Friday, July 13, 2007

Inconsistência ideológica


As eleições para a Câmara de Lisboa revelam a fragilidade das ideologias. Há uma data de partidos na corrida. Dois deles estão fraccionados. Helena Roseta do PS e Carmona Rodrigues do PSD. O PCP tem o pouco convicto Ruben de Carvalho. O BE, o D. Quixote da cidade, Sá Fernandes. O CDS, o bem falante Telmo Monteiro. O truculento Garcia Pereira, relíquia do MRPP. Dos outros, peço desculpa, mas não sei os nomes.

Cada um tem o seu programa. Na verdade, cada um tem o programa que acha que é o melhor para a cidade. Na realidade, podia-se juntar todos, e arranjar um programa único, uma vez que em todos eles há ideias que se repetem nos outros. O único que não é politicamente correcto é o daquele senhor de pêra, que, me desculpe, neste momento não me lembro do seu nome, o qual defende uma politica contra os imigrantes que têm vindo para cá trabalhar. O homem é da ultra direita, mas pretende dar um ar desprendido, sabe-se lá se duma direita soft ou duma esquerda hard. De resto, todos os outros têm defendido, duma maneira ou doutra, politicas sociais semelhantes entre si, diferentes da desse senhor.

Helena Roseta tenta criar um ar de originalidade mas em vão. Carmona Rodrigues dividiu mais do que o previsto o PSD. Não há consistência ideológica no seio do PSD. Aliás, como no PS também. Mas no PSD é avassaladora a falta de consistência ideológica. É um caldeirão onde cabe tudo.

O BE anda a pairar desconcertado, à parte algumas bandeiras, não tem tido assunto. O MRPP é o mesmo, a passear de autocarro, a mostrar muita preocupação, mas no fundo o que está a fazer é a cumprir calendário, a mostrar que ainda existe, e pouco mais.

Quanto ao CDS, esforça-se bastante, vai a todas: tira a gravata se for preciso para limpar paredes com as próprias mãos, dando numa de proletra.

Claro que no contexto actual eleições para câmaras tendem a ter um cariz menos politizado. É o que se diz. Contudo, não é verdade que a politica tem a ver com o governo da cidade, da polis? Sendo assim, porque é que nos têm dado a ideia contrária, de que eleições para câmaras são de grau inferior em relação às eleições nacionais? Penso que há uma lógica nisso. Tem a ver com o principio do Estado, segundo o qual só há política verdadeiramente no seu seio. Assim, a política, o governo da polis, só pode estar no Terreiro do Paço.

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