada.
Alargava uma braçada para fora do
edifício.
Tinha a montanha no primeiro
momento
De manhã sumo de laranja,
presunto frito, torradas e café.
Estava na primeira fila.
Estava na frente de combate por
acordo mútuo.
(Era demais o que estavam a
fazer).
Deixava a roupa colada ao corpo.
Mandava ao rei as presas dos
leões-marinhos.
Era o tratado imutável.
Mostrava os portões para o
edifício dos entretenimentos.
Havia lugar disponível na praça
em frente das escadarias.
Tinha o coração na estrada real
permanentemente à espera.
Adeu Brado entregava as cabeças
por estafeta na hora exacta.
Não era esse dia todo o inverno.
14
Era a melhor estação
propriamente.
Tinha o futuro debaixo do betão.
Adivinhava a alma do tempo.
Tremia de medo atrás do pano.
Tinha a paz na vertente norte.
Tinha cara de salpicão do lado do
avesso.
Tinha a conta para pagar.
Tinha o olho azarento.
Tinha tinta num minuto.
Lambia o sangue de inveja.
Estava refastelado no ombro de
Adeu Brado cinco dias.
Estava na curva da estrada.
Estava na margem protegida.
Usava grandes óculos dentro da
barreira para ver melhor.
Estava bem na gaiola.
Abria a torneira para vazar o
tanque.
Estava longe da casa para o
jantar das oito.
Pairavam dúvidas por força das
três gargantas.
Tinha de pagar as propinas às
nove da noite.
Tinha de sair mesmo.
Estava confortavelmente a ver as
cinco raparigas.
Tinha a última de tubarão da
meia-noite.
Os espanhóis davam razão dentro
de casa.
Comprava bandeiras da pátria.
Estava o bem-aventurado amarrado
às pernas
Na graça do Senhor.
15
Tinha cheiro de cavalo a sola do
sapato.
Havia papelinhos rasgados na
mesinha de cabeceira.
(Está feito o balanço).
Partiam tiros.
Estava alta a gadanha da morte,
Estava bem visível.
Decorria o torneio dos conjurados
da assembleia.
Estava o território virado para o
entardecer.
Comia os ovos das galinhas do
quintal da assembleia.
Tinha o orçamento as três
principais contas:
As guerreiras, as foleiras, as
armeiras.
Havia um titulado de bico fechado
e muita gratidão.
Estava o número máximo a muitos
anos luz.
Havia limão na fase habitual.
Tinha de repente as cinco
estrelas da tarde em cima dos paus.
Verificava Adeu Brado a capa do
orçamento três vezes.
Estava em terra de giestas, de
cabras e lobos.
Havia às vezes peixe para tubarões.
16
Tinha os olhos bem abertos.
Tinha um ritmo próprio de estrela
cadente.
Estavam os papéis azuis no mesmo
sítio em cima da mesa.
Chegava uma carta de longe,
Desciam as sobrantes as mil
linhas da montanha.
Disparavam as pedras da rua
possivelmente ao pôr-do-sol.
Havia violas e violinos.
Estava a cinco dias da noite.
Ia de chinelos.
Estava com o pai um dia depois da
morte.
Tinha uma flor roxa na
secretária.
Descia a mãe as escadinhas.
Tinha o nome bem apertado na
cabeça.
Tinha a espada um fio de sangue.
Tinha os cabelos brancos do pai.
Tinha a camisa rasgada apenas com
os dedos.
Era verão.
(Ah, bem)!
Estava o candeeiro apagado por
dentro da janela.
Descia a muralha da assembleia.
(Vão todos morrer).
Havia pedras secas contra as
muralhas.
Tinha o pai a aparência do
oceano.
Estava morto no espelho do muro.
17
Subia as escadas do sol.
Corria água dolorosa.
Tinha esmolas na prateleira.
Tinha as persianas fechadas.
Tinha uma rodada extra de café.
Atravessava o muro vários pontos
críticos da assembleia.
Tinha riscos às nove horas.
Tinha as garras no sítio crítico.
O fogo era atiçado perto dos
ossos.
Tinha a garganta afiada na ponta
de um osso.
Tinha as garras partidas na
carne.
Havia o efeito da luz sobre os
cães,
Os brócolos e as batatas cozidas,
Os alfinetes, os peixes e as
éguas.
Havia canadas cheias de funcho.
Brincavam as almas ao fim do dia.
Tinham os assassinos uma armadilha
mortífera.
(Vou-te ao focinho, cara de cão).
Pairava na praça o cheiro das
moscas.
Tinha sede.
Mastigavam carne trezentos
dentes.
Invernava para lá da montanha.
Os olhos espantavam a língua.
A luz abria uma brecha no mar.
18
Tinha os dentes presos na
garganta.
Tinha um dia contra o outro.
Percebia o juiz a presidente.
Tinha os parentes a pensar nisso.
Estava o pai no caminho dele,
Estava ferido na barraca, deitado
no chão de laje.
Tinha lombrigas o parente
infeliz.
Tinha o juiz treze horas para
encontrar a saída do sono.
Abria o pai os buracos da vala.
Havia intervalos de vinte e duas
horas.
Era vertical o muro das gravatas.
Tinha os ferrolhos no trinco,
Terreno para vender na praça.
Havia armadilhas à luz do dia.
O velho tomava ar.
Acabava a última gota de água.
Força de guerra e peixe.
Tinha o coração da guerra.
Tinha a luz feroz em cima da
cabeça.
Branco e negro forjado.
19
Estava dias inteiros na esquina
guarani.
