texto nº 8
dos efeitos das marés nos cabelos das árvores
Cena
36) Não me falem dentro de dias dos segundos desta mesa.
Aqui todos os dias recebo não por cada dia mas no segundo imediato
Parte de sempre
com a caridade na presença de mim, na igreja de todos os outros, em apertos e
na consciência; essa denota as curvas da fatalidade, ainda que sem as palavras
do início da curva, desvalorizada.
-- Já as peças
da mesa onde me assento são divergentes.
-- Todo o valor
que se agarra não se interessa.
-- Por digerir
as cantiguinhas.
-- Os acordes de
saudade.
-- A esta se junta
a inutilidade.
-- Apregoada
entre tantas outras categorias distintas.
-- A ver se a
luz do dia entra.
-- A voz outrora
possante pode não ser.
-- A partir duma
pedra aberta para o ar.
-- Não se olvida
as entradas nas bibliotecas.
-- As livrarias
pontos de saber.
-- Aos gritos os
livros nas prateleiras.
-- Nas montras a
esquentar o lugar deles.
-- Aulas deles.
-- O melhor para
ser levado.
-- De prateleira
em prateleira.
-- Os livros
então descidos a um tempo.
-- Nesse mesmo
lugar não me permitem.
-- Mas tenho de
permiti-lo.
-- Não permito.
-- Mas tenho uma
veia rasgada.
-- Tenho esse
assunto na eterna permanência.
-- Entre dois golos
de água.
-- O suor a
crescer.
-- A subir a
ladeira do mato.
-- Com a mochila
às costas.
-- A trinta e oito
graus.
-- O azul dos
céus.
-- Sem uma nuvem
nas montanhas azuis.
-- Lá para o
norte estrelar.
-- Eu próprio subi-o.
-- Desci-o.
-- A esse tempo
o suor.
-- O cansaço.
-- As pernas.
-- Mas tenho de
persistir.
-- Em
complemento dos livros.
-- Uma de dez na
altura em papel.
-- Doutra vez em
tabletes de plástico.
-- As
bibliotecas a bom preço.
-- Fugitivos dos
mutadiços na curva seguinte.
-- Ah, esse jogo
está para durar meses.
-- A minha Gracitara
impecável.
-- Tem um dia de
me dizer porque não me descrevo a mim mesmo.
-- Na minha
idade.
-- Rodeado de
florescência.
-- Sem o mínimo
de tarelo.
-- Olha que vou
dizer nada.
-- Os donos
multiplicados.
-- Agora na
minha frente.
-- Da minha mesa
redonda.
-- Com suspeitas
do alcatrão.
-- Esses donos
da sala entram.
-- Não dizem uma
palavra do tecto à parola do andar de cima.
-- Não detrás da
bagunça do eterno.
-- Mas tem de
ser dirigida com mão de ferro.
-- Por cima ainda
não entendi a noite.
De volta à sala,
sempre é preciso, de vez em quando, dar uma de vigilante, nos termos precisos
em que dão por tecto o máximo da dívida e dos produtos, supostos numa
verdadeira corrida contra o império.
-- Por baixo têm
a suposição do laboratório.
-- Não da terça
parte.
-- Não é preciso
tanto.
-- O negócio é
que precisa de uma reserva especial.
-- Se quiserem.
-- Em primeiro lugar
tu.
-- Depois que se
concertem em dois como deve ser.
-- Prémios
supostos em volta dos quais há a deriva.
E assim não
podem os comensais agitar as suas bandeiras com as suas queixadas; e se me
insultam não me sei defender.
-- Tenho a impressão
distante voltada do avesso.
-- Tenho a
partir deste momento de me igualar.
-- De ir para a
frente.
-- Não posso.
-- Ora.
-- Não digo.
-- Não discuto.
-- Não bato com
o talher numa mesa.
Sossegado, com o
nariz arrebitado, fecho-me na minha cara, sem desejos de nada, e sob o controlo
estratégico da sala nublada, com todos os efeitos da luz, clara como água, duma
claridade espampanante, nem uma sombra dá, porque a luz vem de cima, do tecto
para baixo, com toda a força.
-- Estamos
sujeitos a isso.
-- Quando me
levanto os meus sapatos furam-se com dois pregos.
-- É sempre um
grito lancinante que se ouve por todo o lugar.
-- Até à Calçada
a descer para o Poço dos Mortos.
-- Vai um de
bengala.
-- Não vai um de
mota.
-- Não vai um de
carro.
-- Não é por uma
entrada secreta.
Também não é por
um não comprido, que se estende até um escorregadouro; e o patrono, deitado
nesse escorregadouro, de cabeça para baixo, toma tamanha velocidade, que chegando
lá abaixo já não chega, porque se desfez em mil pedaços de carne e ossos, a
voar, cortados pelas serras do escorregadouro.
-- Ora isso não
é bem assim.
-- É mais para
ver se alguém está a pensar.
-- Porque se
houver alguém nessa situação tem de se desligar o pensamento.
-- Nós todos que
estamos nesta sala há alguns segundos temos o privilégio de estar à frente do
tempo.
-- Porque percebemos
quanto devemos estar agradecidos, -- isso me diz a Gracitara.
Agora aparece
ela, e depois vai-se embora outra vez; mas eu também não sei, porque eu queria
uma dose e só posso ter meia dose de carne de cavalo, ou de sardinhas, também
muito bem vendidas; aqui, todos os dias recebo, não por cada dia, mas no
segundo imediato, a previsão dos segundos, a partir duma previsão perfeita,
sempre para a Rua das Chagas até ao próprio elemento da água; a outra face
acorda e desce, por entre as velas dos moinhos que de vez em quando invadem,
não por isso, mas porque têm o mesmo comprimento.
-- O mesmo
portátil.
-- A partir de
seiscentos euros a dúzia.
-- Já na altura
se comprava.
-- Agora na
minha casa.
-- No quarto
virado para a varanda do Galego há gente suficiente.
-- Mas na casa
dos sono-uva todos penam nas camaratas
de verão.
-- A zona aquece.
-- E nem uma
aragem misericordiosa que venha do rio.
-- Salvo seja.
-- Pronto.
-- Está na vez
de se entregarem a eles.
-- Está bem o
coração da terra.
-- A primeira
vez que mereceu dizer foi por essa arte.
-- Não na
seguinte.
-- Era assim eu
mesmo.
-- Sem uma pinta
de sangue nas veias.
-- Directamente
a escorregar.
-- Não me falem
dentro de dias dos segundos desta mesa.
-- Há a vegetariana.
-- A comilança.
-- O menu barato.
-- A partir
deste momento há a comida dos países em convergência.
-- Na melhor das
hipóteses.
-- Quem se
quiser pode apartar.
-- Não eu.
-- Não estou
vendo as cores.
-- Estou embirrando
a não mesmo mostrar quando o que quero mesmo.
-- O que queria
mesmo era sangue.
-- Matar.
-- Fornicar.
-- Morrer até ao
fim.
-- O que devia
ser o meio da própria ave.
-- Mas evito os
pensamentos.
-- Atarraxo-os
com grandes parafusos.
-- Eu encolho-me
em mim mesmo no estúpido ser.
-- Aperto para
dentro com força.
-- Arrocho.
Cena
37) O que mais interessa é a ordem de chegada e a maneira de
progredir. Percebe-se que está agora na onda dolente a subir e a descer a areia
dunar
Na garganta.
Não desejo ver
mais ninguém, até ao fim do mundo, nas mais desertas estâncias; e posso alegar
o meu jovem talento, ou ainda alegar a rápida degenerescência dos níveis de
radiação; e posso também perdoar, se for possível, a qualquer momento; mas eu
não quero perdoar, porque o que me faz assim é esta mania de andar a puxar para
o lado da desgraça, não o tempo suficiente; e entre os demais não se entende; e
o caminho que é traçado não corresponde à crítica, nem pode o ser entrar na
outra linguagem.
-- Proceder a
versão diferente.
-- Nas mesmas
artes.
-- Eu desejo pois
não apertar mais o coração.
-- Se o tenho
não mostro outra coisa a não ser a forte, a descomunal força que limpa tudo da
frente.
-- Este princípio
da caixa é para sempre.
-- A que está
ali para levar espetos coloridos.
-- Atravessados
no corpo.
-- Engasgados na
garganta.
-- A tal do meu
peito para cima.
-- Com a condescendência
do olho direito.
-- Se o mais que
puder.
-- Possa ser daí
em diante.
-- Então que se
faça com urgência.
-- Ah, meu caro.
-- Não tenho
essa grande e eloquente imagem.
-- Com os
desejos inteiros.
-- Não tenho a
maneira de não ter.
-- A
impossibilidade.
-- Essa é a voz.
-- Uma a seguir.
-- Que destitua
a outra voz.
-- De regresso à
luz.
-- Não por aí
adentro.
-- Mas de mim
próprio o que resta são as pedras.
-- Os passeios
percorridos sem fim.
-- Porque de fora
respiro mais direito.
-- Não dentro de
casa.
-- Não a pé de
orelha.
-- Acuado entre
as paredes de betão.
-- O olhar azul
do mar.
-- Não na janela
a alturas enormes.
-- Com o medo
das alturas.
-- Essas quatro
paredes é que me levam para os mutadiços.
