Friday, April 2, 2010

Almas benditas

Almas benditas, hoje vagueais por aí,
duma forma ou outra, descalças, no limbo,
a beira da terra, virada para outras terras
de prados verdes,
e mansos rios, e climas bons.
Olhai, corações! No fundo das vossas almas.
Ventos de fogo chegam.
E vejam lá, almas minhas!
Se respondeis ao vento que clama,
à tempestade que se aproxima.
Vede se sois puras chamas ou tendes lama em vossas alvas vestes.
Não fujais! Não descanseis!
Olha bem para ti, alma minha!
Se correres os caminhos não faças fitas,
não nomeies o nome de Deus em vão.

se não nos importamos

Se não nos importamos
com a derrocada,
então por hora fiquemos
a ver o filme. Há-de
chegar o momento,
próprio, a esquivar-se,
como água, para
não chegar. Está
intranquilo, esse
momento, porque, se não
é, tudo é, e, no
mesmo momento, a
derrocada vale o
ouro da ilusão.

a questão de hoje

A questão de hoje é a questão de amanhã,
com as questões a confundirem-se umas às outras.
Será depois a questã principal
envolvida em chocolate doce.
Boas questões elevam-se no ar.
Somente a morte se multiplica
pelos céus infinitos
na companhia do Nada.