Thursday, September 26, 2013

texto nº 7 - dos efeitos das marés nos cabelos das árvores








texto nº 7

dos efeitos das marés nos cabelos das árvores



Cena
33) Do quarto virado para o corredor fechado com a luz nos dentes para a praça Zuleica. Eu percebi porque o vento se amainava e as horas também chegavam ao fim

-- Vai-te mas é lixar.
-- Com quantas palavras disser.
-- O ar que respiro miúdo.
-- Na frente da garagem onde as portas são pequenas por natureza.
-- Não há árvores.
-- Só depois dos pratos bem colocados é que se espera um pouco mais.
-- Só um instante.
-- O povoado a ver-se daqui distante.
-- A freguesia aninhada na costa.
-- A lombada da ilha a dormir eterna de longe.
-- A calmaria à espreita.
-- Para te pregar o calote.
-- A seguir aos pratos o pão às fatias pequenas.
-- Os pacotinhos de manteiga.
-- As azeitonas.
-- O pratinho.
-- O pacotinho da pasta de atum.
-- O pacotinho do queijo fundido.
-- E um jarro de água.
-- Depois tenho que ler o jornal.
-- Estou-me arrasando todo duma ponta à outra.
-- Não
-- Por uma espreitadela mais audaz.
-- Não tem de ser assim.
-- A toalha de papel tem de ser.
-- Os outros pratos são retirados.
-- Depois começa a dança da prosa.
-- Os cornos das vacas na beira do pinhal.
-- És tu com o fito na casa.
-- É claro que não sou eu.
-- Estás na beira da cena
-- O pinhal é mais além.
-- Ah, sim.
-- O pinhal do bairro.
-- A virar para a terra.
-- Não há terra nenhuma aí.
-- Há um jardim mais acima.
-- Com umas árvores tropicais.
-- Lá fora há pedra de calçada.
-- Há uns pátios.
-- Umas escadas de madeira.
-- Que te levam ao andar onde estás mais o galego.
-- É verdade, já me esquecia disso.
-- E do catarrão todos os dias de manhã numa corrida contra a soneira.
-- A ver se chega às pedras próximas.
-- Eu sei que sempre assim foi.
-- Assim será mais dia, menos dia.
-- Breve história corrida distintamente.
-- Não sabes como pode ser.
-- Não é por aí.
-- Essas casas viradas para a Calçada são do padroeiro São Vicente de Fora.
-- Sabem todos como deixar o rastro.
-- Não sei.
-- Só me vejo neste Centro de Dia.
-- Com os pés pelados à espera.
-- Para me deitar.
-- Eu deixei de ver bem.
-- Distingo por lembranças de cheiros.
-- E sonhos.
-- E sons.
-- As palavras não me interessam muito.
-- Dá para a frente da Calçada.
-- Esta sala nestes pequenos minutos está pelada de demónios.
-- Não estás a ver como é.
-- Ora essa.
-- Com os demais não se brinca.
Ainda na carreira especial, já todos os cercos têm de ser contados, a uma hora conveniente; e é preciso entender as características de cada um, à espera de ver a luz do dia.
-- Não será o primeiro a pedir outra vez.
-- Não uma luz do sol aberto.
-- Já precisa.
-- Não tanto como se previa.
-- Mas ao menos as agulhas.
-- Picadas na carne fresca.
-- Nas virilhas.
-- Nas unhas sujas dos milhares que me azucrinam os ouvidos.
Não tanto pelas paredes das ruas, por onde ando às vezes, a gingar, com os olhos postos no chão, como um cão a cheirar os palmos dados no nariz, na frente; mas a pedra que de repente; e o sangue também na hora certa.
-- Todos a um tempo.
-- Ou a dois.
-- Não mais do que isso.
-- Nave da cruz.
-- Espera a pronta invernia.
E a mente perde a razão, mas é agora, a um segundo, na frente da casa do quarto, virado para o corredor fechado, com a luz nos dentes.
-- Ainda os vendes.
-- Não.
-- Olha, vai-te embora.
-- Pois.