-- E nos mutadiços está a decorrer uma
conferência.
-- Mas eu não
vou porque me quero distante.
-- A dois mil metros
de tudo.
-- Uma vez não é
de mais.
-- Não cura o
terreno.
Destino, o
primeiro que se segue; curto o favor de entender; mas nas mais paredes a única
é a sala onde estou, porque não tem nada de nada e ninguém é de lá; e por isso
não falo com ninguém, nem comigo; e não me digo o que sou; ainda se fosse
descobrir que na rua é o sítio da minha alma, ou ela está mais à vontade lá, porque
lá sou como um cão, sem pensamento e sem consciência.
-- A mim
deixam-me escorregar.
-- Quase até ao Poço
dos Mortos.
-- Numa terra rubra.
-- Na qualidade
de visitante.
-- Esse queria
ser eu.
-- Para ver de
perto a horrível cátedra enfiada num balázio
-- Mas não me
deixam.
-- É dito,
-- (És tu).
-- (És tu).
Não me
cumprimento.
-- É dito,
-- (És tu).
-- (és tu).
-- Nesta
direcção.
-- Já não tão
longa como isso.
E decorre desta
memória, que não me chega a mão salvadora no terreno que percorro; e com o meu
dedo aponto a tecla; e avança a campainha do comunicador por tele transporte;
ainda mais se for a participação muito activa e verdadeira.
-- Todos à uma
embarcados no navio em diagonal.
-- O que se faz
é preciso fazer, -- é dito nas entrevistas do Joni.
O mesmo que anda
de roda das mesas, afortunado, a comer com os empregados; mas é para se ver.
-- Este tal Joni
disse mais adiante,
-- A Calçada deixará correr.
-- E depois não.
-- Deste modo
foi dito que para os comensais tudo devia ser reservado.
-- Está bem.
-- Não se está a
ver se seguem este caminho.
-- Na frente é
que se mandam em conjunto.
-- Com a imagem
do caracol a comer ervinha seca.
-- Eu bem digo e
bem reservo.
-- Tudo tem de
ser preservado.
-- As primeiras
vezes.
-- O mais tardar
não.
-- Com a mão da
terra.
-- Tem de ser depressa.
É assim de fora
da rua na Biju que cresce de dentro.
-- Não é fora.
-- Nem é dentro.
-- É a meio caminho.
Onde a alma está
bem informada das suas guerras; e quem faz isso é o Ora Entorno, a descer a rua,
ou a subir, ou nas suas funções diversas; que pode ser boa gente, ou uma muito
boa pessoa, ou uma muito má, a quem se pede o cumprimento zeloso do governo da
casa, em bravas zaragatas.
-- É hora de a
minha bem arranjadinha casa receber o tipo.
-- Ele desce.
-- Ele está na
luz da noite.
-- Tão irreal.
-- Aos pedaços.
-- As bolas
desmembradas.
-- Rapidamente.
-- Aquilo tem
várias imagens e faces.
-- Pode descer.
-- Ou subir.
-- Ou entrar.
-- Ou sorrir.
-- É essa a
função do Ora Entorno.
-- A dar-me as
instruções desabridamente.
-- Se eu quiser
que me amole.
-- Já sou bem
crescidinho.
Digo tudo o que
tenho a dizer, já montado no meu cavalo de tróia.
-- Sinto-me a um
mês de distância.
-- Mas como está
prescrito é ao mesmo tempo a calma dos outros.
-- Em absoluto.
-- Na mesma.
-- A minha alma
voa para os pais.
-- E para o
lugar remanescente.
-- E volta outra
vez.
-- Com as
imagens anteriores.
-- Onde queria
ficar para sempre.
-- O trabalho é
mudar as imagens para os lugares certos.
-- Eu digo,
-- Deixaremos a
casa da Gracitara muito brevemente.
-- Com rumo à
liderança do lugar de chefia.
-- Para que sim.
-- Para que dê
mais algumas alcavalas.
-- A entrar pela
porta do cavalo.
-- Eu bem sei
como se jogam estas coisas.
Uma vez desciam
as escadas os sono- uva, sem receio,
com enorme pressa, todos à uma; e depois de se ver bem, percebe-se que está
agora na onda dolente, a subir e a descer a areia dunar.
-- Mais nada se
diga desta intensiva resistência.
-- Saberás como
se devem promover.
-- É verdade que
sim senhor.
-- Está no bem
eterno.
-- Que se quer
maior de todos.
-- Ah, essa
situação não está planeada.
-- Não se está a
ver o condicionalismo.
-- Não se
entende a verdade.
-- À esquerda de
todos os demais.
-- É a função do
Ora Entorno para mim.
-- Para a minha lá.
-- Apertada
entre as paredes e as ruas.
-- Não foi dito
que a diferença não tem cabimento nestas estruturas.
-- O que mais interessa
é a ordem de chegada.
-- A maneira de
progredir.
-- Eu disse,
-- Estou com
muita fé.
-- Estou à
espera dum milagre.
-- Mas o outro
disse,
-- Então vais
esperar toda a vida.
-- Ah, és bem
cruel,-- respondi, -- porque queres que seja assim?
-- Não quero.
-- É mesmo?
-- Não quero.
-- Se eu
soubesse não queria.
-- Se eu não
soubesse também não queria.
-- Está a rolar para
a estrada da beira.
-- Para o outro lado.
-- Mas em
chegando ao outro lado volta a rolar para cá.
-- É passageiro.
-- O objectivo dele
é outro.
-- É o de agregar
as mais-valias.
-- Já se disse
isso.
Elas são o sal e
o sumo do corpo da Calçada, a deslizar para o alto, não para o fundo; mas se
for também é o mesmo que não ir.
Cena
38) A não ser que a sirene da ambulância rasgue a cena da
cidade. Ela foi muito educada e não rejeitou a ideia de lá ir à porta de Azangar
-- Não me
importa nada disso.
-- O outro que se lixe muito bem lixado.
-- Meta o
focinho no chão.
-- À cata de
minhocas com pão de centeio.
-- A minha
ilusão é na rua.
-- Se posso
dizer assim.
-- Não tenho a
certeza de nada.
-- Quero que
todos me deixem em cima da terra.
Ora, a terra
pode ser a rua, virada de todo; mas eu não sei se é igual o lugar onde estou ao
lugar donde eu vim, ou ao lugar para onde vou.
-- Essa dos
lugares consoante os lugares é que marca a diferença.
-- Se um é igual
a outro.
-- O outro tem a
mesma proveniência.
-- É assim que
estou entendendo o tempo todo.
-- Com a massa
na cabeça.
-- Não estás a
perceber.
-- Essa do Ora
Entorno não tem razão de ser.
-- Ele percebe
os sons da aproximação do vento.
-- E ainda atrás
dele tem o edifício completo com os outros Ora Entorno.
-- Os outros.
-- Novos e
velhos.
-- E doentes.
-- E elas e eles.
-- Estão lá
naquele casarão do Ora Entorno.
-- Donde ele sai
todos os dias.
-- A fazer o
trabalho no máximo rigor.
-- Com os olhos
postos no chão.
-- As ave-marias.
-- Os mutadiços também seguem esta senda.
-- Mas se for pela
ave-maria não dá o mesmo valor.
-- A que se
percebe é a que tem as valetas e os bueiros.
A estrada e a
rua, e os que são de fora, acham que o primeiro a ver tem de ser o melhor, com
a experiência exterior aos actos arrasadores; e ao mesmo tempo que se fracciona,
a questão entre o primeiro e o segundo, e entre as montras, tem a sua
prioridade; e as ruas, e as casas; e as camaratas e o quarto têm a sua
prioridade ao virar da esquina.
Eu digo,
-- Faz a cama.
-- No quarto faz.
-- E olha para a
mesinha de cabeceira.
-- No privado.
-- No aconchego
da casa.
-- Sem ouvir.
-- Sem uma nesga
de luz natural.
-- O Joni já
está fulo de tanta parvoíce.
-- Se eu
acabasse com ele estava feito.
-- Porque não
desdenhava nenhum valor.
-- Na próxima
esquina é preciso ter em atenção todos os ramos de trombose.
-- A menos que
se queira.
-- E se não for
o caso está radiante.
-- Sim.
-- Um ramo de
flores para ti.
-- Se puderes.
-- Sim.
-- Se puderes.
-- Não tens receios
que te deixem aí nessa cadeira para sempre?
-- No segundo imediato.
-- Não seja por
ocasião do milénio.
-- Todos
festejaram a noite.
-- Mas se desse
o efeito contrário não.
Eu tenho a obrigação
de meter a cabeça na janela e gritar com tanta força que acabo por deixar de
ver, e só me tenho a mim mesmo.
-- Não quero a
própria frente.
-- Não.
-- Se vier aí
nesse tempo pode ser.
-- Acontece com
os melhores.
-- Que eu já vi.
-- Têm o condão
de navegar ao de leve.
-- Ah, se entram.
-- Deixem entrar.
-- É assim que
vejo a minha Gracitara a correr esbaforida.
-- Vem da
cozinha muito aflita.
-- Mas eu não
sei porquê.
-- Depois ela se
posiciona a um canto.
-- Ali fica a controlar
o ambiente.
-- Digo ao outro,
-- O que terá
acontecido à gaja?
-- Não sei.
-- Não faço
ideia.
E assim fico, a
olhar para as minhas mãos, cada vez com mais vontade de ir ao quarto de banho; mas
se ainda não me soltaram, como poderei resguardar-me das mãos?
-- O mau feitio.
-- Não sabe.
-- Ninguém em
especial.
-- À revelia da Gracitara
os rapazes sem nome.
-- Não sei o
nome deles.
-- O Joni apenas
está no seu papel de dono.
-- E os outros nos
papéis deles.
-- Ainda agora
possam desistir se quiserem.
-- Os pais são bem-feitos.
-- Aqui ao lado
desta sala há uns teatros bem apetrechados onde cabe lá toda a tralha destes.
-- Ao presente.
-- E ao futuro.
-- Se o trilho
for este.
-- Mas as cenas têm-se
revelado constantes.
-- Do meu quarto
para o lado sul não se ouve nada.
-- A não ser que
a sirene da ambulância rasgue a cena da cidade.
-- Percebo
individualmente o dilema.
-- E causa-me uma
estranha sonolência.
-- Nas
frequências anunciadas.
-- Desde já
tenho de apresentar as minhas condolências.
-- Ainda que
seja cedo têm o direito à boa memória dos velhos tempos.
-- Ah sim, --
diz o outro, -- estás mas é maluco.
-- Não estou não.
-- Não me
pressiones senão vais ver como não pode ser.
-- E nesse
entrementes entra o esbaforido Ora Entorno,
-- Ordem dos
superiores.
-- Têm de ver a
análise de património para de seguida se processar o estudo necessário.
-- Já disseram
que o processo vai longo mas que será resolvido a tempo.
-- Se for o caso
atinado tudo pode acontecer ao mesmo tempo.
-- Não há uma
primeira.
-- Ou segunda.
-- Nem uma
sequência directa com o assunto.
-- Mais vezes
ele assume mais vezes ele responde gloriosamente,
-- (És tu).
-- (És tu).
-- E eu não sei
nada disso.
-- Porque devia
ser de outra maneira e é desta.
-- (É desta e
ninguém contesta).
-- Estava a ave
de rapina olhando o mistério maior.
-- E se não
fosse o outro já se estreava a matar.
-- Salta um
coelho de lá dos céus.
-- Lá vinha ela.
-- Foguetão até
ao manjar.
-- As carnes
rasgadas do roedor.
-- As vísceras no
ar misturadas com o sangue.
-- Ninguém está
à espera para se promover na indústria do gado.
-- Não, outra
coisa, -- devo dizer com muita solenidade.
A rua da Calçada,
que vai dar ao Poço dos Mortos, tem várias campainhas nas portas, e se todas soarem
ao mesmo tempo, temos a ilusão de cascata em três dimensões; e sobre isto basta
a informação.
-- Como está o
senhor primeiro-ministro?
-- Estou bem,
obrigado.
-- Até que à
margem da tal lei monopolista vão fazer monopólio para outro lado.
-- A vida aqui é
muito curta.
-- Se me tenho à
parte por tudo isto estou à frente da casa de Azangar.
-- Já não há
lugar pela porta de Azangar à noite
sem a licença generosa de Dial Agalgar.
-- A que sempre entoou.
-- E eu nesta primeira
vez disse a Dial Agalgar,
-- Tu és um monte
de esterco.
Mas em resposta
ela foi muito educada, e não rejeitou a ideia de lá ir, à porta de Azangar, a dar mais proveitos de trinta
dias, pois as férias correm muito bem no parque de exposições e o material vai-se
vendendo, conforme a feira de exposições; e é a semelhança que encoraja a
divisão de peças de automóveis, para andar mais e sem preconceitos.
-- Vinde bem a
ver as vistas de cá de cima do monte mais alto da ilha.
-- A oferecer
uma jóia de valor sem fim.
-- Não devia
receber nem mais qualquer cêntimo.
-- Por favor,
vou à bola.
Cena
39) Certos segredos foram espalhados e toda a sala estava à
beira dum ataque de nervos. E é na palavra que existe o soldado de ouro a guardar
a pedido o quarto lá em cima
-- Ver os
craques nos seus melhores dias.
-- E eu,
-- Por favor,
não descanso da noite anterior.
No maior
silêncio e escuridão eu apalpo o terreno, e o quarto está à minha direita, e é
por aí que devo entrar rapidamente, com o cheiro do limão na mesa e no silêncio,
e em tudo o mais; mas não se satisfaz a que está na minha ausência.
-- Sem perder as
estribeiras.
-- O próximo que
vier terá de acabar no chão.
-- Sou eu o
próximo.
-- Eu mesmo me arrasto
para a porta.
-- Por saber que
sou o mesmo dos segundos que antecederam.
-- Se entro na Biju
tenho receio que me reconheçam.
-- Vejam-me o
antigo indivíduo.
-- Não sem a
razão.
-- Mas aparentemente.
-- Não funciona
na minha cabeça o seguinte preparado ao segundo.
-- Deve ser em
micro segundos.
--
Inevitavelmente.
-- Se estive
hoje ou ontem na Biju sequer tenho a preponderância de seguir a informação dos
vidros.
-- Ou de partir
as montras.
-- Não.
-- Que há-de
mudar de cara.
-- Também ela.
-- E as mesas
resguardadas com os livros.
-- Os cadernos
na correia que antecede o conhecimento.
-- Este é o
favor que me tem de ser feito.
-- Se eu vou
para a Biju faço o seguinte percurso.
-- Não tenho
nenhum sítio onde parar.
-- Sento-me no
passeio em frente doutra casa.
-- Agora maior
de pensamento.
-- As minhas
acções são principalmente os meus recursos primeiros.
-- E dão para mostrar
as minhas mãos em primeiro lugar.
-- Depois saio
para fora de mim.
-- Não entro na Biju.
-- Um centro
maior do que eu.
-- A Biju e a Liége são no conjunto.
-- Depois doutras
três.
-- A mesma cena.
O mesmo dia perdido;
e se estiver ali estou na minha sala, e
não tenho mais nada em que pensar, e olho só para dentro de mim, tão feliz,
ainda porque tenho algum para dormir e comer.
-- A ração
diária da tropa no dia seguinte.
-- O batalhão e
o soldado ficam na frente.
-- Não da casa
mas da terra vazia.
-- Como escolher
entre ficar e ir?
-- Não há como
escolher.
-- O soldado que
desce da Biju em voz de comando.
-- No seu
sentido mais vasto não tem de perceber.
-- E se tiver
que seja bem percebido.
-- Eu digo para
mim.
-- Para o
soldado.
-- Entro na casa
ao lado para não morrer.
-- Um dia posso
sair.
-- Não mates o Ora
Entorno.
-- Logo da
primeira vez em comunhão com a arma.
-- Não podes
depois fazer na terra das águas a rede de esgotos.
-- O frio leva
para diante a carne de cavalo podre.
-- Os dentes
estão amarelos de tanto fumar.
-- Mesmo assim o
soldado tem de estar na frente mais os outros.
-- Na escuridão
e no silêncio.
-- Mas de forma curtida.
-- Com grandes
visores e coletes à prova de bala contra a fome.
-- Os mutadiços já estão há tanto tempo
acampados.
-- Com fome e sede.
-- Nas barracas.
-- Com bebés e
crianças e toda a casta de gente.
-- Os mutadiços têm de perceber que têm de
sair.
-- Eu digo,
-- É compreensível.
-- Nesta hora de
grande aperto é para isso.
-- E se eles e
todos os demais não entendem vai para a Biju.
-- Fecha a porta.
-- Fica na
cadeira.
-- No segundo
exacto.
-- É este mesmo
que aguenta de fora a trama.
-- O soldado cá
está a dar um tiro.
-- Vejo a carne.
-- Os miolos
duma cabeça a respingar.
-- O que foi na Biju
nunca podia ser lá.
-- Não é aí.
Pode é, na volta
dos mutadiços havia o génio solto da
praça Zuleica, nesse tempo de alguém ir para cima. e depois para baixo; ao contrário,
é a manobra vertical que manda aqui, se um te diz alguma, diz-lhe outra, com
uma estratégia adequada; é nesse caminho, à volta da Biju, que ambos estamos,
eu e o outro; na altura, eu não podia
sair da sala, mas pensei, ao
contrário, e depois fiquei lá, sempre ao segundo, com a ajuda de nada; eu
estava feliz, e portanto, para sair dali não queria, e mesmo que quisesse não
saía; era vender as terras todas e eu não queria, até porque os rapazes, agora,
atiravam pãezinhos uns aos outros, e o Joni continuava a fazer que ignorava,
esgaçando os seus dentes muito brancos, porque ele os pintava com um produto
qualquer, para se manter na boa; já a Gracitara, e o casal, e os comensais,
alto lá com eles; certos segredos foram espalhados e toda a sala estava à beira
dum ataque de nervos, aparentemente, a fazer fé no prato, aquele famoso, o da
cozinheira; nesta área do poder é muito importante assumir as tarefas da cozinheira,
com todo o rigor; se não for ela a fazê-lo ninguém dá a vida por uma cebola, ou
um dente de alho, ou sal envinagrado.
-- Dão todos os
prazos possíveis, -- é o que digo sempre.
-- Eu estou a
partir deste momento com o olhar pesaroso.
-- Enquanto não
descanso o meu peito.
-- Ah, não.
-- Não pode o
vigilante sair, -- eu digo.
-- Se da Biju
for não entra na sala.
-- Ou na Liége.
-- Um segundo de
diferença.
-- O que pode
perfazer vários segundos.
-- O soldado
pode entrar no odiado Ora Entorno.
-- É uma óptica.
-- Está bem, soldado,
vou-te dar esta linha de orientação
ligada à bomba todo o dia.
-- Tens de estudar
esta linha.
-- Tens de
perceber o caminho dela.
-- Para teu bem
e de nós todos.
-- Com o reino
do futuro em tuas mãos de ouro.
-- É uma maneira
bem eficaz de dizer.
-- Assim corre
um bode expiatório na graça de deus nosso senhor.
-- Por menos na sala.
-- Por mais na Biju.
-- Sempre
estendidos.
-- Os panos de
limpar as mãos da porcaria da graxa do automóvel.
-- Foi na
esquina.
-- Eu estou a
perceber muito bem porque foi feito.
-- O assunto tem
muitas dezenas.
-- E centenas.
-- E não vai lá.
-- A modos que
não se volta atrás a descer a Calçada.
-- Eu desço e
durmo.
-- Mas não com
muita frequência.
-- Tenho um sono
pesado.
-- Não te
importas que durma? -- Pergunto ao outro.
-- E este está a
dormir.
-- Portanto eu
vou dormir também.
-- Mas não vou
para trás.
-- Não.
-- Escuta o
final da peça.
-- Deixa a outra
banda da rua vazia.
-- Não dá,
senhora cozinheira, -- grito de lá da minha cadeira apertado. – Cozinheira!
Tenho estado à espera da minha pescadinha com rabo na boca e nada.
Em cada segundo
o ouvido fica mais surdo, e em cada segundo a única vez não estava a ver; e é
na palavra que existe o soldado de oiro, a guardar, a pedido, o quarto lá em
cima; por causa do Ora Entorno, não; e do Adiposo, não; eles estão como as
sombras de verão, ao lado da queima e das chamas.
Cena
40) Estão a um dia de começar e nada da cozinha para a
frente. E mais um dia passa e depois outro mas neste segundo é a mágoa de não
saber
-- Com o sentido
da paz.
-- Da claridade
que das sombras nasce.
-- Não é uma
ideia.
-- E depois
outra.
-- Por esta
razão absoluta.
-- Não há desculpa.
-- O Adiposo
ataca mais nos dias ímpares.
-- Para lhe dar
sorte.
-- É a classe
dos sono-uva a mais desditada.
-- A razão é não
haver lugar.
-- Mas mais ainda
é o lugar do morto.
-- Que não há
nessa classe.
-- Que mora
precisamente ao meu lado.
-- No quarto
junto ao Galego.
-- Os sono-uva
têm essa sina arrasadora.
-- Por causa do
lugar.
-- Uma vez que para
eles não há.
-- São levados
para o Poço dos Mortos.
-- É uma clara
ingerência.
-- É um tema
importante.
-- Está bem.
-- De tudo o
mais que se conhece.
-- Não pode dar
de mão beijada.
-- Ah, sim.
-- Bem.
-- Estão a virar
a esquina sem dizer uma palavra.
-- Outros mesmo
não estão para aí virados.
-- Entram.
-- Saem.
-- Misturam-se
com os comensais.
-- Como é que eu
vou saber esta ilusão dos Adiposos?
-- Tem pano para
mangas.
-- Mas não é a
tostão.
-- Vale a vida e
o sangue.
E depois, a
operação dragão é para se cumprir atrás da terra, na casa abandonada, onde
ficam os sono-uva entregues a eles
próprios; e os pais e as famílias inteiras choram toda a vida lágrimas, e
desaparecem no fim, como umas sombras.
-- Essas todas
debaixo desta praça.
-- A rondar.
-- Com os binóculos.
-- Vesgos.
-- Salobros.
-- Já está.
-- Desde sempre.
-- Metida com a
invernia.
-- Não.
-- O preciso
momento nunca chega aí.
E por essa razão,
o Príncipe dos Frangos é a primeira etapa do Joni, com os seus dentes
impecáveis, e a sua vermelhidão; e não é uma carreira muito famosa, mas está
bem, ali atrás, a satisfazer os apetites dos comensais com mão de ferro.
-- Deve a
palavra.
-- Não deve.
-- Nem o casal à
espera.
-- Nem o próximo
que vier deve entretanto deixar de comer.
-- Não é o
primeiro.
-- Nem o último.
-- Nem eu digo
mais do que qualquer outro.
-- É preciso
apontar os binóculos bem em frente.
-- A ver se não
há Adiposos por aqui.
-- A bem dizer é
capaz de ser algum dos comensais.
-- Mas não vamos
por aí.
-- Temos que
esperar mais uns tempos.
-- A ver se
encontramos algum resultado.
-- Mas eu acho
que não.
-- Estou agora a
olhar para a mesa.
-- Para o tampo
da mesa.
-- Para a toalha
de papel.
-- Não tenho
pensamentos nenhuns.
-- A Gracitara
está atrás de mim.
-- Ela
espanta-me.
-- Eu estou
sossegado na sua frente.
-- Tenho medo
dela.
-- Do seu poder.
-- Ao que
conforme penso não tem.
-- Mas depois
tem.
-- Porque quero
procurar significados.
-- Assim fico
paralisado.
-- Como estou
agora.
-- Ela nem me
fala.
-- Ao princípio era
sexo que via nela.
-- Depois a visão
carnal foi-se alterando.
-- Neste momento.
-- Neste segundo
preciso é diferente.
-- Mas também
não é bem medo.
-- Não sei o que
seja.
Estou a ver que
estou bem, e me sinto confortável nesta sala, porque vou comer, e depois vou
dormir, e mais um dia passa, e depois outro; mas, neste segundo, é a mágoa de
não saber o que vem aí que me está a empatar, dentro das novas classes.
-- Não tão finas
como parecem mas também verdadeiras.
-- Não tão
semelhantes mas também próprias.
-- Com as
grandes divergências aparentes.
-- Todos ao
mesmo tempo.
-- Não mais do
que isso.
-- Está bem
assim.
-- Está bem
assim, -- digo eu com força.
-- Depois não
valho nada.
-- Estou bem
assim.
-- Aqui.
-- Deixo passar
as tempestades todas na minha frente.
-- Enquanto nada.
-- Enquanto tudo
na minha cabeça.
-- A percorrer o
dorso do tempo tão minguado.
-- Em
microssegundos em nada.
-- É por isso
que estou a ver as outras coisas.
-- Em formas
descomunais.
Não prescindo do
outro ao meu lado, e se fosse outra era diferente, da próxima vez
tenho de pautar a minha terra por pontos ao quadrado.
-- Não estás a
ver nada.
-- Vai para casa.
-- Vai para a
rua.
-- Não é bem
assim.
-- Tenho que
organizar a minha cabeça.
-- Com duas
taxas aparafusadas ao osso.
-- Mais à frente
é demais.
Sendo as
primeiras horas as mais importantes de ver, ao princípio, aqui não se percebe
nada, ainda que eu veja os pratos a correr para as mesas.
-- Não é por
aqui que corre a comida.
-- É mais pela
cozinha.
-- Pelas
traseiras.
-- É à noite.
Isso é
importante, porque ao descerem a Calçada os sono-uva podem, de repente, inverter
o circuito a pé, e com ferros.
-- Não está o
percurso feito.
-- Ninguém está
com medo.
-- Estão a um
dia de começar.
-- Nada da
cozinha para a frente,
-- A Gracitara
atrás de mim.
-- Também não
quer falar.
-- Nem eu lhe
quero dar o nome.
-- Mas não é
verdade.
-- Ela não me
fez mal nenhum.
-- Ela não me
quer mal nenhum.
-- Eu é que
estou tolhido pelo frio.
-- Porque venho
com fato de verão.
-- O ar
condicionado dá-me cabo dos brônquios.
-- Estou medroso
com isso tudo.
-- Será que me
posso aguentar?
-- Mas digo,
-- Mesmo ela não
me fez mal nenhum.
-- Eu é que
penso assim.
-- O que se
passa na minha cabeça não faz sentido.
-- Como podia
ser desta maneira?
-- Não.
-- A não ser uma
sala enorme.
-- Tipo salão.
-- Ou pavilhão.
-- Mas sim.
-- Não é.
-- Porque assim não
deve ser o grande.
-- Ou o pequeno.
-- Não é o tamanho
da primeira ideia.
-- Nem a cor.
-- Nem nada.
-- Altas.
-- Ou baixas.
-- Pois é.
-- Pois não é.
-- Pois vais
para a rua.
-- Pois desces.
-- Pois esvazias
o corpo.
-- Não.
-- Não estou
amarrado nesta cadeira.
-- Mas pode ser
como se estivesse.
-- Alguém
poderia querer entrar comigo e dizer,
-- (tu és um
andante sem fala).
-- (Corno de
vaca).
-- (Peido de cão).
