Wednesday, September 25, 2013

texto nº 6 - dos efeitos das marés nos cabelos das árvores









texto nº 6 

dos efeitos das marés nos cabelos das árvores



Cena 
27) Não estou pensar com as minhas vozes todas como se tivesse seguido outra estrada

E sem saber entender o som e a pintura das pessoas que me cercam, no preciso momento em que tenho de fazer o inventário da sala e das mesas; e das taças todas, e das ventoinhas, e das luzes, e das panelas, e dos tachos e dos copos nas prateleiras; e dos bancos e das tralhas e tralhas.
-- Que caiam no inferno.
-- À volta da gente candeeiros.
-- E sem perceber ninguém percebe a viragem do tempo.
-- Nada a seguir nada.
-- Nem os vindouros nem os antepassados.
-- É portagem atrás de portagem.
-- Para entrar neste quarto à porta de casa.
-- É-me concedida a missão de ficar quieto sem olhar para trás.
-- Que a todo o momento dá-se a chegada dos primeiros de todos.
-- Nunca se largam de mim.
-- Eu inválido sem qualquer abertura.
-- É preferível nada do que nada.
-- É assim e não é assim.
-- De alguém para alguém.
-- À primeira vista correram milhares de pessoas nas ruas com flores para os soldados.
-- Depois seguiu-se a primeira hora.
-- A seguir veio a segunda.
-- Milhares de pessoas desceram a Calçada.
-- Mesmo esta aqui ao lado.
-- Eu ouço bem os gritos delas.
-- Estão por aí abaixo.
-- Embora pareça que vou atrás.
-- Ou com elas.
-- Não é verdade.
-- Porque estou prisioneiro.
-- Com as mãos beirando o céu.
-- É a descida da Calçada para o Poço dos Mortos.
-- Numa primeira fase não se sabe.
-- Numa segunda também não.
-- Há que acumular a informação.
-- Mas é uma nega completa.
-- Não se está a perceber.
-- Vai por aí abaixo para o Poço.
-- E depois nada.
-- E eu entendo.
-- Por essa razão me amarro.
-- Para não escorregar no carrossel.
-- Aí vai na direcção.
-- Um aponta todos na ponta,
-- E outro diz,
-- E mais nada.
-- Ao mesmo tempo escorrega.
-- E escorregar não é controlar.
-- É deixar.
-- E deixar não é não.
-- E não é não.
-- É como estou neste momento.
-- Com um não enfiado na tola.
-- Até posso não estar.
-- A Gracitara quer tirar os nós.
-- Mas não quer.
-- Se entendi foi que ela gastou muita corda para me amarrar solenemente.
-- E nesta altura do campeonato é preciso maneira de desvendar o mistério.
-- Ainda que sofra tenho de continuar com os meus olhos.
-- Olhando para o casal a comer.
-- A comer.
-- A comer.
-- Esse casal tem uma prensa mecânica na cabeça dos dois que são um como eu.
-- Digo agora neste dia dos milhares que descem a Calçada para o Poço dos Mortos.
-- É que não ouço daqui os gritos.
-- Nem tenho que ouvir.
-- Apenas sei.
-- Mas é uma causa da minha prisão.
-- Não a minha prisão.
-- E se eu não quisesse que me fosse embora.
-- A causa é minha.
-- Porque eu me fui embora do meu sítio para outro diferente.
-- E porque era isso que estava estabelecido.
Não estou a pensar com as minhas vozes todas, como se tivesse seguido outra estrada, mas era desse modo; e os mil que descem são por misericórdia deles e de mim mesmo; e eu sei que os meus pais não têm nada a ver com o problema, já nascido da terra.
-- Esse.
-- Se foi.
-- Não o permitiu.
-- Eu tenho é que comer bem para me resguardar.
-- Estando aqui estou na protecção de deus.
-- Que é quem em primeiro lugar merece a minha vida.
-- Esse sim.
-- Não vou atrás.
-- É esse impulso assassino que tem matado os queixos da burra.
-- Com os dentes espetados para fora.
-- Como as gueixas da guitarra sinfónica.
-- Com os extremos esganiçados.
-- Assim eu desço e não quero.
-- Eu volto e não quero.
-- Com as palavras invisíveis todas ao mesmo tempo.
-- A fazer a análise do ambiente.
-- Tem que ser uma vistoria aos comilões.
-- Aqui mesmo na minha frente.
-- Sim.
-- Na morgue não.
-- Estes comilões comem panelas e panelas de comida.
-- De feijoada transmontana.
-- Que é mais fácil de fazer.
-- Dá para um regimento.
-- Os pratos vêm atrás uns dos outros.
-- Saem a uma grande velocidade da portinhola.
-- O Joni está a suar por todos os poros.
-- A Gracitara anda dum lado para o outro.
-- Com um enorme chicote nas mãos a ver quem come.
-- Se alguém não come está frito.
-- Leva uma chicotada.
-- Valente chicote.
-- É muito comprido.
-- E chega longe.
-- Ela até parece regente de orquestra.
-- Mulher valente.
-- Essa mesma.
-- Mas porque não me desamarra?
Estou cheio de fome só de ver, mas o que ela faz é abrir-me os olhos, quando aqueles milhares passam na Calçada, para eu os ver cair no Poço dos Mortos, aos gritos.
-- Sangue e cheiro que não tenho.
-- Como passar para o exterior?
-- Tu és capaz de ouvir uma imagem.
-- Ou um filme
-- Mas não consegues perceber o cheiro.
-- Esse é meio caminho andado para te avisar do aqui e agora.
-- Duro e sem retorno.
-- Essa bandida quer que seja assim comigo.
-- E eu queria era ir para a cama com ela.
-- Ela está vestida quase nua.
-- E todos os comensais nem se atrevem a olhar para ela.
-- Às vezes eles vomitam.
-- Vão a fugir até ao quarto de banho para poderem comer.
-- Mas sabe-se lá o que pode acontecer?
-- Este concurso está a decorrer directamente para a televisão.
-- É filmado por umas câmaras ocultas.
-- Só eu sei disso.
-- Ninguém mais sabe.
-- Esse segredo foi-me confiado pelo meu Ora Entorno.
-- Nas minhas reuniões à porta fechada.
-- Que ele me estava encarregando de certa missão.
-- E me disse que havia um assassino.
-- Escondido atrás duma câmara de filmar.
-- Neste dia do concurso da feijoada.
É nesta medida que eu tenho de descrever o ambiente, mas não me posso expor, senão a tv fica a saber onde estou, e processa-me por causa do assassino, que eu sei que está escondido atrás das suas câmaras; ainda o podia ter visto, mas não sei se vou a tempo deste concurso, porque o mesmo tem por história principal matar em directo como se não fosse em directo.
-- Como me disse o meu Ora Entorno,
-- Eles estão com falta de audiências.
-- E é preciso manter as pessoas alertas neste canal.
-- E eu estou de acordo.
-- Se é preciso que se faça.
-- Sempre é melhor do que aquela macacada dos cocós entre as saias das mamães.
-- Mamã acima mamã abaixo.
-- E nada de sangue.

Cena
28) Não fosse os milhares mas alguém no lugar deles. O silêncio só é quebrado pela queixada dos comensais

-- Verdadeiro.
-- Não estando de acordo tem o pressentimento que isto pode dar barraca.
-- Por causa do assassino.
-- Embora esteja com a boca fechada pode chegar o momento de me mandarem falar.
-- Ah, sim.
-- A questão do assassino.
-- Já foi visto por aí.
-- (Olha, ele atrás da máquina).
-- Mas nessa altura não sou eu que falo.
-- Porque não está na hora de falar.
-- Se não há plano como posso eu fazer?
-- Está muito difícil proceder como deve ser.
-- Neste tempo todo corroem-se as fundações.
-- E deixa-se que milhares desçam a Calçada.
-- Não pode ser.
-- Eu levanto-me da cadeira.
-- E a Gracitara diz-me,
-- (Então vais-te embora)?
-- (Não comes)?
-- E eu digo não sei o quê.
-- Não lhe digo nada.
-- Vou-me embora a correr lá para fora.
-- O que posso fazer por esta gente que vai para o Poço dos Mortos?
-- É isso que não sei fazer.
-- Apenas a minha boca continua fechada.
-- E eu fico apegado à parede.
-- À rua.
-- Estirado no chão a dois metros do Poço dos Mortos.
-- Sem imagem na memória que me possa recordar do cheiro.
-- Como disse invisível.
-- Inodoro.
-- Todo o rico dia estive eu a ver
-- Mas a não precisar.
-- De mão dada.
-- Nessa veia gigantesca a Calçada deixa descer a multidão.
-- Para ver de volta a multidão para trás.
-- E não vai para o Poço dos Mortos.
-- Não é esse o momento.
-- Foi uma artimanha que a Gracitara usou.
-- Para me apanhar na cadeira.
-- No tempo certo.
-- E na quantidade de sal quanto bastasse.
-- Para que eu aceitasse os prazos muito complicados.
-- Que o Joni não estava pelos ajustes eu sabia.
A primeira bola de pingue-pongue caiu-lhe na sopa e respingou para a camisa; e a segunda bola foi-lhe à cabeça lisa e deflectiu para a cozinha.
-- Respondeu por todos os pratos.
-- Não perderam.
-- E os comensais fizeram que não viram nada.
-- Mesmo que vissem podiam dizer que não tinham visto.
Era para começar às quinhentas mas não tinham situação para tal, e era completamente irrelevante se dissesse isto ou aquilo, porque a gente não sabia; e não sabendo, se dissessem é preto, sendo branco, a gente aceitava, porque a gente não sabia distinguir as cores; e de modo que o Joni também se embrulhava na própria merda que fazia; e a sala ia bem de raiz.
-- No máximo vinte contos de reis.
-- A enorme perda era a perda de velocidade.
-- E o ganho maior era a abstinência.
-- Todos vão para o Poço dos Mortos a uma velocidade razoável.
-- A partir dum estudo encomendado por alguém muito respeitado.
-- Com créditos firmados internacionalmente.
-- É homem de vistas largas.
-- E de iates na frente marítima.
-- Ainda hoje é conhecido.
-- E mundialmente eficaz.
-- O que alivia o Joni andaluz.
-- Com os pés em chinelos.
-- Não agora.
-- Está confuso.
-- Com a bola de pingue-pongue que levou na moleira.
-- Os rapazes.
-- Os três.
-- Desmancharam-se a rir.
-- Sem que ele visse.
-- Ou ouvisse.
-- Qualquer gargalhada.
-- Era preciso não haver risos.
-- E era o que a Gracitara estava a fazer.
-- Ainda que o assassino não se revelasse.
-- Embora estivesse na hora do tiro.
-- Já podia até ser informado.
-- Do que o meu Ora Entorno quisesse fazer passar.
-- Para lançar confusão extraordinária.
-- No meio das massas da Calçada.
-- Podia ser muito bem.
Esta não era coisa que não pudesse acontecer, mas nada disso está de acordo com Gracitara, nem comigo mesmo; porque quando estou nos meus outros dias, em que a luz do dia avança e de repente é noite, e o coração aperta-se-me mais a lembrar-me do bom aconchego do lar, lá longe, e da mãe e do pai, e do resto, e de tudo o que ficou para trás; e essa nostalgia mata e abate a árvore da esperança, ao mesmo tempo que me fecha os olhos e vai de mergulho para os dias seguintes, passados a passo de caracol; e é por isso que digo que o meu Ora Entorno é capaz de me andar a dar a volta com o assassino atrás da câmara a cada esquina.
-- Um bandido, -- diz-me o tal.
-- É teres cuidado com os gajos.
-- Eles andam disfarçados de gatos-pingados.
-- E tu tens de perceber muito bem que os teus lindos olhos não são nada contra os lindos olhos deles.
-- É isso,
-- Por isso disse-me o que disse.
-- E agora amarrado mais uma vez porque voltei para traz da Calçada.
-- Tenho para mim que os bons exemplos são para se seguir.
-- Com a caridade em primeiro lugar.
-- É de todo em todo comummente aceite que se deve esse princípio moral entranhar na nossa vida -- diz a Gracitara, dando-me uma estocada com o cabo do chicote no queixo.
-- E doeu bastante.
-- Não sei como não me partiu os dentes.
-- Desde que se fale em caridade ela fica chateada.
-- Porque julga que não lhe digo a verdade.
-- Não há vazio pronto a comer gasolineiras.
-- Vamos dar sempre ao mesmo.
-- Se estou sossegado é porque estou.
-- Senão é porque não estou.
-- Depois.
-- Que sou.
-- Se penso assim.
-- Estas palavras na minha boca tiram-me a fome que me é merecida.
-- Pelo meu tempo passado ao mesmo tempo encolhido.
-- Não é um pensamento por si só que tem a garantia estatal.
-- E no primeiro dia que começou e bem foi parte de mim a vitória certa.
-- Tenho de me voltar para os comensais.
-- E não vêem que estou aqui amarrado?
-- Mas como era devido nenhum som saiu de palavra nenhuma.
-- E não cheguei todo o rico dia a ver mulher nenhuma lá dentro.
-- Estou atrasado.
-- O tempo pode dar uma bofetada de luva branca.
-- Mas é se merecer de alguém.
-- Senão é para o Poço dos Mortos que vão os milhares.
-- Assim vão por lá abaixo cadenciados.
-- És tu.
-- És tu.
Gritam eles em grandes vozes.
-- És tu.
-- És tu.
E dentro da sala o silêncio só é quebrado pelas queixadas dos comensais, a um tempo cadenciados, e noutros mortinhos por fugir dali, se não tivessem as instruções necessárias para ali continuarem até ao outro dia de manhã, pois a competição entre eles era renhida; e eu sabia, mas lá fora o rugido: és tu, és tu, dos milhares que iam para o Poço dos Mortos, era extravagante, embora me parecesse que quem dizia: és tu, és tu, não fosse os milhares mas alguém no lugar deles; e era uma questão a ver, porque sei que os milhares são calados, e eles sabem bem, lá dentro deles, qual é o seu destino final.


