Friday, July 6, 2007

ZITA SEABRA

Não querendo ser parcial, vai-me o pensamento para ideias pre-concebidas, como sejam as dos velhos partidos comunistas, eivadas de razões esquemáticas, conceitas, "linhas", uma argumentação que ainda hoje faz parte da matriz do pensamento dos seus intelectuais, aliás, única justificação da sua fé.
Ideias, conceitos, tácticas, estratégias dum mundo que já não é o nosso. Se há ricos e pobres? Há. Se há exploração capitalista? Há. Se há classes? Claro que há? Então o que foi que se alterou? Ou o que foi que não se alterou? Não sei responder a isso, apenas sei que o espírito de religião dos PCs não colhe, quando se sabe que calha melhor aos profetas de barbas e turbante.
Se bem que as coisas se tenham alterado, penso que apenas superfercialmente. Aliás, acho que é um pouco como a igreja. Ela adapta-se aos tempos, mas na substância mantem-se a mesma.
Acho que isso tem um pouco a ver com Zita Seabra e com muitos outros que entraram em rotura com o PC. Chegaram à conclusão, depois de muita penitência, que não eram monges, e para religião bastava a outra. Claro que não será apenas isso. Mas, de alguma forma, esse é um grande motivo. Acho também que essa rotura é transverssal a todas as classes que povoam o PC.
Agora, na verdade, parece que ela foi uma mulher corajosa. E isso é de aplaudir. Quando se recusa a carneirice e dá-se um passo irrevogável é de respeitar. A coragem tem muitas vias.
Tudo isso a propósito do livro que Zita Seabra escreveu sobre a sua vida. Vou lê-lo. Também para perceber o grande escritor checo que foi Kafka.

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