-- Mas eu digo-te.
-- Eu vou chegar lá acima.
-- Vender o meu dinheiro a bom retorno.
-- Dos mais abrangentes.
-- Com isso tudo virá do cimo da terra.
-- Com os benefícios maiores.
Já pode uma palavra virar o mundo com um espelho contra o sol reflexo no mar, nas próximas palavras dadas a todos da varanda, com o meu papel de guardanapo a um dedo de distância.
-- Somente agora se percebe esta sala de igreja.
-- Nessa primeira abordagem é uma vulgar sala.
-- Só a seguir eu percebo que é uma sala de igreja.
-- De jantar não é bem.
-- Mas comer dá para celebrar.
-- Comer é o mais sagrado dos rituais, digo-te com as minhas palavras.
-- Eu estou à espera de meus pais.
-- E de meus irmãos.
-- Para virem comer comigo.
-- Vou oferecer-lhes hoje o jantar.
-- Eu estou à espera.
-- Espero que esteja à espera.
-- Não pode ser um programa.
-- Mas era o que gostaria de ser.
Que viessem ter comigo, todos, e em vez destes comensais, iguais de rostos e interesses, talvez deixar cruzar os braços; e estes aqui de fatos azuis e compostos.
-- Mas não num dia.
-- Mas através dos dias avarentos.
-- Esses que se fecham.
-- Sem contarem com as palavras dos milhares da Calçada encarreirados para o Poço.
-- Uma coisa que tem de se resolver com eficiência.
-- Como é?
-- Eu digo,
-- Telefona.
Ao meu lado ele telefona.
-- Sim.
-- Devemos ter uma política para os desprotegidos.
-- (Depois o que é que ele diz mais)? -- Eu pergunto.
Mas ao meu lado cala-se numa escuridão.
-- Estava a ver que não dizias nada.
-- Não posso.
-- A política de contenção aguarda os desprotegidos.
-- Não é por essa forma.
-- É por cima dos cadáveres.
-- Ora essa.
-- Isso é tratado para impressionar.
-- Não é.
-- Como podes comer se não tens comida?
-- É só morrer.
É tudo a ir para o mar, do cimo da terra, onde as pernas partidas e os esqueletos das moscas foram aqueles que agora vejo na minha frente - os esqueletos.
Mas eu digo à Gracitara, que me estava a espiar,
-- (Não pode ser).
-- (tens de me tirar essa merda da frente).
-- Senão o quê? – Pergunta-me ela.
-- Ah, sim.
-- Eu ando nas ruas.
-- Ainda hoje saí de casa para a rua.
-- Não vi a guerra.
De repente aparece um turbilhão na rua, e eu vejo-me no meio da multidão.
-- (Para onde vão)? -- Pergunto.
E um tipo, que leva um pau e traz uma máscara de gás no rosto, aponta para a frente; e vejo a Calçada, e arrepio-me.
-- Agora, como é?
-- Como não é?
-- Mas eu não podia voltar atrás.
-- Estava embrulhado na guerra.
-- Sou levado em frente.
-- Para trás nada
-- Em frente tudo.
-- Com o raiar da manhã nada.
-- Mas à tarde sim.
-- Tudo com os bons conselhos.
-- Nada
-- A gritar a palavra em frente.
-- Mas o que é demais é demais.
Fiquei mesmo na praça, com a ideia de ir para a Calçada, descer, se não encontrássemos pela frente o papa-aranhas, essa cara de cu, o mais possível.
Disse-me o que levava a máscara de gás,
-- (Agora ficamos aqui).
Eu percebi, porque o vento se amainava, e as horas também chegavam ao fim; e foi por essa altura, e nesse dia, que tivemos que enfrentar alguma resistência; mas tudo era negociado, não estava em causa as migalhas.
-- Apenas eles estavam ali.
-- Aquela gente ficou ali acampada.
-- Eu fui-me assim mais engajado.
-- Podia ser na gasolina.
-- Num fogo da trampa.
-- Cortina de gás contra o homem da máscara de gás.
-- Contra os armados de cacetes na guerra intrusa.
-- Ora eu.
-- Ora tu.