Entranhava o frio o muro negro.
Estava a terra molhada.
Tinha festa dois dias.
Estava a cena vermelha.
Tinha o emprego na praça.
Tinha um ponto bem distante.
Subia as escadas para vender
grandes valores.
Tinha os dedos entalados na porta
estrondosamente.
Tinha de avisar os presentes
urgentemente.
Tinha de chegar à montanha das
cordas.
Lavava os copos.
Lavava os copos e as chávenas.
Lavava o prato da sopa e depois
descansava um pouco.
Arrebentavam os canhões
estrondosamente.
Estavam as barcas à venda.
Tinha os dados bem lançados na
praça.
Tinha o cheiro da pimenta
preferência.
Tinha brilhantes pensamentos de
cinco em cinco minutos,
Milímetros atrás da casa.
Havia sentinelas no cabo de cima
da escadaria.
Entrava na galeria dos cem.
Havia frescas do orvalho.
Dormia encostado onze dias.
Estava no fim do mundo.
Tinha as calças rotas numa caixa
de ferro.
20
Partia da luz a mais fina
memória.
Tinha a consciência da luz.
(Não chores).
Descia a doença para o dia.
Um nervo transgredia o cérebro.
Tinha as mãos numa azinheira.
Tinha vinagre para os
impacientes.
Dava o juiz esforçado paletes de
processos,
Descia a certeza dum degrau,
Tinha as melhores maçãs para
oferecer,
Apanhava as cordas de madeira
envernizada.
Variava o mês na entrada de
Janeiro.
Morria lentamente a mulher
extravagante,
Tinha na mesinha de cabeceira o
cheiro dos remédios,
Tinha duas lâminas no lábio
interior,
Tinha atenuantes formas de
mostrar.
(Eles trazem maçãs frescas para
os nervos).
Entregava a cada um dos cem
funcionários o nervo ardente.
Aplicava as agravantes segundo o
regulamento interno.
Descia a fila indiferente as
escadas da assembleia.
Desviava o rumo da água da
montanha.
O sol aquecia o muro de cimento e
aço.
Tinha o terreno limpo como
antigamente.
Havia redemoinhos de palavras.
Havia tufos de ervas nos
edifícios laterais e nas galerias centrais.
Estavam os passantes em grande
delírio.
Estava o juiz desembargador na
balança do rei,
Pesava blocos de cimento para o
muro,
Tinha lavado os dentes
antecipadamente,
Tinha o medo às costas,
Tinha as espadas bem apuradas,
Tinha o muro de fora à venda,
Tirava de lá as madrugadas,
Espremia as baratas debaixo dos
pés.
Havia uma grande algazarra na
assembleia.
Esticavam os braços os tubarões.
Tirava os peixes mortos da lama.
(O que é que fazes hoje com os
teus sapatos de couro)?
Tratava as formigas com óleo de
fígado de bacalhau.
Havia na manhã seguinte uma
prancha de ferro com umas rodas apropriadas.
21
Tinha o braço no ar armado.
Havia trinta fileiras na
montanha.
Tinha vinho e água, ouvidos e
mãos.
Tinha vinte e cinco palavras para
dizer.
Tinha sementes no frio.
Distribuía casas na praça.
Havia galos e galinhas para dar
de comer.
Tinha a navalha aberta.
(Ah! Desgraçado)!
Havia espécies ultramarinas no
prédio vertical.
Tinha a mão na porta para entrar.
Voavam espadas à velocidade de raios.
Estavam as folhas arrumadas,
alisadas, amarradas, furadas.
Havia leões e raposas nas rodas
dos aviões.
Tinham os narizes espetados para
o ar.
Estava o ferro em brasa na forja
do ferreiro.
Era um espeto do inferno.
(Sua bênção, senhor, meu pai).
Estava muitas vezes aberto à
facada.
Aliviava o nervosismo pitada de
pimenta.
Descia a escada da ilusão.
22
Tinham as cabeleiras artesanais
fios de cobre.
Esperam as mulheres na porta
superior.
Estava a presidente na arena,
Dava dois tiros na sala
adjacente.
Era visível o grupo de pedras na
pedra do degrau,
O bico do fogão, águas paradas, o
isqueiro.
(Senhor, ainda não é hora de
tomar chá).
Mudava a letra do papel.
Calcorreava as folhas com muita
atenção.
Andava de lápis a apontar com a
devida vénia.
Enviava papéis à ordem do juiz
desembargador.
Havia olhos de vidro e fresca
água,
-----Espelhos e facas.
Tinham os miolos de fora as casas
da praça.
(Casas sim, barracas não).
(A nossa mão depois do muro).
Tinha ao longe a casa da
montanha.
Tinha as encomendas numas caixas
de papelão.
Pegava fogo às encomendas.
(O mês de Março trás mortalhas).
Tinha um nervo torcido,
Vinte martelos e duas chaves.
23
Tinha os números virados do
avesso.
Havia na estrada dois blocos de
pedra.
Apertava o vento debaixo das
escadas.
Rasgava o vento trinta redes.
Tinha o coração quebrado.
Tinha o casaco a meia haste.
Estava abaixo de cão.
Esperava dois dias.
Tinha as articulações muito
verdes.
Tinha o depósito cheio de água
Para limpar as janelas.
Tinha as ventoinhas bem oleadas.
Estavam as escadas no sítio
certo.
Tinha a espinha uma montanha de
moléculas.
Estava voltado de pernas para o
ar.
Estavam as lâmpadas acesas na
hora do embate.
