Monday, July 6, 2009

as solas deslizam

as solas deslizam na calçada do passeio
de pedras polidas todos os dias.

é preciso ter cuidado,
antecipadamente,
nas ladeiras.

a mentira, envenenada,
escorrega pela garganta.

a morte chega, mansamente,
nem se dá pela vida.

Friday, July 3, 2009

se olhamos não vemos

se olhamos não vemos os músculos do cérebro
perdemos ou ganhamos invisibilidade.

cada parte está molhada com urina de rato
na parte de trás as âncoras apodrecem.

não quero

não quero
lembrar-me
uma vez só
da bala cega

pequeninas coisas

pequeninas coisas
os mortos não sabem
são tão inocentes

graças

graças
de longe
no fundo
de estrelas
iluminadas
e frias
tão longe

mas se virmos bem

mas se virmos bem, a natureza
não sabe das novidades
e reclama o sangue da madrugada

tornados

tornados
e lamas
e ao outro dia
os homens
e os animais
perdidos
na frente

mau mau

mau mau
as cobras têm a fama
e as mortas
não deixam
nada