Wednesday, October 17, 2007

a política igualitária relativa


Fala-se que a política devia-se reformar porque a história tal como era está no fim, ou seja, se até aqui havia ideias para se transformar o mundo num mundo melhor, buscando novas formas de atingir esse objectivo com novos sistemas de governos, com novas estruturas espartilhadas por modelos ideológicos, como o socialismo e o comunismo, sendo este sistema tomado como o mais perfeito pois que se acabaria com exploração do homem pelo homem, e com o próprio sistema de classes; não haveria pobres; o estado asseguraria a sobrevivência condigna dos fracos da sociedade, etc., etc.; pois agora acabou esse sonho dum mundo melhor, essa utopia.

E o resultado foi chegar-se à conclusão que a coisa não dava, e esta imensa construção de engenharia social tinha, afinal, após décadas de vida, demonstrado que era um logro; não era possível: querer mudar de cima não é possível. E então voltou-se ao capitalismo.

Agora as pessoas concluíram que o capitalismo era o melhor, claro que envolto pelo "manto diáfano"(a) da democracia. E os capitalistas esfregaram as mãos de contentes. No fim de contas as ovelhas transviadas tinham voltado ao redil. "Agora é que é"! Pensaram eles: consumo para cima; direitos? Nada disso; não viram o que aconteceu no outro? Salários dignos? Nada disso; não viram o que é que aconteceu ao outro?

E assim esta vida levada com a convivência de um fantasma, o fantasma do socialismo por um lado; e o aperto e a chantagem do capitalismo, por outro (porque não há outro remédio, dizem as pessoas; não se pode sonhar, pensam as pessoas), trazem as pessoas em baixo, a levar cada uma delas a sua vida de consumo, apertada na carteira e sem esperança de um dia haver justiça, ao menos nesta terra.

Os políticos, ao fim e ao cabo, têm consciência deste problema, deste vazio de ideias, que as ideologias de esquerda traziam e preenchiam, e andam apardalados a prometer coisas triviais; não há rasgo. E não têm imaginação.

Na verdade, o PS é o mesmo que o PSD; O PC é o mesmo que o BE; O CDS é o mesmo que o PS e PSD. Há umas certas diferenças mas são apenas formais, nada de substancial. Por isso, resumindo, não sonhamos.

O Dr. Filipe Menezes apareceu como o terror das elites mas não é mais do que o senhor que se segue. As políticas decidem-se lá fora. As grandes linhas estão em Bruxelas. Em Lisboa precisa-se apenas dum cinzentão administrativo.

(a) Citação do Eça: manto diáfano da fantasia

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