-- (Arroto de
cavalo).
-- (Merda de
gato).
-- (Cagalhão de
bode).
-- Por aí
adiante.
-- Podiam dizer
isso.
-- O que
quisessem.
-- À vontade.
Não me alegraria
nem me entristeceria com as bocas, as mais malvadas que fossem, porque era o
que se passaria na cabeça; e eu faria uma ponta de ferro para queimar a cabeça,
lá por dentro, nos miolos, e assim, com eles queimados, nada me afectaria.
-- A parte
correspondente à chatice própria da altura.
-- Na véspera
seria mais cordato.
-- Não levaria a
monte os recursos.
-- Acabaria.
-- Era assim o inventário.
-- Era.
-- Não era.
-- Nem podia ser
nada do que conferisse.
-- Deixaria de
fora a carga
-- Para a
cozinha.
-- Pelas traseiras.
Cena
41) As galinhas e os coelhos e as aves de rapina vêm de lá
de fora em camiões cisternas. A beber chá na mesa limpa enquanto as festas e
milhares de pessoas descem e sobem ruas
-- Às vezes
sub-repticiamente.
-- Mais ou menos.
-- Outras vezes
igual ao dia anterior.
-- Todos os
destinos estão apalavrados com antecedência.
-- Para o tour.
-- Na ordem
inversa à da cozinha.
-- Se era para
entrar devia ser para sair.
-- Assim
sucessivamente.
-- Se paga bem o
preço e por cima não carrega nos impostos.
-- Estava a ver
se a entrada era por baixo.
-- Se tinha
escadas.
-- Mas era a
hora.
-- Não o momento.
-- Era para cima.
-- Não.
-- Na qual.
-- Tudo de bem.
-- Ainda mais.
-- Nada e tudo.
-- Ao que o outro,
-- Não.
-- E eu,
-- Sim.
-- Se para
entrar.
-- Está bem.
-- Pode ser.
-- A cozinha.
-- O último turno
da noite.
-- E eu na mesma.
-- Não
-- Na cozinha os
produtos.
-- Todos sabem
bem como é.
-- A cozinha é
para cozinhar.
-- Para o resto
está a mesa quadrada.
-- É preciso ter
uma consciência ilimitada.
-- Para entrar
lá dentro.
-- Ponto por
ponto.
-- Tudo deve ser
uma lição de cozinha.
-- Que tem a ver
com o cozinheiro.
-- Pois se ele
não percebe quem é que vai perceber?
-- Quem é que
tem de estar a par?
Não na frente
orgânica, onde a guerra se dá, nos dias contra os prazos; e o negócio das
chávenas, para requinte dos aprendizes, a beber chá preto na mesa limpa,
enquanto as festas, e milhares de pessoas, descem e sobem ruas na frente aberta.
-- É na
sequência que se diz aos milhares.
-- Não quero.
-- Pode ser.
-- Para resolver
um problema de falta de comunicação entre as abelhas.
-- A morrer aos molhos.
-- A deixarem a
descendência.
-- Mais externa
do que interna.
-- Querem ver que
não sabem muito bem dizer a milhares
a entrar e a sair da cozinha?
-- Ao que consta
os comensais não se importam.
E voltam a ter a
mesma panela.
-- Em massa.
-- Não se
enganem.
-- Muito bem.
-- Nem estejam a
pensar no melhor.
-- Que é chato
não fornicar uma mulher.
-- Em vez disso
anda aquela encomenda a deitar fumo pelos olhos.
-- Ah, sim.
-- É bom, -- diz
da cama uma mulher linda, toda nua, à espera.
-- E tu de
repente ficas nervoso.
-- Ou não?
-- Depende.
-- Se ela te pegar
no pénis com um lencinho para não contagiar?
-- À hora do
almoço não dá.
-- Depois também
não.
-- Há-de ser
quando for dela.
-- Por trás.
-- Com coleira.
-- Também agarrado
a ela.
-- Para trás.
E nesse dia, à
mesma hora, é que todos deixaram mesmo de entender, e isso dá que pensar, na
quantidade de gente que deixa atrás de si um rastro de lume; e todo o tempo não
deseja, a não ser ficar, entre si, com a mais tardia ambição.
-- É o desejo
que te embala.
-- Por ti.
-- Por mim.
-- Não.
-- É a praxe.
-- Não.
-- Não estão os milhares.
-- Não.
-- Não desejas
entender.
-- Não.
-- A seguir
sobes a Calçada.
-- Depois ficas
a olhar para baixo.
-- Para te agarrares
ao teu destino.
-- Não para
ficares apenas.
-- Não é uma
curva que se enrola.
-- Circula a
grande velocidade.
-- Em vez de
encurtar deixa de poder andar no vento.
Também pode ser a
encomenda, feita no mesmo dia em que o cozinheiro pede o fornecimento de legumes
na praça, nessa altura vem peixe fresco para a cozinha; e na altura certa entra
o Joni, e olha para os olhos ferozes, a perceber se a cozinha tem os preparos em
condições.
-- Já se vai a
ver.
-- Depois como
tem que ser da Calçada para baixo.
-- Os bairros
periféricos que vão dar ao rio.
-- Na casa
seguinte.
-- É o mesmo que
ver a segurança aparente.
-- Não está bem.
-- A segunda é
de vez.
-- A
consistência é forte.
-- Não depois de
ver se o Joni merece.
-- É um perfeito
cavalheiro.
-- Ah, muito bem.
-- Eu dou-te
tudo de mão beijada.
-- E é não,
-- Não é constantemente
posto de parte.
-- Estás sempre
a atezanar.
-- Ou a dar de
baixo.
-- A dispensa
também dá.
-- Eu digo,
-- Acabou.
-- Vou para a Biju
já.
-- Deixo da mão
para fora o bizarro que é esta sala.
-- Então não é
verdade que eu quis?
-- Não é verdade
que eu vi tal e qual?
-- O vento então
não entrava adiante do fogo?
-- Não podia ser.
-- É extraído de
fruto tropical.
-- Com mais
garantias do que as do costume.
-- Querem ver a
mais recôndita laranja do quintal.
-- A palmeira ao
cabo de cima da rua.
-- Querem ver
que não dá a colheita de beterraba.
-- O milho
plantado.
-- As terras tão
bem tratadas já estão de poisio.
Era uma vez a
terra, mãe de tudo; e depois partiu a embraiagem e parou o carro, ao que, da
garganta, ele entornou no Poço dos Mortos.
-- O local na
terra está permanentemente em alerta a querer diferentes coisas.
-- É de vez.
-- Entendam-se
aí com os cereais.
-- Com as carnes.
-- Está um
bocado caro.
-- A carne vem
de fora.
-- Os legumes
também.
-- Tudo vem de
fora.
-- Por isso o
cozinheiro conta os dias para ir ao mercado.
-- Logo de manhã
cedo.
-- O mercado dos
congelados.
-- Glórias passadas.
-- Sim, pode ser.
Entretanto,
também as galinhas e os coelhos, e as aves de rapina, vêm de lá de fora, em
camiões cisterna; e os peixes, bem engordados, também vêm de lá de fora, para a
cozinha, e vejam quantas chatices para ir buscar tudo isso lá fora, com a
devida atenção.
Eu digo-te,
-- Não me leves
daqui senão venho de pés juntos.
-- Juntamente
com as hortaliças e legumes e demais comidas.
-- Se eu
quisesse arrebentava as algemas mas de acordo eu não faço isso.
-- Alto lá,
deixa-me ao menos.
-- Eu deixava-te
e depois diziam-me: tens um castigo pendente e lá vinham eles pendentes sobre a
minha consciência e essa entra em colapso lateral sem artifício.
-- Uma triste
sina.
-- Não tivesse um
padrinho para me auxiliar nestas alturas tão melindrosas.
-- Todos os dias
eu sei de mim mesmo.
-- Atendo o
telefone se puder.
-- Senão o
melhor é desligá-lo nas ventas do tipo qualquer entre os comensais de fatos
azuis.
-- Estes estão infestados
de Adiposos com todos.
-- Por isso eu
desconfio de toda a gente até do meu Ora Entorno.
-- Caça a guerra
no passeio da estrada.
-- As passadas
directas pelo chão acima.
-- Com rasgos
abertos nas montanhas.
-- Em frente do
rio.
-- Para lá da
península.
-- Desenhada ao
milímetro.
-- Se quiser.
-- Disse o mesmo
de ti.
-- Ou foi de
outro?
Era uma vez; e o
destino também começa por aí.
Cena
42) As lamentações são uma grande garra que apanha o tutano
desde sempre com toda a garra
-- Por esse sítio.
-- Na escala de
um a três.
-- A quem quiser
entender.
-- Em frente do Príncipe
o alfarrabista do Calhariz.
-- Aberto às
vinte e quatro.
-- Deixa os
velhos livros em cima da secretária.
-- Para quem os
vê de cima do elevador.
-- Até ao fundo
do comprimento.
-- É a parte
acrescentada.
-- Mais além
também há as oficinas de águas abertas.
-- Para quem
quiser deitar flores.
-- Pode ter a
vantagem de ter perto a cozinha dos agregados do Príncipe.
-- A meio termo
entre a Travessa dos Pescadores, a Rua dos Mastros e o Beco do Carrasco.