Estavam as linhas de comboio
ligadas ao país.
Tinha vinte cartas escritas.
Tinha a estrada duas caras,
Um olho de ferro, treze espadas e
vinte punhais.
Ia o depósito de água para as
escadas.
(Fique bem, senhor presidente).
Tinha o espanhol o espaço
primeiro.
(Boa viagem).
Cansado da luta nem olhava.
24
Batia o sol em minúscula parte da
gata.
Tinha as pernas de volta da alma.
(Ah! Dar os bigodes por penhor).
Estava o monte à venda.
Escapava à voz a montanha parida.
Era outra cidade e outra praça lá
nas rochas.
Era preciso a minha alma partir
para longe.
Tinha os dentes partidos,
Tinha a dúvida de boi pensante,
Estava na estrada das profecias.
(A escrita enviuvou).
(Na próxima não entras nesse
bar).
Tinha os nervos no horizonte,
Na ponta do lobo.
O pai estava num sítio especial.
O mar tinha ondas de oito e dez
metros.
Era o pai acalcado numa mesa de
pedra.
Tinha a montanha cordas vivas.
Estava o espelho entre as
janelas.
Estavam os montes à volta
cobertos de betão.
Estava orgulhoso da venda dos
cestos de palha.
(Bom dia, como vai)?
Nadavam peixes nas escadas.
25
Era o dia desmesurado.
Tinha a conta no forro interior.
Atravessava o viajante a
montanha.
(Bem-haja)!
Tinha o processo em andamento.
Corria água por canais especiais.
Tinha os ferros quentes.
Estava a cruz na sexta esquina.
Estava em casa.
Depenicava uma pomba e um corvo.
O corvo queria outra coisa.
Estava a cem metros,
A ver todas as práticas.
Estava o corvo no jardim a uma
distância conveniente.
Levantavam voo vinte pombas para
cima das árvores.
Era feia a gritaria,
Estava voltada ao sol.
(É muito vertical a tua razão).
Vinha o sol daquele ponto onde
estava o corvo esperto.
Havia pinheiros mansos plantados
nas escadas laterais.
Voavam as pombas para as árvores
atrás do refúgio
E o corvo ficava apertado contra
a parede.
Estranhava o degrau muitas mãos
cortadas.
(Não estás a ver muito bem como
as coisas vão ficar).
Tinha dentes escavados na terra
numa toca de bicho.
Tinha um ferrolho de cão.
26
Tinha os cornos inteiriçados na
toca do mafarrico.
Tinha o alcatraz as mãos dobradas
para cima.
Tinha a mulher as ventas
partidas.
Havia azuis negros na terra.
Havia pedras aparelhadas para
enterrar.
(Bons olhos a vejam, e boas
festas).
(Ali, caramba)!
Depois a chuva.
(Olha, a chuva)!
Estavam molhados os terrenos.
Estavam molhadas as roupas.
(Está frio).
Entrava frio em casa.
Estavam as persianas abertas.
Tinha as mãos abertas.
Havia força de gente debaixo das
arcadas.
Entrava água nos sapatos.
Abarrotava a secretária de
papéis.
Estavam os gatos muito bem
entretidos
Contra os ratos na madeira
carcomida.
Havia esqueletos e caveiras,
Cem funcionários,
Cem participantes.
Tinha um lápis na mão,
Uma dúzia de olhos,
Os espelhos entre as partes.
(Ninguém nos vê).
Tinha a voz azul.
27
Havia muita gente pendurada.
Tinha a espanhola cara de
parafuso,
Atirava pedras da calçada,
Tinha um gancho e esfolava caras,
Tinha os cães amarrados o dia
inteiro.
Havia a rubra montanha do
silêncio.
(Conheço teu pai).
Tinha a testemunha os cavos olhos
fora do nariz,
Ia para o guichet na outra ponta
do edifício,
Enchia treze dias de trabalho
consecutivos.
Estava o fundo do poço limpo das
correntes subterrâneas.
Havia uma pedra de gelo na porta
do corredor principal.
Tinha o coração em fogo.
Tinha a manga rasgada.
Tinha a bola de borracha.
Estava no calor do jogo de manhã
à noite.
Tinha a voz aparelhada.
Tinha uma porta para entrar.
(Temos duas secretárias para
alguém como ele).
Tinha dúvidas para explicar.
28
(A vergasta abate a dor).
Abria as olheiras para o emprego.
Tinha o coração em descanso.
Era útil o segundo da primeira
fila.
Estava a praça serena.
(Ora, vens ou não vens)?
Tinha uma genuína pele de
carneiro.
Era a voz da assembleia muito bem
apreciada.
Construía mais cinco galerias de
uma assentada.
Tinha disponibilidade para
vender.
Esperavam os juízes os currículos
para entregar.
Estava o nome pregado na placa de
bronze.
(São voluntários).
(Alguém faz ameaças).
29
(A aparatosa queda da árvore
velha).
Comia o gato a língua de um
nigromante.
Estava ali o vento entre a palha,
Estava ali a voz na corda bamba.
No fosso atrás do muro
Havia a corda da montanha e o
trono do par imperial.
Tinha os lábios em posição de
beicinho.
Tinha o gosto das groselhas e das
amoras silvestres.
Tinha o maçarico para romper o
aço.
Mostrava o nigromante o
espectáculo.
Tinha cinco caixas de licor.
Havia ali no alto uma casa
amarela.
Tinha os olhos na estrada
principal.
Havia vinte e sete olhos
espalhados pela praça.
Tinha os pêlos arrepiados.
Era duvidosa a melhor oferta.
Tinha a caixa embutido especial e
grandes molas.
Tinha os olhos injectados com
água do diabo.
Escavava o chão para tirar três
barras de ouro.
Era verão e os gatos estavam à
solta.
30
Rasgado na frente do silêncio
Foi o último castanheiro da
alameda vendido a estranhos.
Enchia a praça de gente depois da
chuva.
Andavam os cães às canelas das
pessoas.
Amainava o vento e o mar parecia
azeite,
Tão tolo de manso.
Era cada vez mais tarde o efeito
da água.
Não estava o frio programado.
Buscavam agasalhos.
Entrava o vento pelas gretas e o
gelo arrebentava as paredes.
Tinha o muro um aviso
impenetrável para defesa do terreno adjacente.
Vinha a tormenta do sul.
Havia olhos de bicho
Na floresta dos peixes e dos
bichos pau.
Ninguém emprestava trezentos.
Estava o nevoeiro despido.
Encontraram a árvore do feitiço.
Passava a onda de sangue por cima
do muro.
Atacavam as abelhas os
participantes da assembleia.
(Temos armas letais)!
Tinha o vizinho as solas rotas.
Caminhava pelo maciço central.
31
-------------Explodia a caldeira.
Tinha muita esperança.
Tinha a voz bem clara numa
estreita passagem.
Tinha o pai a última obrigação.
Estava na beira da cama.
Corria para o muro.
Descia do palco e entrava no
quarto.
Estava aferrolhado numa escada.
Esperava na galeria da frente.
Espreitava as gavetas do quarto.
(Pode voltar outro dia).
Tinha as despesas pagas.
No miolo do espelho
Havia muita vigilância.
Tinha despesa malina
O terceiro processo de encaixe.
Percorria os sete cantos da
estrada.
Estava fechada a porta do rio.
Havia a casa de refúgio.
Estavam os pacientes sem um cêntimo.
Estavam as escadas roídas.
Tinha as mãos cheias de terra
molhada.
Chegava à montanha.
32
Havia verdes amoras,
Lua de vinte e sete.
Estava a prisão aberta.
Caía água da chuva lá dentro.
Terminava a pedra do centro.
Descansava esforçadamente.
Voava um pássaro em contraluz.
Tinha elevadas notas nos degraus
da escada.
(Vou num pé e venho noutro).
Caía a chuva muito forte
Muito à frente da fila.
Era feio o tal buraco no tecto.
Somava o efeito do sofrimento.
Havia diferença numa pequena
cadeia de pequenas acções.
Deixava os pacientes.
Tinha notas de leitura coladas na
porta da frente.
Tinha a carreira das índias.
Tinha o coração nas mãos.
(Filhos, não esperem).
Espantava os pequenos falantes.
Centralizava os canais para
dentro.
33
--------------Eram vésperas.
Estava a diferença na ponta da
muralha.
Experimentava o coração
defeituoso.
Anunciava a esperança mínima.
Estava a muralha a treze palmos
do chão.
Estava o bloco de betão na
vertical.
Estava ao nascer do sol em frente
do portão.
Molhava os pés na muralha.
Tinha um forno mágico
Nas traseiras da assembleia.
Levava muitas pedras de cal viva.
Iam os mensageiros no carro de
fogo.
Derretia o ouro no meio dos
ladrilhos.
Tinha uma linha de pesca para
sentir abalos.
Tinha a voz da lua.
34
Cheirava o cachorro à porta.
Tinha pela frente muita tarde de
calor.
Jorrava fartura de água para a
rua.
Tinha de dizer alguma coisa aos
senhores depositantes.
Tinha as mãos numa verdadeira
tremura.
Havia ondas de cinco vagas no
verão.
Estava à meia-noite sentado na
estrada.
Mergulhava em águas profundas.
Esperava dias inteiros pela
ambulância.
Esperava as melhores notas de
dólar.
(O Senhor dê esperança aos
outros).
Tinha a cabeça dentro da carcaça.
Tinha seguro de estrada.
Esperava muitos meses no caminho.
Era a vitória total.
Ia naquela jangada de fumo.
Mostrava os passos técnicos.
Trazia a bandeira o paciente.
(Levamos as espinhas e as
melhores sementes).
Subia para a galeria.
Chegava a batalha ao fim.
35
Tinha a viseira abissal.
Tinha a enigmática hora.
Ela avisava ele.
Tinha ele uma casca na boca e um
açaimo de cão.
Tinha o destino dos livros.
Chegava o inverno e um grande
mistério divino.
Tinha água de canela e remédio de
urtigas.
Tinha o nosso menino rosto de
anjo.
Afastava a palavra do degrau.
Existiam cinco espanhóis por
causa do prejuízo.
Subia os degraus velozmente uma
leva de aprendizes,
Vinha um tipo atrás deles com mão
de ferro.
Tomava os medicamentos
correctamente.
Estavam felizmente todos de boa
saúde.
Oferecia a montanha metade do
preço.
Vendiam flores muito tempo.
Tinha a lástima do número.
(Estás assim porque não
percebeste nada).
Tinha a voz um valor residual.
36
Havia pingos maiores que pegadas.
Estava perdido o mais morto de
todos.
Descia a ventania as escadas.
Havia trezentos vigilantes nas
varandas.
(Desçam as escadas com as vossas
armas).
Tinha a escrevente rasgado os
volumes.
Assentava tijolos
irremediavelmente.
(Foram vocês)!
Era o vento manhoso muito
versátil.
Tinha a máquina das senhas.
(Entrem para dentro).
Deixava a casa o homem brioso.
Furava o meteoro a orelha.
Esfregava na cara o pó da sala.
Apanhava a doença das formigas.
Tinha uma pedra vermelha.
Tinha um pau de montar bichos.
(Sinto-me na corda bamba).
Tremelicavam os beiços.
Tinha cachos nas orelhas.
(Quem sois vós, almas do diabo)?
37
Desviava as vacas das vacarias.
Desviava os cavalos das
cavalariças.
Corria água pelas ladeiras até ao
rio.
Fechava o espaço para lá da
muralha.
Tinha os pés doridos.
Eram as cadeiras para uns.
Tinha ferro na terceira porta.
Tinha cinco canas.
Guardava as fronteiras.
Mordia as canelas o cão.
Tinha dentes limpos.
Mastigava pastilhas de hortelã.
Entrava uma guerra naquela casa.
Guardava a fonte cruzada.
Havia duas rosas no cemitério.
Descia a praça para ver as
mulheres.
Subia ao muro, atirava laranjas.
Tinha um pé partido.
Tinha os pés descalços.
(Perdi as botas).
Havia jacarés fora das balanças.
Tinha a roseira-fogo vinhas do
cão.
Era a madrugada prisioneira.
(Prova tu).
Vogava o balão sobre o gelo.
Caíam cordas pelas janelas.
Estava o verão estranhamente
parado.
Tinha as mãos no papel.
38
Corriam trinta na estrada cheia
de peixes-reis.
Havia caranguejos na margem da
ribeira.
Havia limão para os cabelos.
Havia uma árvore no fim da praça.
Estava o peso das rodas na
boleia.
Vigiava o caminho de cima do
muro.
Tinha a voz nas galegas.
Tinha a morta um número.
Tinha no peito uma bala.
Tinha lixo na estrada.
Vinham os peixes dos canaviais.
Tinha sangue na terceira veia.
Havia panelas de água a ferver.
Tinha uma aranha de peixes.
Tinha o espectro duas balas
diferentes.
Subia uma coluna de peixes.
Havia ventania no ar.
Tinha o pensamento em farrapos.
Tinha a última mancha de sangue.
Guardava caixas de peixe dentro
duma grade de ferro.
Havia um morto muito mal tratado
na estrada.
Estava encolhido como se tivesse
levado um pontapé na barriga.
Apodrecia ao sol.
O cheiro da morte fluía nas
plantas.
Atendia o telemóvel naquela hora
imperiosa.
Tinha mil navalhas contra.
Pousava o pé noutro degrau.
Havia ondas de pranto.
Tinha na rua aves de voo chão.
Iam almas.
39
Havia o todo e os outros.
Havia arpões no chão,
Clarões e três gatos.
Estava a filha de fora.
Estava o marido no andar.
Tinha os haveres todos.
Estava a velha no outro andar.
Estavam os quatro por piso.
(Fechem as janelas)!
Fazia o preço dos mortos.
Fazia sacríficos de dez dias.
Carregava o andor periclitante.
Ferviam panelas de sopa e água
salgada.
Tinha um prémio na estrada
principal.
Havia o monopólio da estrada.
Estava o morto escondido.
Existia o juiz principal cabeça
de martelo.
Calçava o general botas até ao
queixo.
Havia espingardas na parte de
cima do andor.
Tinha a dispensa vazia.
Havia espadas espetadas na mesa.
Fazia o juiz aquele papel,
Tinha o punhal e o fio-de-prumo.
Tinha dentes de leão.
Tinha laranjas de umbigo.
(Não te vás embora).
Estava defronte da porta.
Havia madeira do naufrágio.
40
Havia o torcedor de ossos.
Havia o dono da fornalha.
Tinha a muralha as trancas da
canalização geral.
Abria a porta eléctrica da câmara
espectral.
Tinha um emblema na janela do
primeiro andar.
Estava o espantalho no cinema de
animação.
Estava a montanha de pedra e cal.
Havia cimento e ferro na alma do
pai.
Estava a morta da estrada
enrolada sobre si mesma.
Tinha os pés descalços e as
roupas frescas.
Deixava a luz entrar nos anéis.
Havia uma dezena de lâminas na
rua.
Havia arte e pesca nas varandas.
Estava por dentro da janela.
Tinha a língua de cinco dedos.
Passava a muralha central.
Havia administrativos na sala de
espera.
Estava a morta ao alcance de
qualquer um.
41
Tinha de ver as pás dos moinhos.
Tinha o mesário as costas
carregadas.
Aprendia na mira do espírito.
Descia o peso da montanha.
Tinha um peso duvidoso.
Estava na frente marinha.
Tinha os desvelos do pai.
Estavam os cães raivosos na praça
maior.
Era tarde de verão.
Tinha uma nódoa negra.
Saía para a estrada.
Montava um carro de madeira,
Tinha trinta caixas de esferas.
(Um dia não posso e tudo tem de
virar para ali).
Tinha a criatura dentes de
carneiro.
Tirava as cortinas roxas das
janelas.
Acrescentava peso ao valor.
Espetava a unha.
Havia ouriços-do-mar em terra.
Havia vinte e três varas no ponto
de passagem.
42
Tinha música no centro da pedra.
Caía sombra dos ramos das
árvores,
Havia amoras maduras.
Estava o mito numa gaiola de
pássaro.
Estavam os passageiros
quilómetros à frente.
Estava a branca em casa.
Tinha retractos escondidos.
Tinha a dúvida da lua.
Pagava multas.
(Matai gatos e cães)!
Dividia a terça e a quarta.
Tinha gelo à volta da garganta.
Comia o macaco a tangerina.
Levava a macaca o bebé agarrado à
barriga.
Tinha o lenço branco na sala
secreta.
Estava o expectante na escada de
fora.
Havia água e esqueletos nos
túneis.
Havia velório do morto e da
morta.
Havia o brilho da madeira.
Havia flores raras.
Era na primavera.
Dava um pequeno passo no degrau.
Tinha serpentes no vaso.
Tinha fósforo para queimar.
Amarrava a vaca à estaca.
Pagava a multa do precipício.
43
Bebia água contra o céu-da-boca.
Caía chuva no precipício.
Tinha Abreu Lima ferros nas
janelas.
Havia rosas de amor distante.
Tinha balanças de pesar contas na
segunda fila.
(É verde! Senão, é rosa).
Atirava a chave janela fora.
Era vinagre meio campo.
Tinha a roupa em cima da cómoda.
Havia luz no perímetro da janela.
Deixava o brilho da muralha.
Comiam os cães sem ressentimentos
Estava abraçado à alma.
44
Tinha as cartas na mesa
Fora as que esperava.
Virava para o estremo.
Guardava a mesa do espelho.
Estava melhor no muro.
Tinha um sinal de morte
Na testa e na língua.
Ia para o balcão de cima.
Ia para o andar de cima.
Passava na forja.
Ia em trânsito para a galeria.
Enviava cartas empinadas.
Acendia fogo na cama dos cem.
Tinha o arquitecto os pés
amarrados.
Tinha o coração numa bola de
sabão.
Dançava na varanda do prédio.
Somavam os vinte e cinco trinta e
sete.
(Agora é melhor).
Esticava um milímetro de nada
para atender.
Tinha o discurso quatro sinais.
Ouvia a chuva.
(Tenho uma bola de fogo).
Havia resmas de papéis.
Havia chapéus de feltro.
Havia laranjas fora do lume.
(Estás de fora)
Tinha os braços abertos no degrau
de cima.
Tinha ferros minimamente
diferentes.
(Desçam os pés).
Estava na galeria em fila
permanentemente.
(Amarrem mais forte).
Havia uma força constante para
alargar.
45
Estava o diabo morto no trapézio.
Tinha o cavalo sede na manobra do
voo.
Havia vidros partidos na beira da
estrada.
Trespassava a luz duas ruas e
dois quartos e rasgava o cerco.
Tinha o ladrão uma pinça nas ruas
da praça,
Caçava cavalos.
Tinha bolas de fumo para enervar.
Tinha cartas para levar.
Abatiam cinco presos.
Tinha uma mão atrás das costas.
Tinha peitos de ferro.
Tinha de estar em repouso.
(Trata disso com muito cuidado).
Estava o guardador de facas de
olhos fechados.
Tinha o coração na garganta.
Estava a serpente na borda da
estrada com uma sede terrível.
Havia um ponto espalmado na sala
grande.
Estava o ambiente vazio.
Estava pendurado na corda da
montanha.
Tinha o garajau na lata.
Estava o risco à frente do nariz
quatro palmos.
Tinha mil caras rancorosas.
Havia cordas da montanha para
prender eternamente.
Tinha vinho de arroz.
Estava na mira da muralha.
(Não podeis avançar sem pedir
licença).
Havia mil moinhos ao ritmo das estrelas.
46
(Ora, nessa arma não se põem
bombas).
Vinham as espadas daquele armeiro
à uma da tarde.
O taco de bola era uma mudada.
Apertava a garganta sem fôlego.
(Cabeça d’alho)!
Era no começo um rio anterior.
Mudavam os rios no verão.
Tinha uma peça na parede para uma
terra distante.
Tinha rancor.
Tinha a voz na estrada do norte.
Tinha os queixos partidos a
sangrar como um porco.
Tinha molas no nariz.
Estava o chão cheio de fezes de
cavalo.
Havia um boi de meia tonelada
muito valente.
Trancava bengalas nas janelas
todos os dias.
Tinha a espada dos mártires.
Macacos vorazes comiam bananas.
Havia na estrada da praça
Um cavalo com as patas partidas.
Ia para as montanhas geladas.
Levava mantas contra o frio.
47
Era a maneira umbilical da pedra.
Havia uma armadilha antes da
carta.
Tinha o rei nu a cara angustiada.
Aguardavam os parentes próximos.
Entregavam os velhos ao balcão.
Voltava a cadeira ao posto de
comando.
Havia antecedência na cadeira do
meio.
Fugiam os bem-aventurados sem
remorsos.
Tinha a circunferência partida.
Pendia a caveira duma janela em
bico
Na véspera de guerra.
Espevitava a chama com o coração.
Havia distância nos quadrantes.
(Ela deu a chave na mão).
Tinha a espada cruzada no peito
aberto.
Estava o último no corredor da
assembleia.
48
Tinha caixas de pontas para
esmagar.
(Os outros não chegaram).
Era urgente a missiva.
Tinha as páginas em versão
informática.
Vendia as quintas da montanha a
leste.
Esperava vitória no verão.
Emprestava algum de imediato.
Tinha as janelas abertas para
arejar.
Vinha muito frio de lá de fora.
Tremia de frio na beira da
estrada.
Levava o anjo bom a parte do
arcanjo.
Estavam os doentes nos
corredores,
Em camas muito limpas.
Precisava o coração de ar.
Tinha a navalha aberta para
cortar pele.
Tinha a centrifugadora de disparo
automático.
Tocava viola de olhos vermelhos.
Tinha os olhos na estrada.
(Vai para ali,
Como tens a montanha atrás de ti,
Traz também a muralha).
Tinha no escritório folhas
numeradas para conferir.
(De degrau em degrau avanço com a
espada).
Emprestava dinheiro a um terço da
razão.
Subia a escada de pedra,
A água refrescava.
Afrontava o diabo o número nove.
Encostava à parede.
49
Dava na cabeça o nome dela.
Havia telhas no campo principal.
Vazava uma torneira d’água
Na parte de cima da casa.
Estava uma laranja descascada no
chão.
Tinham os cinco arcanjos desenhos
equivalentes.
Tinha o príncipe dos anjos os
olhos na garganta.
(Ando farto da estrada).
Aquecia a casa na versão moderna.
Estavam os vinte deitados de
barriga para o ar.
Depenava galinhas nas horas vagas
Para a festa das vinte virtudes.
Estava a casa voltada para as
escadas.
Tinha os dentes nas janelas.
Levava a inveja a letra dourada.
Cumpria o verão o inverno.
Dava a luz fugaz calor em casa.
Tinham os anjos as suas
contendas.
Ia a cortada para a lateral.
Dava o bolo aos anjos e arcanjos.
(Providenciem)!
Tinha as ventas abertas para o ar
entrar.
50
Tinha o guerreiro as mãos
ocupadas.
Ouvia vinte vezes as mesmas
palavras.
(Empala o gajo na ponta dum
forcão)!
Tinha a presidente os dentes na
prancha de surf.
Tinha o boy o retracto no
cabeçalho.
Eram os prescientes os anjos.
Dava o risco direito.
Tinha água no risco.
Crescia na praça principal a
experiência dos galos.
Tinha duas orelhas de gato.
Tinha o corredor as janelas
abertas.
Tinha o vento encanado efeitos
estranhos.
Levava o aparelho lastimável.
(Temos cerca de mil).
Eram negros os tambores de pele
de cabra.
51
Estava um com o olho negro caído
à entrada da praça.
Havia pesar pelos mortos.
(Bom dia)!
Fritava o velho rissóis na
cozinha,
Tinha a faca apontada ao coração,
Tinha penas de avestruz no
chapéu.
Crescia uma vinha em cima da
muralha.
Amarravam na praça as cordas da
montanha.
Tinham os assassinos as gargantas
infectadas.
Brigava para ter o melhor lugar.
Contra os cem da galeria central
Chegavam os anjos nas asas de
grandes patos negros,
Aterravam na água parada dos
pântanos,
Vinham das quatro direcções do
inferno.
Fugiam as minhocas mensageiras
para os esconderijos.
Havia carapaus para as almas
penduradas.
Vendia relógios a preço chinês.
Tinha a tranca e a retranca a
subir para o verão.
(Vou por aí).
Havia inevitavelmente ácido no
café.
Tinha o carro muito longe.
Tinha azeite ideal para os mortos
abandonados nas estações.
Tinha a perna podre, o nariz e os
olhos comidos pelos cães.
Dava para a estrada a luz da
montanha.
Dava a ferrugem cabo do joelho.
Catava pulgas e cortava pescoços
de galos.
Dava esmolas para não gastar
tanta carne.
Fossavam os javalis nas terras estrumadas
fora da estrada.
52
Tinha um anjo a guitarra debaixo
da língua.
Tinha na mão menina as ruas
labregas.
Estavam os parasitas na segunda
parte.
Estava fresco e tinha os telhados
levantados.
Ia a cavalo na mesa de madeira
Menos o filho do malhão.
(Mãos para trás da cabeça)!
Esperava receber um cêntimo.
Havia por cima do degrau um
sinal.
Tinha muita barba rija dum dia
para o outro.
Tinha de ficar até ver.
(Não há mal nenhum).
Tinha a fechadura da porta cinco
estrelas.
Estava na fila de trânsito.
Estava na varanda da árvore.
Trazia o anel de juiz instrutor.
Estava o cavalo no atrelado.
Virava o coração para o lado.
Havia obras de arte na estrada
A um certo ritmo.
53
Havia fuga de cães na primavera.
Estava o arco de vimes à saída.
Tinha vantagem na segunda ou
sexta.
Tinha as mãos nos dentes.
Estava a montanha virada para o
percurso principal.
Tinha os dentes pregados.
Tinha a casa vermelha água de
amêndoas.
Prendia o queixo na água.
Os nervos amarravam as fontes.
Deitava sangue fora.
(Tens de ver).
Ia a paciência no comboio cheio
----------------de cheiro
nauseabundos e sujo de fezes humanas já seca, castanha.
Os nervos ------------- esterco
de gente no comboio, nalgum ponto cheio de palha e centos de mortos.
Estavam os mortos nus para chegar
a algum lugar.
Abriam as portas de barriga para
o ar.
(O que vês? O que ouves)?
Vinham eles a rir pelo passeio
soalheiro.
Havia quilos de cera para
queimar.
Saltavam os macacos na estrada.
Afocinhavam os javalis na terra.
54
Tinha laranjas para os
visitantes.
Tinha o comboio a tripla caverna.
Dava a lâmina a Abreu Lima.
(É melhor mandar vir as
revistas).
Tinha uma dúzia de dentes de
elefante.
(Metemo-los na camioneta e
descemos as escadas velozmente).
Estava de acordo e via a estrela
polar no cimo da escada.
(É tempo de resgatar).
