Saturday, December 22, 2007

O caso MILLENIUM/BCP


Tem sido difícil a parição do caso BCP. Aliás, nem será caso. Palavras e palavras para entender operações financeiras que nem lembra ao Diabo. Ou nem tanto. A questão é muito semelhante ao que aconteceu com a privatização do BPSM. Na altura Champalimault comprou o Banco com um empréstimo do próprio Banco. Mas ninguém se escandalizou. Depois o Banco foi vendido e naturalmente que o empréstimo terá sido liquidado e as mais valias resultantes do diferencial entre o preço de venda e o valor do empréstimo reverteu para o "benemérito" empresário que fez o "favor" de dar brilho a um Banco estatal.

O que acontece com o BCP é algo semelhante. O BCP a precisar de capital lembra-se de abrir empresas off-shore e através delas vende/compra acções. Como? As empresas (que são o BCP encapotado) pedem empréstimos ao BCP e com eles compram acções do próprio Banco. Ou seja: o dinheiro emprestado pelo Banco volta a entrar sob a forma de dinheiro fresco. Nessas operações usam nomes de pessoas como testas de ferro e a esses são perdoados milhões. É claro que não são a eles que são perdoados; são ao próprio Banco. Uma confusão. No meio da confusão alguém lucrará.

Agora os administradores foram chamados à "polícia" (Entitade Reguladora) e começam a acusar-se uns aos outros, a dar um pobre espectáculo: "Não fui eu, foi o outro" ; "Não tive informação"; "Obedecia a ordens?" O aspecto circunspecto dos banqueiros esconde a lama lá por dentro. O Banco de Portugal e o seu consensual presidente Victor Constâncio só agora acordou. Em 2004 já tinha sido levantada a borbulha, mas como tinha sido muito timidamente, o tímido Constâncio mandou para trás o Processo. Só que agora apareceu um Joe Berardo espalha brasas, que tem posto a ferro e fogo esse mundo silencioso e hipócrita dos banqueiros do BCP. E chega-se à triste conclusão, que um Banco que tinha sido gabado ao longo destes anos todos, até foi um study case em universidades, não passará duma simples Instituição que tem vingado muito à custa de cosmética e de certa maneira dum ar de modernidade que quis dar à sua marca. Na minha opinião, oxalá que o BCP sobreviva a esta grave crise e que seja na realidade o Banco que parece ser: uma Instituição forte e credível.

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