Vivemos num mundo cada vez mais Kafkiano. O professor com cancro na garganta foi mandado para o trabalho já quase morto. Ping-pong dum lado para o outro nas responsabilidades.
As comissões é que têm culpa? Os médicos é que têm culpa? Este e aquele é que tem culpa?
O doente escreve desesperado a perguntar se não será, o indeferimento, lapso da secretaria. Não senhor! A coisa não tinha erro nenhum. Despacho correcto. Blá, blá, blá.
Depois o homem morre, e eles mais blá, blá, blá.
Cabeças não caem porque a máquina é que engendrou o despacho de indeferimento. A máquina da administração não tem rosto. Agora, o primeiro ministro vem com falinhas mansas explicar que ficou chocado com o acontecimento. Não podia fazer outra coisa, claro. Tinha que ser politicamente correcto. Agora vão criar novas regras. Blá, blá, blá.
De quem é a responsabilidade? Não há. Porque é uma questão de papeis, de processos, de cartas para aqui, cartas para ali. Pastas e pastas de papelada, pareceres deste e daquele.
Máquina impessoal e cega.
Tuesday, July 10, 2007
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment