Wednesday, June 25, 2008

umbrella

a casa abandonada

a casa abandonada
invadida pela grande tempestade
as inquilinas ameaçadas
deitam as flores
a ver se acalmam a desalmada

ela não desiste no seu chão

ela não desiste no seu chão aquecido
por esse sol inquietante
sabe os pormenores principais
talvez volte a nascer
doutra ranhura muita estreita
donde espreitará o mundo

baixa a guarda

baixa a guarda no preciso momento
em que a ave desistiu de voar
na zona abrangente os gritos
de nada serviram

no centro dela

no centro dela o ninho desenvolvido
deixou o centro do mundo
num instante nasceu

este calor devia ter vindo

este calor devia ter vindo há muito
desde sempre os passageiros transitam
e as algas desenvolvem a sua dança

todos os destinos têm neste caso
uma ponta de seta afiada
e nas transferências de sonhos
as almas vêem e ouvem

pinha deitada

pinha deitada apanha o calor
entre escamas e nuvens de algodão
onde descansa a cabeça

Monday, June 23, 2008

Doggie

Gardunha - rota dos castros... O de S. Braz


Palavras ocorrem-me: fogo; ambiente; sustentabilidade, mudanças climáticas. Depois, mais próximo, turismo, emprego, fome, bem-estar, futuro. E ainda mais próximo: Serra da Gardunha; Cova da Beira; Serra da Estrela. Pessoas,serras, rios, árvores

A cidade do Fundão, como quase todas as cidades, tem uma Câmara Municipal. E como todas as câmaras só pensa no bem-estar dos seus cidadãos, os seus munícipes. Claro, pensando no futuro, outra das tais palavras mágicas, traça planos; uns são de desenvolvimento, outros de prevenção contra fogos, por exemplo; outros de natureza cultural. Todos têm em comum uma coisa: o futuro. A tradução prática dessa planificação é expressa na contribuição de fundos da União. E aí está... Mas, aquilo que é fundamental, que é transformar as palavras em actos não existe. As palavras ficam ancoradas no papel, algumas timidamente saltam para fora. Palavras como rota dos castros; rota das cerejeiras; rota disto e daquilo. Uma das rotas francamente engraçada é a rota dos castros. Um dos castros é o de S. Braz. Fica na Gardunha. Há placas na cidade e arredores a indicar o caminho para lá chegar. Mas, como tal, a rota foi uma intenção apenas para se ver; não tem manutenção. Quem tencionar passar pelo castro de S. Braz, que não o conheça, fará dele uma imagem mais ou menos credível; com algumas pedras ancestrais, sabe-se lá; alguma vista de encher o olho. Não imaginará que se trata, neste momento, dum eirado cheio de giestas que não se distingue do mato em volta, com as vistas cortadas; as vistas que fariam perceber porque motivo tal castro se encontrava ali. Depois, se a essa pessoa se falar na Pedra d'Era como um miradouro espectacular e talvez como atalaia do castro, ela não irá compreender esse seu atributo quando lá chegar porque não se enquadra em nada, nem há placas; pontos de referência fundamentais duma estratégia de preservação do património que alguém com juízo devia cuidar com muito carinho. Mas o que há é depredação e abandono. O mato a cobrir os caminhos e a impedir a circulação. Depois se verá também o que se passa com o circuito de manutenção da Quinta do Convento, que o dito estranho imaginaria cuidado, limpo; em vez de ervaçal, as veredas transitáveis; em vez de lixeira onde pairam moscas peganhentas, limpeza saudável; em vez do equipamento vandalizado, os postes levantados. Não imaginaria também o visitante no estado em que está a vizinhança da Senhora do Miradouro, numa desolação total. Árvores foram cortadas deixando o terreno à volta com lenha cavalgada na encosta à espera de fogo. E as palavras, nesta proximidade, em pequenas coisas que poderiam ser feitas para conquistar o visitante, apenas o vão afastar, também ele desolado. E o lixo nas encostas, e entre os pinheiros à espera duma chama funesta, para o pouco que resta de mata se vá duma vez por todas... Seria uma rota interessante, a do castro de S. Braz, mas a verdade é que as autoridades responsáveis não pensam nestes pormenores, na manutenção daquilo que se criou. Foi criada uma rota... Pois que se mantenha essa rota. Foi construído um circuito de manutenção... Pois que se mantenha limpo. Mais cedo ou mais tarde terá freguesia, que agradece. Seja turista? melhor. Seja residente? muito bem. Ou, por outras palavras: não basta ser politicamente correcto, é preciso ir mais além. Transformar a teoria em prática.