Mais distante não havia.
Do mais que se pretendia.
Ao menos que nada via.

-- Era por isso e não por nada.
-- Era e não era.
-- Ora.
-- Foram instantes de branca.
-- Não.
-- Eu fiquei.
-- Eu voltei.
-- Eu estou aqui.
Mas os milhares ficaram lá fora, e agora a Gracitara tem de me dar solução ao castigo a entregar na direcção do forno eléctrico; os cozinheiros podem ser muito compenetrados ou deixarem para trás os ingredientes importantes, porque sem eles não se pode permitir a arte da cozinha e a perfeita harmonia de paladares; o que eu, quanto ao costume, não se me reduz muito a esta memória, a não ser por uma milimétrica aparência; e como disse, era aqui que gostava de ter a minha família, a correr na sala, e na máxima liberdade de quem tem apenas o futuro na sua frente, sem mais cálculos de voltar atrás, porque o que tem está na frente; e é isso que tem quando tem toda a família junta.
-- Eu imaginava isso.
-- E voltar atrás também.
-- Mas nem a Gracitara nem o Joni me deixavam.
-- Eram uns aselhas e uns maus da fita que me entornavam a caldeira.
-- Se quisessem teriam a resposta certa no momento exacto.
-- Sim.
E os primeiros dias em que a coisa se estava dando foram na principal página, saída em todo o mundo, porque era a solução ideal para os milhares à porta.
-- À espera.
-- Como tal aconteceu não se sabe.
-- É daqueles mistérios equivalentes.
-- Se um vai a nascer o outro dobra metade.
-- É este o mistério maior.
-- Pois os milhares já que estavam mais calmos não se iam agora deitar ao Poço dos Mortos.
-- Era o que ouvia dizer.
A Gracitara não tinha nada a ver com o assunto, andava entre as mesas com o seu chicote, mas quanto aos milhares nada dizia.
É como eu digo,
-- (volto à realidade da minha mesa).
-- (E do meu prato).
-- (E desfaço-me todo em conferências sonâmbulas).
-- (A um e a outro seguem-se silêncios e barulhos da cozinha).
-- Não dá.
-- O último campo apanhado é este.
-- Com as ceifas da pedra a descer e a subir a Bica.
-- E a praça da Biju todos os três dias.
-- Uma travessa.
-- Várias ruas e travessas vão lá dar.
-- No princípio.
-- E no fim.
-- E sempre.
-- Nunca quis nem quero saber da Bica.
-- Porque tenho a ideia disto ser passageiro.
-- Um dia volto para o meu lar antigo a correr.
-- Estas praças são o coração dos apanhados na rede.
-- Paralelamente não se digam novidades.
-- Nem se imponham justiças.
-- Maiores do que estas.
-- Estou a ver os destinos que irão dar a este prémio.
-- Esta caixa de bombons e de bolos da Biju no balcão de vidro.
-- Os bolos iluminados cheios de açúcar.
-- (já os como), -- penso eu com gulodice.
-- O mais tardar todos têm de cumprimentar-me.
-- O menos é que sim.
-- Está essa roda do tempo em cima de mim.
-- És um merdas.
-- Não ponhas essa palavra na boca tão patética.
-- Bem.
-- Sim.
Era por essa altura que as palavras eram acrescentadas, e os palavrões saíam fora da gíria, e todos esperavam correr para o fundo do prédio, donde nascia água; mas não podiam, por via duma parede de vidro, que era igual à água.
-- Já nos safaram os membros da escola.
-- Sim.
-- Da Rua da Rosa para cima até ao Príncipe Real.
-- A dúvida nunca se pôs.
-- Porque era uma fogueira de ideias.
-- A pularem dum lado para o outro sem uma orientação.
-- Loucas.
-- Para se despistarem na horizontal.
-- Toda a flor do monte estava nas pedras.
-- Não daí.
-- Não daí.
-- Há que levar às arcadas da câmara.
-- Esta não tem arcadas.
-- Depois escadas a levar para lá um berço de ouro.
-- Com as preciosidades todas.
-- Galanteios à moda antiga.
-- E colocados nas redes os tubos de ensaio.
-- E os produtos geradores de boas contabilidades.
-- As minhas.
-- Que são as que estudo para perceber do meu ofício.
-- Desde quando tens esse ofício?
-- Não estás a descobrir coisa nova.
-- És tudo igual ao antigo.
-- Mas o presente não é igual.
-- É a mesma coisa.
-- Alguém tem de entender.
-- E se não entender tem de pedir.
-- Virado para o terreno mais a jusante.
-- Aí pode ser que nos entendamos.
-- Ainda as dúvidas são muitas.
-- Com a colaboração do texto.
-- Não muito a quente.
-- Está a linha de comboio aberta.
-- Pronta para receber a linha de conduta.
-- O conduto com queijo.
-- Pão de molho.
-- Olho de bife de maracujá.
-- Com cólera brava.
-- Um dos sete instrumentos.
-- Quatro reis de terra.
-- E quatro enxadas de cascalho.
-- A descer a avenida aberta para a fama.
-- A bela instruía os prazeres naqueles olhares funestos.
-- A descer com a máxima elegância.
-- Todos vão para aí.
-- No mínimo eu digo que não pode ser nada disso.
-- Trânsito livre.
-- Em certas horas destruo tudo à minha volta.
-- Fico sentado na praça com os milhares.
Em vez de fugir deles, estou com eles, presentes, sem usar qualquer linguagem, sem qualquer acção, apenas nós e eles, abertos e de peito feito.
-- Mas sem balas.
-- Apenas nada.
-- Ninguém sabia.
-- Eu perguntei a várias pessoas.
-- Mas ninguém sabia de nada.
-- Estavam todos admirados do pouco que faziam deles àquela hora propícia.
-- Estavam na praça.
-- Comiam.
-- Sentavam-se para ler.
-- Ouviam música.
-- Montavam tendas.
-- Dormiam.
A Praça Zuleica, ao cabo de cima do Adamastor, estava cheia; e foi aí que percebi que a voz estava a doer e as coisas não eram as coisas, viravam o bico ao prego, e era preciso um certo tempo para prevenir os milhares, pois, estranhamente, esses tinham deixado de se lançar no Poço dos Mortos; mas também não sei como foi, se houve ou não alguma ocultação de sedimentos pré combinada; não sabemos, eu não sei, falo na primeira pessoa; e se os ossos dos esqueletos do Poço dos Mortos pudessem ser de lá tirados nós nunca saberíamos.
-- É na esquina que o trânsito tem mais movimento às duas da tarde.
-- Nesse primeiro muro com esquina continental está a próxima paragem não na praça.
-- Posso entrar na Biju para tomar um café.
-- Estou farto da praça é verdade.
-- Mais vale tarde do que nunca.
-- Aqui na sala é que se está mais ou menos.

Cena
34) Aí estão brevemente todos com o coração aos pulos diante de mim e a luz que não é não

-- Esse mais ou menos tem pontos de contacto.
-- Nós sabemos.
-- As minhas almas gémeas sabem disso nesta mesma sala onde os ânimos são pacíficos.
-- As intentonas são redondas e giram cada dia o menos possível.
-- Ainda que estes dois e esses três ao mesmo tempo que se reciclam reclamem na praça Zuleica.
-- Fonte de todos os transtornos.
-- Ainda que se pense que seja por um tempo inteiro.
-- Eu só digo que não pode ser assim.
-- Todos gostam de se precaver.
-- Até neste esquelético lugar ainda eu se pudesse agravar esta escada.
-- Esta pichagem nas paredes a horas nocturnas.
-- Num dia chuvoso de manhã.
-- A missão das pichagens das contas armadas.
-- E depois dormir.
Todos os dois contra as paredes esborratadas de pinturas, com os nomes dos assassinos escarrapachados às escondidas dos medos da noite; e não são os mesmos dois que se retornam para o quarto, com o Galego numa serenata às cordas da roupa e às pastilhas de travões.
-- Não há uma razão para isso.
-- A não ser mil defeitos todos agora mais seguros.
-- Assim temos na manga o truque e as medidas.
-- Na próxima estás a pedir caramelo em vez de correr a dois.
-- Podes pedir ou tudo vai à água.
-- Com os cotovelos no corredor dos sono-uva.
-- A um tempo não na sala.
-- Mas o exército espera entrar nas cenas.
-- Com os cassetetes na sala umbilical transformada em praça.
-- Não podes transformar.
-- Não posso é se for por um preço maior.
-- Tinha de pedir que me arrasassem as paredes.
Um dia as bombas, em vez de paredes bombas, e por isso era que eu agarrava o fio da bomba, outra vez inteira nos corações das pedras.
-- Poderia ser a praça maior para todos.
-- Mas a dormir também.
-- Onde chegarias tu com estes sonhos todos?
-- Era difícil.
-- Com os pés em ferida estarias sempre em baixo de forma.
-- Não vês?
-- Estás a perceber?
-- Não estou vendo.
-- Claro que não.
-- É sempre tu que me perguntas.
-- Pois não faz mal.
-- Quando é que te vais embora?
-- Não vou.
-- Para onde é que eu iria?
-- Não sei.
-- E isso importa?
-- Claro que importa.
-- Ficar aqui é melhor.
-- Eu como e durmo.
-- Não vou de qualquer maneira.
-- Vai-te lixar.
-- Vou-me embora.
-- Eu fico aqui.
-- Todos os dias bebo e fico todos os segundos atrás a ver se a minha comida está no sítio.
-- A minha roupa.
-- A minha cama é sagrada.
-- Não me deixo embrutecer.
-- Que todos sejam caridosos.
-- Se fosse não o outro que dá a esmola.
-- A esmola grande não vem de cima.
-- Não.
-- E depois não chego à porta.
-- Vou aos tropeções.
-- Os meus pés sangram.
-- De repente caio no chão ainda que em silêncio.
-- Na bomba de gasolina estou de cara no chão.
-- O calor escalda.
-- As minhas roupas do deserto estão muito mal.
-- Será que me vão levar para fora daqui?
-- Eu que não acreditava não acreditei mesmo.
-- Deixaram-me ali até que um cão me lambeu a testa.
-- Ah, bem.
-- Assim está melhor.
-- Tenho de acordar e apitar.
-- Este ensaio é verdadeiro na terra atirada de fora.
-- A terra ressequida é verdadeira.
-- A da praça das mães.
-- Dos rebentos.
-- Dos corpos.
-- Mas no silêncio desta praça há-de principiar o torneio de ver quem ganha a guerra.
-- Esse foi.
-- (Eu vi), -- diz-me o Joni.
Assim dormes na cadeira e o brado não tem o direito.
-- E eu vejo e digo,
-- Assim a minha nada.
-- Não pode.
-- Tenho a minha nada.
-- Fica estúpida.
-- Não te trairias.
-- Tenho de falar com o meu Ora Entorno. 
-- Na minha paciente casa onde os mutadiços entram com as catanas na mão.
-- Eles não vêem.
-- Nada é impossível.
-- Nós, os comensais e o Joni, todos estamos com a hora da coisa ficar sem eles que andam e não dão.
-- Apenas os milhares é que são apanhados.
-- Embora os mutadiços tenham e sejam da mesma casa.
-- E acho que vive comigo algum mutadiço.
-- No preciso momento de ver a cena não se vêem.
-- Os mutadiços fazem correcções.
-- São capazes de cortar um tipo às postas.
-- E depois violar a mulher desse próprio tipo.
-- Deitada de costas em cima das próprias postas do tipo atiradas no chão.
-- A fazer de cama embrulhadas em sangue e merda.
-- Os mutadiços são os sagrados.
-- Na frente já vi um.
-- Mas depois não.
Os comensais adoram esta pausa, quando entram no tempo diferente dos mutadiços; e então julgam ver de cima e ficam drogados por uma doce dormência; e aí estão brevemente todos com o coração aos pulos diante de mim; e a luz que não é não; e os sinos da igreja, dormentes, estão a tocar a praga pegada nas palavras dos mutadiços.
-- (Já os viste entrar por aí adentro)? – Perguntou-me.
-- Não vi.
-- Eles entram.
-- A gente não dá por eles.
-- Quem dá está ao lado deles numa ravina.
-- Vai abaixo o olho do insular.
-- A última vez foi no quartel deles lá para o dezoito.
-- Estavam bem na praça central.
-- Nas tendas.
A vaguear e a ver, nos passeios à volta, o tempo longamente desesperado; em ordem secreta na sala, uma única vez, em sentido contra os pratos e panelas, os garfos e as lanças de prata; todos os vestígios na carteira; e as facas afiadas, já na cadeira, não ainda na praça.
-- O quartel dezoito e os mutadiços fardados e sem a origem do dinheiro não me safam.
-- Pela primeira vez o exército toma posição.
-- É só a ver se tem balas.
-- Mas tem facas e pedradas e mais adiante não tem e assim depois não vai e não desce.
-- O exército apenas é um fantasma e a seguir vêm as armas e não deixam atrás nada de serviço.
-- Já está a preparar-se para atender o próximo.
-- Vão lá ter com ele.
-- Estejam à vontade.
Na câmara escura os beijos e as faces ocultas na janela, à vista da sentinela, não deram por nada na sala.
-- É o primeiro dia e o primeiro segundo feito ao retardador.
-- Salvo seja.
-- Bem-vindos os primeiros milhares.
-- Eles e as almas gémeas.
-- As minhas.
-- Em vão de escada.
-- A subirem para o paço.
-- Dado antecipadamente.
-- Eu tenho comida.
-- Tenho roupa lavada.
-- Uma cama.
-- Por isso não vamos sair daqui tão cedo.
-- (És uma lástima),-- diz-me.
-- Mas não sou.
-- Tenho é medo de me revelarem o segredo das peças de prata do som da telefonia.
-- Não.
-- Nem do ecrã.
-- Ali a dar o dito por não dito.
-- Assim hoje alguém caiu no Poço dos Mortos.
-- Eu vou ver se é verdade.

Cena
35) Fecho o coração na garganta. Depois da esfera privada não seguem o sério

-- Esquecer os mutadiços à porta do Poço.
-- Era aí que deviam deixá-los.
-- Levá-los todos para a porta pequena.
-- Estava a ver muito bem onde ia dar a linha que seguia a bomba.
-- Ainda não há o verde.
-- Os outros já estão perto da promessa iniciada.
-- Foi o que disseram na campanha.
-- Os mutadiços não dizem.
-- Nessa linha que tenho aqui perto há que prometer ainda mais na campanha.
-- É a mais verdadeira de todas as peças.
-- Ainda mais na campanha ao pé da praça.
-- Todos amigos.
-- Mesmo discretos.
-- Não se passeiam.
-- Eu não vejo.
-- Não te vejo a ti.
-- Não vejo ninguém.
-- Neste preciso momento que olho para os talheres não estou disposto a ver.
-- Ou é o meu coração que não anda bem a três dimensões.
-- Hoje eu fecho a corda.
-- Mais que tudo fecho o coração na garganta.
-- E abraço.
-- O adiado já está pronto.
-- Todos estão a ver menos os meus olhos de mim.
-- Sentado.
-- Não nos pés.
-- Se vejo na frente da esquina não.
-- Ao demais sim.
-- Tem a corrente inversa na campanha dos oito e dos dez.
-- Já há um segredo súbito que não se enerva.
-- Nervos potentados.
-- Forte e valente nos números perfeitos considera a voz correcta.
-- O tom preciso na frente.
-- Não de mais.
-- Não de menos.
-- As contradições estão a decorrer na sala oval.
-- Muito bem dito.
-- Não é ao sábado que se inventa.
-- Depois de tudo vai lá de vez.
-- Dá a primeira nota de verdade.
-- Não a tua.
-- De uma vez foi a seguinte na casa.
-- No quarto do Galego.
-- A descer a Calçada.
-- Podia essa ser a última vez.
-- Sentado no elevado nível.
-- Nada foi dito.
-- Nem depois.
-- Nem agora.
-- Está vincado o acordo com o meu interdito.
Primeiro tenho esse percalço para resolver a próxima geografia, que me irmana com os bravos do pelotão; e esses, feridos de morte, depois na esfera privada, não seguem o sério, nem se divisam descendentes daqueles que se feriram, para depois acabar.
-- Tenho o dever de virar-lhe a cara na próxima vez que o vir.
-- E dar o sinal.
-- O mesmo que quero para mim.
-- O sinal da ponte que distante inverte a voz dos mutadiços.
-- Eles mesmos são o claro entendimento.
-- Na outra banda não está o gigante a cortar.
-- A disparar em frente desta bomba.
-- A potência não está escondida.
-- O processo de confecção é o primeiro deste dia.
-- Não há clamor na cozinha.
-- Nem os fogões podem calar a chama clarividente.
-- A um ritmo mais lento desceu o próprio degrau.
-- Aquele que se faz acima da média.
Eu digo-te,
-- (Digo a vocês todos que é secreto o entendimento que tenho da razão).
Se a tal bomba deixasse o calor perverter o entendimento, assim mais ficava por ver, em todos os dias, as correntes de gás e as distâncias preferidas, que na cozinha, por intermináveis corredores, que eu sei, estão todos os dias a ver se deve ou não se deve derreter.
-- Então é porque fica.
-- Senão outro vem substituir a bomba.
-- Depressa percebe-se melhor o desafio.
-- Estás aí em cima.
-- Ninguém te diz uma palavra.
-- Pouco depois há outra palavra dentro dessa palavra.
-- É a janela giratória com o valor acrescentado.
-- Mais dinheiro gastado nas avaliações e no estudo integrado.