(Não temos pão para o inverno).
Tinham as mulheres os joelhos
esfolados.
Virava para fora depois de
agosto.
Havia o costume do guichet.
Restava a chuva de marte.
Baixavam os queixos dos mortos os
babosos.
Secava bacalhau na rampa.
Estavam os motores a trabalhar
para partir.
Tinha o morto seco dois mamelões
na cabeça.
Fritava fatias de carne seca.
Nas intermináveis conversas era
não.
Pegava fogo aos lençóis.
Estavam laranjas na fruteira.
55
Estava à vontade.
Tinha duas esmeraldas no véu de
seda.
Cremava os cadáveres do combóio
pela razão da fé.
Tinha as orelhas molhadas.
Tinha o manto escuro para oferecer.
Tinha os destroços nas orelhas,
As trinta escadas da praça,
As vinte da assembleia.
Havia a escada de mármore da
montanha.
Andavam trinta dias num instante.
Estavam os prescientes em falta.
Tinha na sombra vinte cargas de
dinamite.
(Era melhor não estar a perder).
Chovia na cadeira.
Estava a perder o olfacto.
Tinha o morto orelhas de cavalo.
Tinha Abreu Lima uma faca
escondida.
Tinha a garganta separada.
Tinha o beijo da fé.
Ia no comboio o cheiro
clandestino.
Infectavam as fezes a fé.
Havia uma piscina de água quente
na praça.
Tinha as asas do sol ao nível do
comboio.
Tinha uma coleira atrás da porta.
56
Havia sopa de funcho no combóio.
Estava no caminho do cemitério.
Abria a porta de estar.
(Tenho de ir para aí).
Havia a quinta galeria.
Estavam os sobreviventes a um dia
dali.
(Fora do mar não há terra).
Tinha dor nos calcanhares.
Tinha uma grelha de ideias.
Tinha petróleo para vender.
Tinha as pernas partidas.
Havia sabonetes cheirosos fora da
área hospitalar.
Havia cadáveres limpos.
Havia cadeiras bem limpas nos
corredores.
Tinha os cabelos grisalhos e os
óculos de sol para vender.
57
Tinha a chave a sangrar.
Havia uvas a vender.
Tinha os olhos muito abertos.
Tinha os olhos meio apagados.
Havia dois luzeiros no meio da
colina.
Estava a cabeleira do juiz
pendurada.
(É um arrazoado de asneiras,
Troco o melhor por uma sela).
Havia baldes de água gelada.
Tinha sete mandatos em branco.
Bebia água de cana verde.
Estavam os elefantes fora das
borboletas.
Havia o centro nevrálgico da
muralha para o projector.
(Vão lá para cima).
Estava o zero muito limpo.
60
Tinha a pedra de casa pela
terceira vez.
Ganhava nome a substância da
pedra.
Havia rodas de ferro no jardim e
pombas na muralha.
Tinha canários nos dentes.
Tinha pão de aveia para os
cavalos.
Havia cadeiras emprestadas nas
galerias.
Uma era taré e outra tinha a mão
no pé.
(São as portadas do inferno).
Iam as gatas na parte de cima da
carruagem.
Tinha o cão os dentes partidos.
Estavam os cadáveres do comboio
muito secos para alugar.
Passava o cadáver dos espelhos
por uma porta.
Tinha um caranguejo para
espremer.
Havia a bela dona.
Tinha a prisoneira o número de
casa.
Separava os olhos da aparência.
Tinha o corpo fechado.
Era um monte de esterco.
Caía o gelo sobre as casas.
(Os prescientes estão mesmo
desconfortáveis).
Levava uma picada de abelha na
língua.
61
Apertava os parafusos da
carranca.
Havia a frente fria no jardim da
praça.
O degrau dava de si.
Era o embaixador Abreu Lima
omnipresente.
Tinha a corda pendurada na
vertente norte da montanha.
Havia milhares de bolas de prata.
Tinha balas contra na qualidade
de mirone.
Havia recolha de cadáveres na
rota segura.
O gelo serpenteava para lá da
estrada.
O gelo partia a parte de dentro
do portão estrondosamente.
Arrastava a onda monstruosa o
camião dos cadáveres.
Havia vinte cães raivosos no
rastro da carne.
Oprimia o vento por instantes.
Passava o ramal pelo gelo
principal.
Tinham as laranjas nomes
preciosos.
Era verão mas tudo era inverno.
Subia a montanha da lua.
Gelava a ventania os cabelos dos
mortos.
(Não tive as melhores notícias).
(Vejo como me choras, como me
procuras nos instantes possíveis).
Enviava para a carruagem as cinco
prendas devastadoras.
Ela tinha o coração gelado.
Tinha os dentes aferrados.
Saía o sangue dos mortos pela
porta lateral.
Partia a carruagem a qualquer
momento para a montanha.
Havia medronhos e morangos na
beira da estrada.
Havia uma parede de pedra no meio
da carruagem.
Tinham os ferros na cabeça o
cheiro de fezes secas.
Nem cheirava nem ouvia,
Pois era um de entre os mortos
que iam na carruagem em direcção a ela,
A morte.
Fundão, 24 de Fevereiro de 2013
Fundão, 17 de Junho de 2013
Fundão, 28 de Junho de 2013
Lisboa, 11 de Julho de 2013
Lisboa, 21 de Julho de 2013
Lisboa, 22 de Julho de 2013
Lisboa, 28 de Julho de 2013
Lisboa, 30 de Julho de 2013
Lisboa, 5 de Agosto de 2013