-- Ao menos não
te dêem nada.
-- É consolidado
na mesma.
-- Com o carimbo
dos adiposos.
-- Esquentando
os lugares.
-- Querem ver
tudo ao mesmo tempo.
-- Com as mãos
em cima.
-- Nas escuras dependências.
-- Nas casas
fechadas.
-- Nos quartos
alugados.
A mãe dele não
viu, quando deixou a cafeteira no lume, e limpou as mãos no avental, e olhou
por cima do ombro.
-- Não na rua ao
lado a descer.
-- Na cozinha foi
ela ao quente.
-- Ela foi.
-- Desapareceu
na sombra do tempo.
-- Desde então o
Adiposo tem seguido bem igual ao outro.
-- É sempre o
mesmo.
-- Só eles não sabem
que é sempre o mesmo.
-- Seja onde for.
-- Depende da
hora do dia.
-- Dos efeitos
das marés nos cabelos das árvores.
-- Que essas na
hora certa estão bem.
-- O cozinheiro
não.
-- Nem os sono-uva.
-- Assim não
está a correr como o prometido.
-- Pela Calçada
escura e ínvia.
-- Sem olhar
para cima.
-- Nem vejo uma
nesga de céu quando tenho os joelhos no chão.
-- Nem a moderna
imagem que é passar além.
-- O tempo não
resgata as casas a cair aos bocados.
-- O ervaçal a
subir pelos telhados.
-- Foi a seguir
que se previu a descida da negridão.
-- No dia em que
a pedra essa nada.
-- Ninguém tem
disposição para negar nada.
-- Está a ver o
cansaço.
-- Ao mesmo
tempo os Adiposos agarram nas palavras.
-- Transformam-nas.
-- Depois compor
é ao mesmo tempo o bom viver.
-- Na terra em
festa.
-- Com o
dinheiro a vender.
-- Bem sabe as
luzes da Calçada.
-- Também variam
do lixo ao luxo.
-- É uma
panaceia milagrosa em tempo de guerra.
A mãe está bem a
ver as coisas, a seguir o seu rumo imaginário, com uma temperança e uma guerra
que não é dela; ao mesmo tempo que ninguém lamenta, embora lamentem tudo; e as
lamentações são como uma grande garra, que apanha o tutano, desde sempre, com
toda a garra.
-- É uma verdade.
-- Se quiseres
perceber.
-- O venerando Joni
também tem um pequeno naco de carne que vem da cozinha.
-- Ele não
queria.
-- Mas depois
aceitou.
-- É para veres
as coisas.
-- Como elas têm
o seu caminho próprio.
-- Está bem.
-- Mas é preciso
juntar mais gente à minha quadrilha.
-- Eu digo,
-- Bem, não são
só os comensais.
-- Esses
honrados pacientes.
-- Tenho que colocar
nas mesas mais gente.
-- Com o coração
nas mãos.
-- Para ser mais
solidária com a comida.
-- E ter muito
que comer na cozinha.
-- Eu vejo a
cozinheira.
-- Lá está na
portinhola a passar os pratos de vez em quando a velocidade estonteante.
-- Nesta sala
grande é bom que assim seja.
-- Porque
pode-se separar o venerando do Joni.
-- Com muita
independência.
-- É fartar a
pança no sítio certo.
-- Mas não se principia
e se acaba no mesmo segundo.
-- A Gracitara
também tem de vir para o meio do festim.
-- E quem passa
lá fora que passe.
-- Era um dia
como os outros.
-- Se não se
pusesse o pão no forno.
Nesta festa de
mudança, estão os fornecedores, à espera nas carrinhas, para fornecer a cozinha;
e todos os fornos estão a toda a força; e os venerandos comensais têm cada um a
sua missão, que é a de comer o mais racional possível, com muita elevação e entendimento;
e estão outra vez donos de si, a pensar como deverão comer, sem ninguém ver.
-- Era esse o
ideal deles na sala.
-- É verdade.
-- Mas eu sei
que não.
-- Porque tenho
muita experiência disso.
-- E como há um
certo congelamento.
-- Sim.
-- Tenho a ideia
certa.
-- Estou bem com
o pensamento da Calçada.
-- Era para ver
a fotografia.
-- Mas os adiposos
não quiseram.
-- Ainda bem.
-- Noutra altura
teremos notícias dos adiposos.
-- E das adiposas.
-- Não têm culpa
nenhuma.
-- Mas o melhor
mesmo é nenhum fazer.
-- E encontrar
um arranjo na cozinha.
-- O melhor sítio
para se estar.
-- Embora por
vezes o ambiente não seja o melhor.
-- Mas as
conveniências são maiores.
-- Esta cozinha
tem montes de gente.
-- Eu é que não
vejo.
Mas oiço
distintamente aquela azáfama; e cada vez mais, de segundo a segundo, é conforme;
e depois pára, e depois volta.
-- Mas como
hei-de?
-- Não me hei-de?
-- Não precisa endireitar
nada, -- eu disse.
E a Gracitara
veio, de lá de dentro, com um livro antigo, que ensinava a arte de fazer cartas
comerciais, que era uma tarefa muito importante, mas que, nitidamente, não
gostava de fazer.
-- Nem me falou
aliás.
-- Nunca me fala.
-- Pois sim.
Olhei para o
tecto, enquanto ela passava por mim, e depois coloquei uma mão em cima da outra,
e olhei em frente, à espera do prato, mas ela, não só leu, como aprendeu a arte
das cartas comerciais, em pouco tempo.
-- Nessa altura
é que começou a entrar uma gente.
-- Que era a tal
quadrilha.
-- A equipa veneranda.
-- Para comer.
-- Tinham combinado
ali com o Joni.
-- Ele até os
recebeu com muitos sorrisos.
-- Estava bem-disposto.
-- Algum adiposo.
-- Ou alguma adiposa.
-- Podia vir com
eles.
-- Mas colados
aos fatos deles.
-- Também azuis
como os dos comensais.
-- Não havia
diferença.
-- Só o espanto mais
fervoroso com a sala.
-- Na casa dos
mortos não podiam falar.
-- Nem na casa
dos vivos.
-- Com os dedos
congelados.
-- Só mesmo na segunda-feira.
-- Dia de
mercado.
-- Com os pés a
seguir na frente.
-- Os primeiros
quadrilheiros são os mesmos.
-- Os segundos
são os outros.
-- Mas os dois
partidos ao meio fazem um cheio.
-- Redondo e bem-disposto.
-- Com as normas
todas em cima da mesa.
-- Ao entrar nem
fizeram barulho nenhum.
-- Estavam
alegres mas contidos.
-- Esperançados
mas embevecidos.
-- Com a acutilância
do Joni.
E este, com
certeza, com a dentuça bem à mostra, era a cara da felicidade, por ter nesta
sua sala gente veneranda; e os
rapazes, dentro do balcão, estavam a postos; e os frangos nos espetos tostavam,
e pingava gordura nas brasas.
Cena
43) Têm de estar sempre sozinhos. Ao mesmo tempo que se
enviava para fora de casa os quadrilheiros andantes
-- A gordura
sumarenta para as baratas debaixo do balcão.
-- Com certeza.
-- Falando a cem
e cem.
-- A não perder
a vista sem receio é para um dia assim.
-- Na pressa de
fazer as coisas como deve ser os rapazes estão feitos nuns oitos.
-- Assim mesmo não
se entendem.
Debaixo do
balcão encontraram as bestas, encavacadas, dentro dum cesto, e com laranjas
também, mas na dúvida deitaram fora, todas elas, com a força mais valente; e de
vez em quando adormeciam, e deitavam-se debaixo do balcão; e assim festejavam todas
as festas.
-- Era a vez do
dia.
-- Na outra
ponta da sala não disse nada.
-- Nem uma vez
sequer abriu a boca.
-- Assim podem
fazer o que quiserem.
-- Só a buscar o
conflito não passam daí.
-- Assim mesmo.
-- Doutra
maneira.
-- Adoram ver as
casas das ruas inclinadas oito vezes.
Foi dito, também,
que não há memória de serem vistos na outra margem, os empreendimentos das
peças, passadas no grelhador, com a ambição do dia e da noite.
-- É o esforço
maior que tudo.
-- Tem de se pertencer
ao equilíbrio da casa.
-- A um verão que
pode a distância.
-- Já todos
dizem o mesmo.
-- Não se
descansa aqui.
-- Todos vêem no
vermelho os raios das vistas enegrecidas por anos de trabalho.
-- No fim de
tudo a primeira vez não interessa.
-- Dessa maneira
ninguém entende
-- A não ser que
se peça permissão.
-- Era a
vantagem de pedir.
-- De voltar
comigo ou com quem quisesse debaixo do balcão ou onde fosse.
-- O sistema
ventilava depois por entre uma claridade avantajada.
-- Se eu
dissesse não importava aos demais.
-- O que está na
berra tem o peso que se pretende.
-- Tudo é do
melhor.
Quem quiser ver
pode entrar clandestinamente, e deixar de pedir mais entradas, ou mais saídas;
ou na margem perder os exames da entrada e da saída, com a vantagem de não se entrar
na sala; e foi o que se percebeu, naquele dia, na vantagem de entrar, ao mesmo
tempo que se enviava para fora de casa os quadrilheiros andantes, que na
verdade foi um grande mistério, terem aparecido ali sem dizerem nada; misturaram-se
e advertiram, para cima, que se o tal do verão chegasse, ainda podia ser.
-- E vai lá
dentro,
-- E diz,
-- E foi lá
dentro um dos rapazes,
-- E disse,
-- (O Joni não
se importou nada).
-- Estava na
posse dos elementos.
-- Como sempre
teve conhecimento das coisas que se lhe aproximavam.
-- Mas pelo
contrário os outros eram uns quadrados completos.
-- Não tinham
nada que ver com o assunto.
-- Só se
entendiam bem dizendo mal do Joni.
-- Ah, sim.
-- Vá lá.
-- Já disseste
sim.
-- Vira então
para o outro lado.
-- Deixa ficar
aí.
-- A lata não.
-- Não escrevi ainda.
-- Não disse.
-- Pois então
vai dizer.
-- Está bem.
-- E vê se tens
cuidado.
-- Sim.
-- Está muito
bem.
-- Senhor, se
quiser, posso.
-- Não podes dizer
aquilo que quiseres.
-- É preciso
tornear as palavras em complemento das palavras duras.
-- Já está de
fora.
-- Os dias assim.
-- Uma e duas
vezes.
-- Conta com
todos.
-- Ah, sim.
-- É bem verdade
que devemos.
-- E depois os
erros.
-- Não há erros.
-- Ninguém erra.
-- As coisas são
perfeitas.
-- Tens de
desenvolver a questão e depois continuar assim.
-- Percebeste?
-- Claro que
percebi.
-- As escovas
dos dentes.
-- Os alicates.
-- As
reconversões dos bicos e dos pregos.
-- Percebi a
intrusão do outro plano.
-- Estou muito
bem deitado de barriga para o ar na cova ao lado do leão.
-- E não vejo o
terreno daqui.
-- O terreno plano.
-- A estepe nem
pensar.
-- Nem o nível
de baixo ainda pior.
-- Não vejo.
-- Nem o cimo.
-- Nem o fundo.
-- É para o bem
já que ninguém entra.
-- Em troca
deixem passar a jornada inteira com as primeiras ideias.
-- As que
desejarem ter.
-- Estão muito
bem assim a ver os ciclos da vida.
-- Estão a
perceber as exigências da terra.
-- Assim não me enganas.
-- Nesta turma
quadrilheira estão todos.
-- Em primeiro
lugar a vantagem da água debaixo do balcão.
-- É sempre mais
arriscado também deixar-se apanhar pela armadilha montada a jeito nos fundos do
balcão.
-- A casa em baixo
está a desfazer-se.
-- Já há uma
ligeira vantagem em considerar o local apropriado.
-- Assim mesmo.
Quando os milhares descem, por vezes, a Calçada,
então as correrias são diferentes; e com os sons, também de outra forma, a ver
como se devem escusar a ouvir aqueles sono-uva;
todos os dias agrupados nas escadas e escadinhas, com amuletos e teclados ao
lado, a ver se uma dúzia de vezes conseguem entrar.
-- Mas entrar
não é de qualquer maneira.
-- Eles sabem.
-- Se for para o
Poço dos Mortos é uma coisa.
-- Se for para
outro lado é outra.
-- Não é fácil
entrar e ficar.
-- Têm a
obrigação de andar de roda.
-- Não podem ter
gente ao lado.
-- Têm de estar
sempre sozinhos.
-- É proibido
ajuntamentos seja onde for.
-- É o que dizem
lá fora enquanto estou aqui.
-- Mas há mais
coisas.
-- Um dia
inteiro não dá com as premissas.
-- Mas é assim.
-- Como pode o Joni
despender mais?
-- Não pode.
-- Nem ninguém
como ele pode.
-- Portanto se
não podem ninguém pode.
-- Estão a ir no
bom sentido.
-- Já que estão aí
podem entrar e sentar-se.
-- Faça favor.
-- Sente-se aqui.
-- Quantas mesas
sobram?
-- Quantas
pessoas na entrevista preliminar?
-- Nada foi
esquecido ao acaso.
-- Todos os planos
foram na mesma direcção.
-- A da harmonia
entre os sono-uva e os enfermeiros.
-- Também no dia
seguinte.
-- E os outros
todos que estavam a acalmar com água doce o estado das dependências.
-- Era assim mesmo
que as coisas estavam sem ninguém ver.
-- Queriam
alertar para o dia da estreia.
-- Mas não.
-- Estavam a ver
outras coisas mais importantes.
-- Bem pior
começar a dizer as verdades e depois entrar em colapso.
-- Estavam todos
a ver em como iam dar no fim as verdadeiras armadilhas.
-- Todos estavam
na direcção pretendida.
-- Todos tinham que
começar a perceber.
-- Mas não.
-- Nem ninguém
tinha de perceber patavina.
-- Que se
lixassem todos.
-- Esses todos
de coração às avessas não estavam assim tão dispersos como parecia.
-- Tinham de
activar os dispositivos de segurança se quisessem entrar ali.
Era mesmo essa a
primeira vez em que se entenderam, com regozijo de ambas as partes colaterais,
pois estavam permanentemente a deixar as caldeiras dos vapores do chá expandir-se.
Cena
44) A sala está na pior altura do ano. O segredo dentro da
sala pode uma vez ser tresladado para o meio da pedra areia branca
Não para
arrebentar mas para se expandir diariamente; e era assim mesmo que se entendiam,
sem que se vissem e se desobrigassem, pois estavam dependentes de nada e de
tudo; porque se alguém quisesse entrar, havia que dizer o dia e a hora, sem o
que a semana não dava para ocorrer a seguir.
-- O bem é desta
maneira.
-- Se quiserem é
mesmo debaixo do balcão.
-- Vai lá adentro.
Os rapazes, o primeiro,
o segundo e o terceiro, não se cansavam de tirar imperiais; e logo depois explodia,
lá fora, a bomba que havia todos os
dias por encomenda.
-- Estás a ouvir
a buzinadela lá fora?
-- É o buzinão
na hora do almoço.
-- Meu primo
veio logo dizer amém.
-- Encarreguem-se
de fechar a torneira.
-- Ah, bem.
-- Tudo vai
acontecer como o previsto.
-- Tu andas com
essas tretas das previsões
-- Depois nada
bate certo.
-- É isso mas
não me enganas.
-- Também pode
ser a vantagem de assumir.
-- A ideia central
já está associada.
-- É apenas
descer e pronto.
-- A garantia
está dada.
-- Mas se fores
ali mais abaixo vender os tostões é que te dão na mona.
-- É certo.
-- E pegas na
mulher do escalão dum balcão acima.
-- Leva-la para
a costumada.
-- A tal cama no
cabo de cima das escadas.
-- Com a guarda
à porta.
-- Pode ser.
-- Os tostões
emprestados.
-- Lá na moina
dela enfias-te todo.
-- E vai de
fugir.
-- Depois acaba
e olhas para a noite
-- E achas.
-- Mas eu cometi
a odisseia.
-- Vou cumprir esta
nas pernas dela.
-- É assim.
-- Quem é ela?
-- Não há transferência.
-- A polícia
pode chegar a qualquer momento.
-- Andas a resmungar
na noite mais as tuas amigas na borda do passeio.
-- Ou nas saias
de oiro.
-- Ao mesmo
tempo.
-- Não.
-- Elas deixam
de dormir dentro.
-- Deixam os
filhos na berma da estrada.
-- Não.
-- Elas não.
-- O mato.
-- Depois na
estrada.
-- Ou na esquina.
-- Pode contar
as primeiras libras de ouro dadas por ter as pernas abertas na hora exacta.
-- Ou nas folias
maiores.
-- Magníficas.
-- Abrangentes e
badaladas.
-- Há a festa
inicial.
-- Depois o guarda
manda entrar à hora combinada.
-- Tens licença
para entrar?
-- Tens o papel
para entrar?
-- Dado por quem?
-- Ah, sim.
-- Pode ser o
director.
-- O produto.
-- Pois.
-- A malina.
-- Perna entortada.
-- Não tem a
garantia.
-- Ferve a água
e o sabor.
-- Ah, sim.
-- Desde já
estamos a ver como se consegue atrasar o andamento lá fora.
-- Na escaleira
onde estão os donos.
-- Mas não há
falta de donos.
-- Nem é o
propósito.
-- Porque está a
uma curta distância.
-- É só o
cumprimento da rotina da bola.
-- E deixar o Manada
ir por aí adiante.
-- Foi no forte
de pedra lavrada que se deu a invasão.
-- No dia a
seguir ninguém.
-- E depois.
-- Ou porque era
a mansão do touro.
-- Ah, neste
caso.
-- Com ela em
vez dele.
-- É o mesmo.
-- Não se diz.
-- Nem vai
-- Nem vem.
Segue-se a carrinha,
pela Calçada, fora do balcão; e não se vende mais nada, nem se aceita o cartão
de valor incalculável, pois é melhor experimentar não dizer nada; e foi um caso
evidente de enorme sucesso, porque não dizer nada equivalia a dizer tudo; e aprendeu
a vir para a carroça da burra, e teve um êxito incalculável; e por ela e por
tudo, ora na estação seguinte, aprendeu a dizer a frase.
