Monday, June 23, 2008

Gardunha - rota dos castros... O de S. Braz


Palavras ocorrem-me: fogo; ambiente; sustentabilidade, mudanças climáticas. Depois, mais próximo, turismo, emprego, fome, bem-estar, futuro. E ainda mais próximo: Serra da Gardunha; Cova da Beira; Serra da Estrela. Pessoas,serras, rios, árvores

A cidade do Fundão, como quase todas as cidades, tem uma Câmara Municipal. E como todas as câmaras só pensa no bem-estar dos seus cidadãos, os seus munícipes. Claro, pensando no futuro, outra das tais palavras mágicas, traça planos; uns são de desenvolvimento, outros de prevenção contra fogos, por exemplo; outros de natureza cultural. Todos têm em comum uma coisa: o futuro. A tradução prática dessa planificação é expressa na contribuição de fundos da União. E aí está... Mas, aquilo que é fundamental, que é transformar as palavras em actos não existe. As palavras ficam ancoradas no papel, algumas timidamente saltam para fora. Palavras como rota dos castros; rota das cerejeiras; rota disto e daquilo. Uma das rotas francamente engraçada é a rota dos castros. Um dos castros é o de S. Braz. Fica na Gardunha. Há placas na cidade e arredores a indicar o caminho para lá chegar. Mas, como tal, a rota foi uma intenção apenas para se ver; não tem manutenção. Quem tencionar passar pelo castro de S. Braz, que não o conheça, fará dele uma imagem mais ou menos credível; com algumas pedras ancestrais, sabe-se lá; alguma vista de encher o olho. Não imaginará que se trata, neste momento, dum eirado cheio de giestas que não se distingue do mato em volta, com as vistas cortadas; as vistas que fariam perceber porque motivo tal castro se encontrava ali. Depois, se a essa pessoa se falar na Pedra d'Era como um miradouro espectacular e talvez como atalaia do castro, ela não irá compreender esse seu atributo quando lá chegar porque não se enquadra em nada, nem há placas; pontos de referência fundamentais duma estratégia de preservação do património que alguém com juízo devia cuidar com muito carinho. Mas o que há é depredação e abandono. O mato a cobrir os caminhos e a impedir a circulação. Depois se verá também o que se passa com o circuito de manutenção da Quinta do Convento, que o dito estranho imaginaria cuidado, limpo; em vez de ervaçal, as veredas transitáveis; em vez de lixeira onde pairam moscas peganhentas, limpeza saudável; em vez do equipamento vandalizado, os postes levantados. Não imaginaria também o visitante no estado em que está a vizinhança da Senhora do Miradouro, numa desolação total. Árvores foram cortadas deixando o terreno à volta com lenha cavalgada na encosta à espera de fogo. E as palavras, nesta proximidade, em pequenas coisas que poderiam ser feitas para conquistar o visitante, apenas o vão afastar, também ele desolado. E o lixo nas encostas, e entre os pinheiros à espera duma chama funesta, para o pouco que resta de mata se vá duma vez por todas... Seria uma rota interessante, a do castro de S. Braz, mas a verdade é que as autoridades responsáveis não pensam nestes pormenores, na manutenção daquilo que se criou. Foi criada uma rota... Pois que se mantenha essa rota. Foi construído um circuito de manutenção... Pois que se mantenha limpo. Mais cedo ou mais tarde terá freguesia, que agradece. Seja turista? melhor. Seja residente? muito bem. Ou, por outras palavras: não basta ser politicamente correcto, é preciso ir mais além. Transformar a teoria em prática.

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