Wednesday, April 2, 2008

Malcolm Lowry - Nocturno

NOCTURNO

Neste anoitecer Vénus aparece sozinha
E no caminho de casa as penas são como seda
Como a túnica de um múltiplo fantasma
Como asas despedaçadas num céu de leite.
Em breve as gaivotas transformar-se-ão na pedra
Que procurei e perdi além, na senda dos
Bosques onde eu e a minha ignorância
Caminhámos juntos sobre as mãos e os joelhos
E juntos continuamos a caminhar sob a palidez
De um belo anoitecer muito amado,
Mas este anoitecer é a minha prisão
E os polícias brilham entre as árvores.


Malcolm Lowry

(Poema do livro de Malcolm Lowry, As Cantinas e Outros Poemas do Álcool e do Mar. Selecção e tradução: José Agostinho Baptista. Editora: Assírio & Alvim.)

No comments: