Saturday, January 12, 2008

pés de barro - o caso BCP


O caso BCP tem despoletado na sociedade portuguesa uma espécie de vergonha que ninguém assume. As pessoas não estão bem em si. Como é possível ter acontecido uma monstruosa montra de enganos e falsidades, onde tem assentado a pretensa seriedade do mundo dos negócios.


Tem-se verificado que nesta rede de interesses em que a nossa sociedade está montada ninguém está escapando. O mais sisudo governador do Banco de Portugal, disfarçado de grande competência e profissionalismo afinal é apenas montra de ilusão. Todos os que, pregando moralidade nos negócios, estando atulhados de lama até ao pescoço, vêm solícitos dar entrevistas às televisões a justificar porque não fiscalizaram na devida altura ou se a fiscalização que fizeram foi apenas de faz de conta.


As coisas não teriam ido tão longe se não aparecesse o espalha brasas do Joe Berardo, diga o que se disser a verdade é que ele, apesar de não ser um santo, com certeza, pôs os pontos nos is. Está toda a gente atrapalhada. Como foi possível chegar-se a uma situação em que o maior Banco privado português, descobriu-se, tem vivido numa trapalhada ao longo da sua vida. Se fossemos mais atrás até se poderia eventualmente descobrir outras coisas. É uma questão pertinente face a estes desenvolvimentos. Afinal o crescimento desse Banco foi assente em quê?


Eis o grande drama. Os nossos heróis são heróis de pouco valor. O Engenheiro Jardim Gonçalves tinha a fama de grande Banqueiro; faziam dele um génio; foram- buscá-lo-a-Espanha-para-fundar-o-Banco-exemplar-moderno-etc.. E em que assentou afinal a sua inovação? Pelos vistos nada de novo aconteceu neste País.


Por outro lado, o Governador do BP também tem sido uma espécie de herói da economia, um guru, sempre que havia previsões e crescimento, ou cálculo de défice, lá se ia ouvir a opinião abalizada do homem. Agora percebe-se que há alguma coisa que falhou na engrenagem. Percebe-se que a competência que tem alardeado tanto não passa de propaganda; tudo tem assentado em imagem, longe do âmago.


Pés de barro, apenas isso?

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