-- Esse dinheiro depois tem o seu caminho assegurado entre as caixas.
-- Os estudos feitos foram concludentes.
-- A bem dizer está garantido o financiamento a um dia de se começar a distribuir encargos.
-- Os lugares disponíveis são a causa do primeiro dia.
-- Quando todos se cumprimentaram não estavam a ver muito bem estas coisas.
-- Tinham de se inteirar.
-- Não à volta de casa.
-- Da sala.
Do quarto, onde os meus olhos descansam da vigilância apertada que faço ao Galego, com uma câmara aqui e outra ali; e as várias câmaras distribuídas dão-me, depois, a visibilidade do que queria ser, e não sou.
-- Não ando para trás.
-- Mas também não tenho de me ver ao espelho.
-- Porque não tenho nada do que eu quero.
-- A atracção pelo melhor que há dentro de ti.
-- Eu não tenho nada dentro de mim.
-- Os meus princípios vegetam na intriga.
-- Eu quero trocar a palavra pelo que está inerte a todo o momento.
-- Não discordo nem entendo.
-- Pelo que me recuso a ser mais efectivo do que sou.
-- O medo apodera-se de mim.
-- Por isso estou a ir para a frente das marradas dos toiros.
-- Esses são uma grande irritação que emerge sempre que me quero desviar do essencial.
-- Esse essencial devia ser eu mesmo.
-- Mas desvio-me
-- Desvio tudo o que me possa centrar na minha linha da bomba.
-- Mesmo aqui estou a um dia da Biju.
-- Cara amiga do coração.
Ainda assim estranho-a, com todas as garras que não estão à vista; e rodeio o círculo de volta dela, para não a conhecer, nem as mesas, nem as tardes infindas e desventuradas, com o benefício da desventura, ainda e sempre nos rostos dos velhos e velhas; e a gente, que anda sem saber, ou fora do circuito da domesticação.
-- Estes da Biju.
-- Elas da vida airada.
-- As caras esqueléticas.
-- A fome de vida entre a terra.
-- Não está a Biju inteira.
-- Na praça Zuleica é entrar em nada de concreto.
-- Com os tornos em volta dos dedos quebrados.
-- Rins extraídos.
-- Dos vivos para os enfermos.
-- Pulmões e corações dos mortos lancinantes.
-- Corre tudo do quarto.
-- A forma primeira.
-- Vai comer.
-- Menino! vem para a cozinha.
-- Ele vai.
-- Eles vão.
-- Eles.
-- A mesa da casa imaculada.
-- A família.
-- O café da manhã ali à volta.
-- O sol a entrar pela janela.
-- Em dia de costumada virtude.
-- Vai.
-- Vai.
-- Não há nada a seguir.
-- Não há morte.
-- Não há nada para além das portas.
-- Não.
-- Comigo não se passa nada.
-- Por isso estou aqui a ver se alguma coisa se vai passar.
-- Em favor do eu meu.
-- Em volta da argola do céu.
-- Não estou a responder por mim.
-- A minha fome está a um passo de ser saciada.
-- Mas não encontro os demais.
-- Não estão a precisar de mim, para nada.
-- A um dia de distância.
-- É nesse degrau.
-- O tal de que falei há pouco.
-- Que inicia a subida.
-- Ou a descida.
-- E se eu tivesse o meu sangue derramado pelas sete partes do mundo?
-- Os meus primos.
-- As minhas tias.
-- Os meus avós.
-- Os meus pais.
-- Os meus irmãos.
-- Mas depois de tudo isso eu aqui estou só comigo.
-- Com mais ninguém no mundo.
-- A um apito.
-- A dois apitos.
-- E de um em dois vai na segunda.
-- E na terça. 

continua....

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