Saturday, June 21, 2008

Wednesday, June 18, 2008

penhas da saúde - serra da estrela - meados de junho

Clicar em cima das imagens:













ela agasalha-se

ela agasalha-se no galho seco
sem saber os dias
do nascer ao pôr do sol

o galho seco muda de cor
de noite

a nascente
as estrelas
descrevem
um arco
diamantino

talvez se misturem

talvez se misturem com os medronheiros
e na estação dos fogos
ondas de verão

três ou quatro delas

três ou quatro delas
naquele canto
ao lado das acácias

alguém virá
talvez uma lâmina de fogo

enche a mão

enchem a mão
as rugas velhas
e aos poucos
a vida vai

ela abriu as suas asas

ela abriu as suas folhas de madeira
e adormeceu deitada na terra quente
até que um dia volte à árvore mãe

a pinha caída

a pinha caída à sombra

está na calma tarde

Monday, June 16, 2008

a dureza tem a aparência

a dureza tem a aparência
do vidro polido

rios de pedras
descem a serra

não é igual às outras

não é igual às outras
ainda que julguem
o lugar parado

há apenas
uma ideia
de fora para dentro

há tantas adormecidas

há tantas adormecidas
e depois rolam
dum lugar para o outro

se está perto da mão
ela aquece
e adormece

olhada de longe

olhada de longe
não tem qualquer
forma

mas alguém
dá um pontapé
fora de horas
e o segredo
surge

a pedra rugosa

a pedra rugosa
colhida do chão
revolvido

os eucaliptos
cortados
deitados
na terra

Saturday, June 14, 2008

hesita

hesita!
a faca hesita.
não a faca.
não qualquer faca.
a pistola.
um comprimido.
veneno.
uma corda.

a uma certa hora

a uma certa hora
não há tempo
não sei se vou
ou se fico
eternamente

a faca penetra na carne

a faca penetra na carne nua
com muita velocidade
a única capaz de fazer dobrar a cabeça

face ao chão os pingos de sangue
de repente tornam-se litros
derramados no lixo

digamos que beber

digamos que beber
o veneno da alma
dá trabalho a dobrar
sem que se acredite
na voz do lado

brincam às compras

brincam às compras
a gente grande
os sacos cheios de vento
e ao mesmo tempo
bebem sal com pimenta
das bombas de gasolina
ao preço da guerra

mais um nico de fome

mais um nico de fome
energética
voltaica

posto
que os vencimentos
são daqui
a pouco
na estrada da beira
os volantes
a um tempo
nas mãos
de Deus
nosso irmão

levas de moinhos

levas de moinhos
empoleirados
nas cumieiras das serras
em todos os instantes
alvoradas têm a presença
nas voltas das pás

no momento próprio

no momento próprio
muda a vontade
como as nuvens
que vagueiam
ao sabor
da natureza

de longe vem

de longe vem alguém
que não é

aquele que sou

Friday, June 13, 2008

My pant'ees in a bunch

a verdade desdobrada

a verdade desdobrada a viver perigosamente
os dias seguidos na mesma proporção
esquematicamente as palavras
constroem a direcção conveniente

Tiradentes estica o braço

Tiradentes estica o braço
para alcançar a mochila venenosa
automaticamente nasce um pé de cabra
quantos gravetos apanhados ao mesmo tempo?
apenas os destinos conhecidos
a passos largos da nascente

unhas a crescer

unhas a crescer no rosto da morte
a um tempo criado o veio de sangue
escreve as letras mais brancas
e todos a dormir lentamente

a linha vai desengonçada

a linha vai desengonçada entre pedras secas
de lã do rolo azul do mesmo que se viu
as grandes iluminadas foram de costas
e ao menos esconderam os olhos verdes

Thursday, June 12, 2008

Panda Cub run and play with Mommy

por esses dias errantes

por esses dias errantes os bois
nas vacarias tem mais dificuldade
em montar as vacas
porque estão presos às marcas de leite
por essa ocasião os donos
deixaram de produzir em menos de nada
e todos disseram desta maneira
não vamos lá
oh deuses daquele inferno
se dele houver notícia

alguém recorria

alguém recorria às lanças brancas
para cortar a carne fresca das baleias
na melhor vertente os passageiros
grandes e pequenos descansavam
o olhar no mar que corria fora da ilha

a distante

a distante ilumina
o espírito vigilante
com as mãos abertas

duma vez segue um rumo

duma vez segue um rumo invencível
noutra cai no esquecimento

seres conscientes

seres conscientes
numa alvorada
inconsciente

uma fervente

uma fervente
enrola
para o fundo
a distante

Thursday, June 5, 2008

Where in Heaven is Mozart?


CLICAR em:

YouTube - Where in Heaven is Mozart?



Added: February 14, 2008 (Less info)
This is our little "Mozart" and she is 18 months into a multi year, open ended trip around the world, that started when she was five. She started playing the violin at 23 months old, so we thought it would be fun to mark her unique odyssey by playing her violin around the world at key places.This is the first installment, with the most exciting moment being her concert in the Sahara. She rode in on a camel and played for 60 Berber kids that have no running water and have never seen a violin. The beauty that we are seeing and the kindness of people every where, makes this world seem like heaven. This experience has been a great gift to us and we would like to share some of it with you. Enjoy!For more information about our open ended family journey, living large on little with lots of how-to information on extended frugal travel, see our website:http://www.soultravelers3.com/

Wednesday, June 4, 2008

o pensamento direito

o pensamento direito
uma linha
uma coluna
que faz diferença
um esquadro
e a frente de combate
todos os olhos na estrada
uma de trás
e outra com os veios de sangue
na mesma idade já se iam todos
de linha aberta e de escopo na mão
mesmo assim comiam côdeas
uma de entre elas a mais desgraçada
numa árvore de lona a espingarda
roncos de touros e larvas de tubarões
lá vai o espírito de longa data
na mão uma arma de cartucho
na outra algibeira e pé de cabra

trezentos de uma assentada

trezentos de uma assentada
no espaço de cima
as montanhas
insolentes
na frente dos focinhos
dos cães a cheirar caça
perdigueiros
e rafeiros no piso
do shoping
a seguir

a ladeira com vista

a ladeira com vista para a cova da beira
uma coisa é certa ao longe
as casas o casario as cortinas de fogo
isoladas as estradas em continuidade
e os litros de água pura deitada fora
os mal vistos do costume ainda não fugiram
a mostra dos estorninhos e das bagaias ambulantes
quem morrer de overdose não
quem mostrar de cu pró ar não
então o morto que se acautele de pernas para o ar não
a ver se te afogo com os dedos empertigados
as unhas cor de cobre e beije na hora exacta dos acontecimentos
dura e mesquinha orelha de burro na terra migalha de pão
não durante os esforços não na hora de escolher
embora não o sim está a ver se aconselha o
biltre cor de merda e cão de malha atrasada

esforço na corda

esforço na corda
esforço na borda
esforço embora
nada agora

a confusão é grande

a confusão é grande.

ia dizer o seguinte:
pelo preocupação
pelo aperfeiçoamento técnico
de alguma arte
talvez a redenção

o tempo real

o tempo real
cansa

uma no laço
outra no regaço

Monday, June 2, 2008

Homem foguete, Usain Bolt, 100M World Record 9.72 !!!!



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este lugar não é mencionado

este lugar não é mencionado
nas cartas de navegação
nem é preciso
apenas fica aqui
no meu coração

no canto da canada

no canto da canada
passam os sonhos
todo o santo dia
desde a manhã solarenga
até à noite ventosa

canada dos ingleses

canada dos ingleses
a varanda para as terras
lá em baixo
a cidade

a bola bate na cara

a bola bate na cara
os óculos caem
volta a pôr os óculos
volta a jogar
vento
ao fundo
o mar de chumbo

caminho de terra

caminho de terra
paredes de pedra solta
funcho e vimes
sabugueiros e silvas
pasto e vacas

Sunday, June 1, 2008

eu desvio-me do essencial

eu desvio-me do essencial
a voz designa o estado do espírito
mas não tem de ser assim

à volta do mundo

à volta do mundo
todos os berlindes
rolam na estrada
desaparelhada

veias frias
e iluminadas
mercadorias

ao lado da furna
as altas aparelhagens
e as torres

na primeira abordagem

na primeira abordagem
não há esperança

depois se vê

crivadas de balas

crivadas de balas
as pedras derrubam
as águas devoradoras
e as lâminas

as brancas imagens das nuvens

as brancas imagens das nuvens
a flor murcha no vaso
em comemoração da Europa
azul e amarela
pintada ao mínimo
nas formas e nas ondas
frente de mês todas as horas