Cena
29) As nomeações foram feitas e deram para fazer a distribuição de tachos pelos coligados. Corre bem a pedra colocada no local sagrado para entrarmos mais aliviados das profecias das desgraças

-- E de entre todos,
-- Também estavam a dizer para dentro deles,
-- (És tu).
-- (És tu).
Sem saberem bem que dia era do ano; mas o receio tomava conta do coração, do corpo e da mente; e este conjunto era explosivo, e eu bem me girava na cadeira da mesa a telintar com o garfo no prato, a ver uma mosca que esvoaçava; e se lhe desse cabo do canastro era uma posição aproximada, que estava em paralelo com as frequências, ainda que não acontecessem quando deveriam acontecer, mesmo com todas as anomalias do costume.
-- Agora é mesmo.
-- Tenho de me agarrar à mosca.
-- Ao seu voo rasante.
-- Ela não pica porque tenho mangas compridas.
-- Nem me vai à queixada.
-- Porque não estou a comer.
-- Porque ainda a minha comida não veio.
-- Porque lhe espetava o garfo nas tripas.
-- Com grande pontaria.
-- Isso lhe faria.
-- Trincava-a na boca com os dentes ferozes.
-- Engolia-a.
-- Cagava-a depois.
-- Mas aí ela já não vinha inteira.
-- Vinha transformada em merda.
-- Essa palavra morde.
-- Mais do que tudo é irritante estar sob um ataque de mosca.
-- Quando ela pica no pescoço.
-- Depois põe-se a zunir.
-- A camela poisa num sítio a desafiar.
-- A gente vai matá-la.
-- Prepara o golpe com toda a calma.
-- E zás.
-- Ela foge.
-- A malvada.
-- Não me vou bater com ela.
-- Vou ignorá-la.
-- Coisas mais terríveis acontecem à minha volta.
-- (És tu).
-- (És tu).
Parece um martelo na cabeça.
-- Cada palavra, uma marretada.
-- Não é que se ouça.
-- Mas é o mesmo.
-- Ou pior.
-- Ainda estas ondas de som.
-- Baixas e bravas.
-- Endoidecem uma pessoa.
-- Embora veja a calmaria desta gente.
-- Mas é ao correr da pena.
-- Não é demais verdadeiro.
-- Porque vão-se desenfreados por aí abaixo.
-- Até quando acabará o morticínio?
-- Embora passe aqui ao lado não o vejo.
-- A não ser pela imprensa.
-- Nada pode chegar a este sítio.
-- Sem a devida autorização do Joni.
-- O mesmo que nomeou a Gracitara.
-- Porque era o princípio.
-- E depois foi o fim.
-- Não vieram os empregados a tempo.
-- E o negócio da Gracitara desceu na parada militar.
-- Todos os comensais viram nesse dia a diferença entre eles e ela.
-- Mas não se chatearam.
-- Mesmo sendo ela uma mulher eles viam-na pelos óculos de vidro.
-- Ainda que houvesse uns óculos diferentes destes.
-- Todo o dia a carga é diferente.
-- A carga do carregador automático.
-- Já o Joni não está pelos ajustes.
Temos de ser coerentes com as principais notícias que começaram na noite, e depois atravessaram uma rede intermédia; e estas notícias foram para o meu primo e para a minha outra parente; e depois estes parentes todos seguiram o seu caminho, convenientemente.
-- Eu sei como começam.
-- Mas não sei o resto.
-- É favor deixar de lado.
-- (O que têm é de vir para aqui no meio da Calçada), -- dizia alguém com um megafone.
-- E eu pensei,
– (como vou para lá se estou dependente daquela velhaca)?
-- E eu disse,
-- (Oh, velhaca, vem soltar-me).
-- (Não estás ouvindo o altifalante)?
-- E a Gracitara veio com cara de poucos amigos,
-- E disse-me,
-- (Vai para a puta que te pariu).
E deu-me na cabeça com o cabo do chicote, que sempre usava como arma de reserva, a não ser que surgissem cães, e nessa altura era mais meiga, porque queria era ir para a cama comigo e ir-se embora.
-- Eu estou por aqui.
-- Estou a rasar a parede.
-- Que atravessa a linha principal.
-- Não sei qual é a ideia.
-- Mas somos todos obrigados.
-- (Eu quero ir para a Calçada), -- digo, grito, mas ninguém me liga.
-- Ela vai simplesmente para a rua fumar um cigarro.
-- Ela nunca compra cigarros.
-- É uma vampira.
-- Por isso estão a organizar uma viagem à Madeira.
-- Para lhe curar o derrame cerebral.
Ainda anda com a mão a tremelicar, mas na razão dos muitos médicos cubanos a desgraça é menor; e ela assim está a fumar o cigarro, enquanto à volta tudo é um concerto de cães, ao final da noite.
-- Quando puderes diz.
-- A gente vai.
-- Aí estou a ver a cortina.
-- A outra com azulejos pregados a romper pela praça.
-- Só com cantores revolucionários disfarçados.
-- Vão a outro ponto mais discreto.
-- Para conversar sobre certos assuntos de estrema gravidade.
-- Estão a ver como começar esta guerra.
-- Mas ainda até ao fecho da edição pode correr duma maneira.
-- Que não julgavam.
-- Que ficasse por aqui.
-- Mais um dia ou dois.
-- Mas têm de se ir embora.
-- Agora com a reserva de gente de alto gabarito pode ser que já tenhamos água canalizada e comida.
-- E toda a sorte de materiais ortopédicos.
-- É isso que sei.
-- Se levar mais uma vez nas trombas, um cachação dado por ela, eu juro que a mando para o caralho.
-- E ela leva outro cachação.
-- Que é para não estar a brincar às escondidas todo o dia.
-- De hoje e de amanhã.
-- Já prestei esclarecimentos a toda a gente.
-- As nomeações que foram feitas deram para distribuir os tachos pelos coligados.
-- A vergonha que foi outro dia.
-- A vergonha a pensar numa coisa e aparecer outra.
-- Com mais graça que desgraça.
-- Até ao fim dos tempos.
-- Abertos a todos os escolhidos.
-- Eu girava e girava na cadeira.
-- Com este fito de sair.
-- Mas só tinha pena que os meus aliados não o fizessem mais cedo.
Corre bem a pedra colocada no lugar sagrado, para entrarmos mais aliviados das profecias da desgraça, pois sempre é melhor viver com a certeza do que estar para aí, deitado contra um canto e sem nada acontecer.
-- (Estou a meio da morte), -- diz o pato ao marreco.
-- Mas não.
-- A situação é redonda.
-- Dum discurso comprado na feira da ladra.
-- Para estes displicentes armados cavalheiros.
Digo eu depois,  
-- Vamos tomar umas cervejas.
-- Vocês estão convidados.
-- Desde o nascer ao por do sol.
-- Não se vão sacrificar mais do que já estão.
-- Todo o dia tem corrido bem.
-- Nada se tem estragado.
-- Nem a comida do restaurante.
-- O Joni com o seu mau feitio agora foi ao grelhador dos frangos.
-- O trabalho.
-- E logo fica zangado porque lhe andam a meter carnes diferentes.
-- E preços também muito diferentes.
-- Se a senhora comprar hoje leva um desconto.
E aqueles rapazes da Via Moreto também ficam a descansar desta longa viagem.

Cena
30) A vagina atravessada por uma ideia frouxa fá-la no plano horizontal pecado dos pecados. Não havia escolha que resguardasse o casal das balas que às vezes entravam

-- Pessoal e intransmissível.
-- Com o cadáver da luz ainda sem uma direcção definida porque depende dela.
-- Como eu disse é uma mulher que agora está enferma por causa do derrame.
-- Mas ela é rija e depressa passa.
-- Ou ela disfarça melhor que o Acrimonia.
-- Olho de pele de porco.
-- Mais o Calazar cabeça de abóbora.
-- Ambos nos sentidos diferentes mas na mesma direcção.
E nesse dia dos milhares que desceram a Calçada, os diferentes artistas também prometiam o mesmo com dezenas de camionetas.
-- Mas estavam bem entretidos a ganhar mais uma batalha do vinho e do pão.
-- Nessa hora querida da terra virgem.
-- Não o mesmo que dois comerem na frigideira.
-- Era aí que batia o ponto.
-- Com todo o respeito que podia ter por eles os dois.
-- Mas naquela praça que desembocava na Calçada não estava à venda nenhuma boina de guerra.
-- Essa fora para o soldado exemplar.
-- Era para ser verdade mas o corno do toiro foi o assassino cruel.
-- Nessa vigília não se entregava assim aos comensais sem mais nem menos.
-- No meio do barulho entretanto começado.
-- Nessa era totalmente indiferente.
-- A lua ou o sol o que queriam era morderem a língua.
-- Essa foi a ligeira alteração que se fez ao cardápio
-- Porque já há anos que o não modificava.
-- Palavra de chefe.
-- E esse Calazar cor de sacristia não era tão distinto como o pintavam.
De vez em quando o Joni via-o,
E dizia,
-- (Ali vai o nosso senhor com o muito respeito e carinho a velar por nós e na hora da nossa morte amém).
-- Vizinho, não dê sinal de arrependimento, depois vão dizer que eras deles.
-- Ao lado da máquina de gelados não podes de frente botar a mão na frente e depois olhar para o lado. -- Não podes dizer e depois não esconder dentro desse vinhedo.
Esse arranjo de flores dentro da cidade em frente da Biju é de entre todos o que mais emociona os velhinhos a fumar cigarros e a beber café com leite para no outro dia ficarem mais magrinhos e pesarem menos nos caixões e na frente da Biju não há pretexto para mais pois ainda sequer começou e já há milhares a descer a Calçada hoje outro dia à frente ninguém e outra fila atrás a preparar-se.
-- É um mistério mas pode acabar amanhã.
-- Ou depois.
-- Na livre circulação entre o norte e o sul.
-- Têm recados para mim.
-- Para me verem no meu juízo completo.
-- Entre todos sou o mais amarrado por essa senhora cor de limão.
-- A carta não existe.
-- Apenas umas amostras de perfeito conhecimento.
-- Mais atrás alguém não entra.
-- Alguém não é alguém.
-- E mais atrás começa a descer o primeiro dia.
-- Atrás da forma ajuizada.
-- Essa que eu mesmo planeei.
-- Apesar disto posso libertar-me dum pontão.
-- Para uma estrada paralela ao rio que atravessa o vale e o país todo no coração da Maunça.
-- A primeira entre as outras.
-- Apesar dos percalços
-- Já chegou ao conhecimento do Joni que a sala não pode deixar de ter um exaustor para puxar os fumos.
-- Mas é muito caro.
-- Como é que o Joni pode investir?
-- Mas diz que é a lei.
-- Têm de comer sem fumo na sala.
-- Foi isso que eles disseram outro dia.
-- É primeiro necessário provar a minha inocência para depois seguir.
E eu digo,
-- (És tu).
-- (És tu).
-- E os comensais olham para mim e depois nada.
-- Eles não olham.
-- Eu não digo.
-- Apenas simulo.
-- Não é verdade.
-- Porque os comensais falam com eles.
-- O meu garfo que tinha espetado uma mosca serviu para meter a mosca na minha boca.
-- Adorei a mosca.
-- Ia eu dizer.
-- Mas não podia adorar porque não prestava.
-- Não adorei mosca nenhuma.
-- Estava mas era a olhar para a testa do casal benfeito.
-- Com os olhos em lágrimas porque o processo estava a levar algum tempo.
-- Entre chegar e partir.
-- Como podiam começar?
Não havia escolha que resguardasse o casal das balas que às vezes entravam, e que outras vezes provavelmente não entravam; e atrás um encantador, embalsamador de corvos, outro dia o bem maior, virado ao rio.
-- No meio da relva do Adamastor lá estava o embalsamador de corvos.
-- Com o tempo por sua conta e risco.
-- Não se alarmavam.
-- Não se enganavam.
-- O embalsamador de corvos foi.
-- Não deixou rastro algum.
-- Por isso o casal não pia.
-- No seu lugar apenas olha e deixa que eu veja e olhe com descrição.
-- Há precisamente uma vantagem muito grande nesta amostra de vantagem mais ou menos perdida.
-- Essa tem de ser grande.
-- Não se percebe a hora e o lugar que acaba na serra.
-- Não se percebe bem como se deve iniciar a macabra tarefa de recolher os cadáveres do Poço dos Mortos.
-- Talvez descer.
-- Talvez com uma escavadora para tirar entulho ou outra coisa.
-- Não à mão de semear.
-- (Os mortos ainda não acabaram o Poço), – dizem.
-- Tem a missão estampada nas valetas.
-- E os homens assim se obrigam fora das vistas.
-- Mas é estranho que o coração fique chumbado na carne verde.
-- Por dentro e por fora.
-- O sangue das guelras dos peixes para melhor surfar.
-- Estes pequenos não se lembram
-- E não há amostras de sangue verde para possível internamento.
-- Já percebo todo o trabalho que tem sido feito.
-- Com muita determinação e pensamento estratégico.
-- Já tenho de recorrer às minhas fontes.
-- E aos meus três sentimentos que não se descriminam.
-- Mas que têm a função de me blindarem à prova de bala.
-- Todos os dias pressinto isso excepto hoje que aqui estou com a Gracitara de serviço.
-- Um pouco maneta e descarada como a outra avistada em cima dum burro com os lados contrários.
-- Não a ver mas a deitar para o lado a vagina atravessada por uma pedra de giz.
-- Ao menos não se digladiam.
-- Mas isso não pode ser.
-- Talvez na horizontal.
-- A vagina atravessada por uma ideia frouxa fá-la no plano horizontal pecado dos pecados.
Não sabe a Gracitara da memória, que foi vista com a vagina ao contrário; e as mamas não podiam ser iguais às outras; e apenas havia um interruptor em casa, e ainda por cima as lâmpadas estavam fundidas; e portanto que se fornicassem os interruptores.
-- Não prestavam.
-- Para nada.
-- Não.
-- Cabeça de abóbora.
Calazar e companhia aberta ao meio foram depois da queda natalícia, nesta terceira ordem ficou estabelecido o que devia a Gracitara fazer para que o ramo continuasse.

Cena
31) Terras da abelha não com o embalsamador de corvos. Semblante macilento e retorcido com as estrelas a vibrar com intensidade na terra da abelha

Com o seu destino a caminho da vírgula, ou do ponto; mas isso é uma coisa passageira; os últimos acordes estão a dar-se na igreja matriz do Papa-Terra, ao lado da catedral; não essa, nem no Papa-Terra; ao contrário de outros, tem mais com que se preocupar; a cadeira virada para o ar, a Graça agora mesmo na rua do Loreto, não que eu tenha visto, mas porque me disseram estarmos tramados se não descermos como os milhares, através da catedral até ao Poço dos Mortos; esse caminho é agora encontrado na mesma romana posição, debaixo da terra, lá em baixo, debaixo dos bancos dos réus.
-- Ah tristeza suprema.
-- Não deixeis as tentações outra vez na praça.
-- Que do certo ao errado o soldado não foi para a guerra.
-- (Foi a sorte a prazo), -- querem dizer todos os outros acrobatas.
-- Aqui dentro eu deixo-os como quiserem.
Até digo outra coisa,
-- Deixem entrar na garagem do carro.
-- Por cima da porta.
-- É o mesmo de sempre.
-- Com os faróis partidos.
-- É por cima do painel que se vê melhor.
-- A rua do Loreto está atrás das costas do bairro.
-- Vai por aí acima.
-- E eu por aí abaixo.
-- Sempre com a supervisão do filme.
-- Não.
-- Se fosse embora.
-- Não.
-- Se pudesse perceber os sinais que se vão evaporando.
-- E esta fase louca do dedo e da mão é para passar à história -- diz-me a Gracitara, muito discreta hoje.
Está muito parada, hoje, que foi o minuto de ontem, nos segundos de hoje, ela, a mesma, nesse intervalo, como se transformasse; depois, mais aberto, o tempo a descer; por aí temos de entender, esta primeira, não que tenha; mas não tem.
-- Não se pode adiar -- digo agora que estou bem-disposto, depois da entrada ainda há bem pouco tempo.
A servirem são rápidos, mas o pior é não servirem o homem da porta que não está, nem o homem dos frangos; agora, na próxima, o tempo, de propósito, debate-se a fluir pela Calçada, enquanto os preços galopam como cavalos sem freio; é um tempo de guerra, na Calçada, em direcção ao Poço dos Mortos; é aflitivo, mas eu não vejo, eu apenas quero ouvir alguma coisa, mas não quero cheirar a morte cheirando a esterco e a carne adocicada, não quero, antes deixar-me enterrar aqui, de perto, com as algemas que a Gracitara me quer pôr; mas eu não me importo, são umas algemas de brincar, e ainda que fique preso até posso partir a cadeira, é tudo possível; mas os comensais não podem ver estas manobras, que só são vistas com óculos especiais, comprados ali, na tabacaria ao lado da Biju, e até são baratos, e recomendo-os, no fórum; mas não os compraram, nem se prestaram a deitar fora, está previsto o contrário do que se tinha pensado; não é por mal mas os óculos têm algum descontrolo de despesas; essa casa não é a primeira a prevenir o Joni, que está fulo ao balcão; e porque assim é levou com um sabonete na careca, e aquilo pode ser de doido, mas ninguém viu donde veio nem quem o atirou; ficaram a assobiar para o ar, enquanto ele andava às voltas, com uma cara vermelha, pior que o demónio.
-- (Se queriam ver os milhares para o Poço dos Mortos fossem lá para fora), -- gritava ele.
E os comensais apenas diziam que sim com as queixadas e depois não se ouviu mais nada; e nas imagens da televisão, que era a preto e branco, ainda não se vira o dia da inauguração.
-- (Só patrões eram mais de mil), -- disseram.
E os milhares eram mato, todos bem-dispostos, na graça de deus e água benta; se quisessem podiam deixar.
-- Ah não vou para aí.
-- Não quero.
E não queria, nada por nada deste mundo, na confusão dos milhares era melhor pedir reforço de verba, já estavam na dobra de baixo do caminho, a correr com todos os pulmões abertos e dispostos a não voltar atrás.
-- Mais um.
-- E disse ele,
-- Aí vai mais um.
-- E os milhares vieram outra vez com a lengalenga,
-- (És tu).
-- (És tu).
E eu nem sabia como meter-me debaixo da mesa, que apegado à mesa já eu estava; sem dúvida que havia uma porta fechada por alguém; e ninguém entrava nem saía, segundo eu próprio via; e meu pai não era por essa porta que entrava, e eu não sabia; o mais de mim o que podia fazer era perguntar a alguém: o princípio da verba em que ponto se baseava.
-- Em que princípio.
-- Ah bem.
-- Estamos neste ponto de viragem.
-- Para os amigos apenas justiça.
-- Para os inimigos apenas injustiça.
-- É lógico.
-- De pontapé na cova dos mortos só acontecendo o rigor do morto.
-- Eu posso andar para a frente sem perigo nenhum.
-- Ouve-se mesmo o eléctrico a passar.
-- A guinchar por todos os poros do corredor do Calazar.
-- Enquanto tal não sei se está aos safanões em alguém.
-- Senão entra numa escala de um a dois.
-- Não sabe se há perigo na casa dos trinta.
-- Senão os Adiposos ainda não.
-- Os Adiposos na encomenda ainda não apontam.
-- E ainda não.
-- Os Adiposos em torno da obra ainda não gastam menos.
-- E precisa menos dos milhares esganados.
-- E se eu vir a bola batida pelo guarda-redes aí juro arregimentação.
-- Pelas barbas da contabilidade.
-- Bem feito.
Com os contornos e a ponta fina da esferográfica a letra bem afiada, ainda no tempo de cores diferentes; e se aprendi, com certeza bem, assim estou bem, ainda com o pensamento ali, estou confiante em tudo, bem desejo agora as contas dos milhares; entre os destinos das ruas os milhares, dispersados, voltam a dispersar.
-- (O rosto é incerto e o dinheiro rompe no rio amargurado), -- dizem eles.
No dia em que principiaram a olhar para trás, são bem os olhos dos outros, ainda de porta aberta, a vender fruta à porta da loja, na rua, agora e sempre; a rua, em bruma, o nevoeiro, a neblina a esconder a rua das vistas dos milhares.
-- Não sei.
-- Ainda bem.
-- Se Calazar faz não olho.
-- Caramulo e olho azebrado
-- Só o nome engana.
-- É por tudo.
-- Sem um mínimo de certeza.
Semblante macilento e retorcido, com as estrelas a vibrar com intensidade pelas terras da abelha, não com o embalsamador de corvos; nessa travessa foi onde entrei para ver o jogo de dados na Calçada; uns bons a tentar enganar outros bons.
-- Não, um.
-- Não se aproximem.
-- Ainda bem.

Cena
32) A olhar para baixo com medo da baleia em forma de vidro. Um dia atrás foi assim em todo o cativeiro dos pobres

-- A minha Gracitara agora está mais acordada.
-- Estes dias quentes permitem o acasalamento por natureza.
-- Francamente.
-- Não estou a ver como ela me tirará as algemas.
-- Ela não está na disposição de me libertar.
-- O nome dela o que quer é desertar para a terra dos nove.
-- Mas eles não vão.
-- Não vão porque querem mais dinheiro do que trazem.
-- Não têm consideração.
-- Ah, se eu visse.
-- Se eu soubesse que essa contabilidade tinha Joni.
-- Ainda bem.
-- Estava aí com as devidas funções à espera.
-- Sim.
-- De conceder mais esquecimento.
-- Não a todos.
-- Mas a alguns.
-- Não tenho a carreira.
-- Nem a pretensão de saber alguma coisa.
-- Só vejo o corredor.
-- Com os bancos juntos ao balcão.
-- E umas peruas.
-- Galinhas de aviário.
-- Nas caixas a berrar.
-- Ca, ca, ra, ca, ca, ca. 
-- E por certo.
-- Não.
-- Este pudim.
-- Não.
-- Este palhaço.
-- Não.
-- Este carrasco.
-- Não.
-- Beco do Carrasco.
-- Não.
-- A forca com eles debaixo dos olhos.
-- As estrelas a uma distância inferior.
-- Esse céu não se vê.
-- É uma mentira pegada.
-- A lua também não foi.
-- E o sol.
-- A cadeia de montanhas.
-- Até agora não há propósitos encantados por esse lindo dia.
-- Este programa.
-- Eu disse,
-- Não estás a ver?
-- Levas um cachação que te deixo à banda.
-- É só dizeres.
-- Estou pronto para te dar.
-- E se eu te der.
-- Não.
-- É aquele o fulano?
-- Aquele, atrás da taça de veneno.
-- Eu próprio dou-o à borla para se matarem.
-- Não.
-- Ainda assim mais salutar do que lhes dar um apartamento.
-- As mais altas individualidades.
-- O Joni disse,
-- Estão lá fora uns senhores que querem falar consigo.
-- E eu,
-- Tá bem, - podem entrar.
E fiquei com o guarda-chuva aberto, em caso de aflição, estavam a perceber o que eu queria dizer.
-- Tenho toda a autoridade.
-- Não é bem assim.
-- Desces a Rua da Rosa.
-- Já lá estás entregue a uma serena compaixão.
-- Por isso não corta o pão.
-- Não dá esmola.
-- Não dá filhoses.
-- Não dá bodo de leite.
-- Mas aqui é diferente de comprar e de vender.
Uma décima de segundo mais tarde desce pela Rua Alexandre Herculano, e deixa o espírito percorrer os espaços; e o espírito volta e não está bem-disposto, a olhar para baixo, com medo da baleia em forma de vidro.
-- É um peixe do mais saudável com batatas quentes.
-- Já constou que se vão deixar da caça nestes mares.
-- Mas na Biju a baleia está a um canto desfeita pelos amores.
Um dia atrás foi assim, só em todo o cativeiro dos pobres, desbaratou-se o espírito; não na onda dos milhões emprestados com dinheiro barato, a juros inferiores aos dos modos dos outros intestinos, com desgarrados esforços perdulários; arrasados todos com as novidades em cima da mesa, o canto da casa numa conta de guerra; entre um e outro não se vê mais nada, em conjugação.
-- Não atrás da mira.
-- E eu espero por informações
-- Com o garfo numa mão e a colher na outra.
-- E os cotovelos na mesa.
-- E o queixo apoiado nas mãos alvas.
-- Galinhas ali.
-- Aqui mesmo para a panela.
-- É o caminho destas malucas desmioladas.
-- Comendo miolo de pão com estrumeira a saber melhor.
-- Entretanto estou mais vazio a perceber.
-- Mas eu não.
-- Olha, se percebes, fica contigo.
-- Estás a mostrar a tua sapiência.
-- Mas não precisas chatear-te.
-- Mas eu não tenho nada para te dizer.
-- Por isso chateio-te em linha com os últimos acontecimentos.
-- Chateio-te que tu bem sabes.  
E lá vem outro a meter a pata na conversa.
-- Posso? -- Disse ele.  
-- Claro.
-- Olha -- diz ele.
-- Eu,
-- Se o tipo deixava de aturar calaceiros.
-- Nunca fez nada na vida.
-- Deixava de aturar calaceiros.
-- Era isso que fazia.
-- E não estava com meias medidas.
-- Olha, então vai-te foder.
-- (E desse modo foram).
-- (Deixaram).
-- (Acabaram as conversas).
-- Não tinha dito para onde ia.
-- Eu não vou para lado nenhum.
-- Achas que isto vai ficar pior?
-- Eles querem-se matar.
-- Não, eles já se estão matando.
-- Porra, somos civilizados.
-- A civilização é uma merda.
-- E é uma merda tudo o mais.
-- Estás ao meu lado.
-- Digo,
-- Sim, estou ao teu lado.
-- Não percebo nada.
-- Pois então bai-bai.
-- (Não estava a perceber).
-- E também eu não estava,
-- Os cosméticos da dona Gracitara estavam.
-- Não se colhiam.
-- As prioridades estavam e cheiravam a esturro.
-- Estornicavam na panela de aço.
-- Ao fim diz-me,
-- Não sei os teus propósitos.
-- Não olho.
-- É porque tens o pescoço torcido.
-- Não é não.  
-- É porque o teu pai é um asno.
-- E eu olhei,
-- Mas não precisas de insultar as pessoas.
-- É por causa da mudança do governo,-- disse.
-- Ah bem, assim compreendo.
-- A guerra na linha da água,
O poder do Joni era para se ver, ao cabo de baixo da terra com as empatias verdadeiras, uma verdadeira lição diplomática, não fosse a companhia a gritar, ainda para os lados da Calçada.
-- (És tu).
-- (És tu).
-- E tudo estaria bem.
O som tinha de ser, e os demais comensais estavam agora mais alegres, porque tinham visto que o tempo ia ter fogo posto nos seres e no gado, a não ser que pernoitassem na casa do casebre; naquele preciso momento, todos se deram conta de que estavam com alguma queimadura, ligeira embora; como seria de esperar e perceber, esta fase da chama que ateia o fogo, ou que dele deriva ou sai; e saque; é desse modo o fogo gritado e usado na corrente sanguínea, que deve ser misturado e guardado para os tempos necessários; brigam eles, o fogo com as palavras; e no andar da minha senhora Rapoula os cavalos e os cavaleiros entram nas cavalariças e de lá não saem, a não ser que vejas bem lá dentro os ovos, as galinhas e as torneiras de oiro para os cobóis; não se ensina, podes ter a certeza que te vai buscar mais cedo ou mais tarde; os barcos patrulhas da marinha trazem-te pelos colarinhos; nem uma palavra sequer, e assim foi o comando geral, que por via do casal conseguiu pôr mão no parto de negas, negas tu e nego eu, estava na minha vilegiatura, com os jornais e o gado larvar, quando me disseram da nega uma dúzia de vezes.
-- Vejam só como eles navegam.
-- E ainda te ris meu filho e meio.
-- E meia de leite e de mel.
-- Mesmo na terra desenfreada.
-- Os pares de dança já não estão.
-- Os sujeitos esmifrados.
-- Contemplados com as propinas para o ano.
-- O dobro.
-- A dor.
-- Estas desgraças prevaleçam sobre outras mas não dá para espremer.
-- Era o tanas.

continua...

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