-- (És tu).
-- (És tu).
Também marcada com
enorme sucesso, anos depois, pelo fervor dos mutadiços; e é por isso necessário o assento e tal a dúzia; e se
vem algum ainda vai outro; e nesta ordem devem os de baixo não entrar, pois
nesse instante vão a ver e deixam as guerras, não porque está bem, mas porque os
mutadiços e os sono-uva têm a mesma escala, e estão, ou não, inteiros.
-- É ponto assente
na ida de fora até ao balcão com elas a ver.
-- É ponto
assente que sem dinheiro o coração bate mais lento.
-- O lema é digerir
todos os gatafunhos em boa ordem.
-- Sequência
directa.
-- Já lá foste?
-- Não.
-- Ainda não.
-- Estou preso
nesta cadeira.
-- Sem um tempo determinado.
-- Congelado.
-- O meu bem.
-- Ai meu bem.
-- É na ânsia de
ver que volta atrás ao ponto.
-- De vez em
quando há o que se chama a ideia de vez em quando.
-- É por isso
bem redondo.
-- Com os
treinos feitos todos os rapazes e raparigas dos balcões estão treinados nessa
vida.
-- Explica-se as
medidas do caixão.
-- Se tem mais
ou menos centímetros.
-- Está a fazer
uma curva a pedido dos extintores.
-- Que uma pá
deu-lhe na cabeça tolerante.
-- Não devia ser.
-- Devia
aprender melhor a conta séria.
-- Devia ter
mais ideias feitas.
-- Mais sorte
que tudo.
-- Devia andar
mais à vontade no largo da praça.
-- É um cerco.
-- Mas o que
está bem é num ecrã directo.
-- Esse visor
tem uma máquina de café expresso.
-- Está aí.
-- É esse o
veloz carreiro aberto entre o balcão e a praça.
-- Mas não se
ouve nada dos adiposos.
-- Logo
simultaneamente tem-se de abrir uma porta onde está a tal voz.
-- Não é no ecrã
delas.
-- Também à
mesma hora a doença.
-- Não.
-- Depois o ecrã
marca.
-- Não é na
praça Zuleica.
-- É, sim.
-- Aí tens um
abridor de latas.
-- Uma escova de
dentes.
-- Tens de
apertar os canivetes.
-- Se quiseres.
-- Nesse ecrã
toda a gente se revê.
-- É pouco
eficaz quanto à natureza.
-- Mas dezenas
de vezes inclui a maior energia do mundo.
-- Está disposta
a entrar aí.
-- Com as mãos
bem abertas.
-- Está bem aí.
-- O sentimento
de virtude está a ver-se bem como está tudo a bem dizer não.
-- Ah, sim.
-- Percebe-se.
-- Na primeira
não.
-- O segredo
dentro da sala pode uma vez ser tresladado para o meio da pedra areia branca.
-- Aí pode levar
um tratamento cáustico.
-- Ah.
-- Assim eles
dançavam à sombra da virtude.
-- Não matariam
a besta que matou.
-- Nem deitariam
a manteiga fora.
-- Não era
serviço com todas as finalidades cumpridas.
-- A um e a dois
por cento.
-- Estás a
cumprir a cena atrás do segredo.
-- Mas não é do
conhecimento dele.
-- Apenas é uma
transferência.
-- Ainda em dias
mais quentes.
Já foi
apreendido o carrinho que levava o pão lá dentro, à cozinha, e de fora fica o patrão;
e o empreiteiro também fica de fora; e os grandes artistas estão nas malas,
fechados, onde apenas há uma portinha, por onde permanecem, atónitos; e essa
abordagem do ecrã é cruciforme, pois tem o verniz da casaca aberta com as
primeiras folgas.
-- Ah, sim.
-- Se pudesse
dizer à minha amanuense directamente não me inibia.
-- Pegava nas
mamas dela e já agora segundos depois não entenderia.
-- Mais à frente,
sim.
-- O segredar das
palavras tem uma maneira própria de se fazer.
-- Há quem se entenda
muito bem com as mãos nos ouvidos.
-- Outros têm a habilidade
de pôr discretamente a mão enviusada nos lábios.
-- Esses é que
sabem o quanto está a página ao contrário da outra página.
-- Com efeito já
se teme a presença habitual.
-- Está a um
passo de começar a presença dos quadrilheiros.
-- Mas como digo
como eles entraram assim logo nos fomos ter com elas lá abaixo.
-- Em massa folhada.
-- Não.
-- Em carrossel.
-- Não.
-- Fomos.
-- Viemos.
-- E elas
ficaram.
-- Amanhã há
mais.
-- E por isso
deitamos os olhos aos quadrilheiros no montante certo.
-- Por causa do
sono não do dormir.
-- Sim, é
verdade.
-- Devo dizer
com muita honestidade.
-- Estou a
tremer de frio.
-- Tenho os
ossos a doer dos segundos em que aqui tenho estado.
-- Estes segundos
são feitos de forma desestabilizadora.
-- É uma
contabilidade empacada que resume a história ao segundo seguinte.
-- O trasladado.
-- Depende da
vontade e dos gritos.
-- Por vezes os
segundos são mais do que anos inteiros.
-- Foi isso que
me disse.
-- Não é assim, --
diz-me a Gracitara, fria e calculista.
-- E depois vem
muito mansa,
-- Não é assim,
meu amor do coração.
E passa-me a mão
pela cabeça com grande familiaridade, e o seu odor fica a pairar.
-- Sim.
-- Felizmente
não mais nenhuma fricção encontrei entre o que digo e o que ela diz.
-- Está na hora
certa de perceber se foi verdade.
-- É uma instituição
na forma e no destino.
-- É isso a
olhar.
-- Vai-te embora,
-- diz.
-- E o outro
-- Ah.
-- Não estás.
-- Mas é maluco.
E ponho os meus
olhos nas minhas mãos que estão na minha mesa, mas, rapidamente, no ecrã dá, lá
fora, a cena, e rapidamente os meus olhos saltam da mesa para o ecrã; e à
medida que desce o termómetro, a temperatura congela; e o Príncipe dos reis
está à gosma, e todos têm de ver as estrelas, mas, em vez dessas, as luzes, lá
fora, pela estrada fora.
-- Os mais
elegantes têm os seus alojamentos próprios.
-- Não estão ali
porque é mais confortável.
-- Lá estão a
ver o desafio.
-- Não tem
dúvida nenhuma.
-- E esse
desafio está na moda entre os sono-uva
e os mutadiços.
-- Embora se
tenha pago muito.
-- Mas está na
hora de cada um.
-- Nessa dúvida
os camarotes acrescentam outra dúvida.
-- Não está a
ver as cadeiras.
-- As bancadas
-- E as aptidões
milagreiras.
-- Está-se bem.
-- Nesta dúvida
não se mata.
-- Nem se
estrangula.
-- E os mutadiços e os sono-uva têm muito respeito.
-- Até se vê o
brilho nas estátuas.
-- Claro.
-- O esplendor
dos dias progride.
-- E a
transacção tem cabimento.
Não está na sua
devida forma, mas o segundo adiante foi um negócio bem feito, e esquecendo-se a
praça por momentos; mas aí foi uma coisa sem efeito, pois era uma preparação
soft.
-- Em volta está
o mordomo.
-- Tem de fazer
boa figura.
-- E depois tem
de se sentar à mesa.
-- Está muito
bem assim à mesa.
-- Sai-se da
cozinha com os ingredientes todos e depois come-se a nossa comida.
-- Tem-se uma dúzia
de limões não os que acabam.
-- Não está no emprego
e a ditar.
-- Não.
-- A balcanizar a degustação.
-- A armar de
boca a boca rachada.
-- Cana de
flauta a aprender o canto.
-- Deve ser
dessa maneira que todos marcam o destino sofrivelmente.
-- Mas não dá de
fosques.
Estas
construções foram para a eternidade; e sabem bem os outros, muito bem deitados
por terra, que têm de perceber muito destas afinidades, porque, uma coisa é
andar de terra em terra, outra é possuir o estratagema para montar as
engrenagens do motor de rodas, que umas vezes aparece e outras está arrebentado,
e deixa as pessoas em terra; e é por isso que vou; e por isso os rapazes descem
a persiana da rua.
Está na hora mas
o Joni manda levantar,
-- Não fechem.
-- Ainda é cedo.
E eles
levantaram, que remédio, a luz, não; e o ambiente, atrás, dava para cima de
duas toneladas de fumo e de podridão; o tal casal,
em volta da outra, estava de boca aberta, parado, a engolir o fumo; mas, com
muito prazer, era a música que encantava.
Numa delas
estava escrito,
-- (não da Calçada).
-- (Sim da
entrada).
-- (És tu).
-- (És tu).
E essa era a
minha maior aflição, o que vem de dentro da bitola.
-- Já lá estão
os investigadores, -- disse-me o outro
ao meu lado.
-- Têm os
elementos todos porque fazer o inquérito será muito rápido.
-- Estão na
berra todos os procedimentos para se saber.
-- Ah, sim.
-- E nesse dia tiram
as medidas da porta e da cave.
-- Porque não
estava a ouvir as primeiras linhas.
-- Só por isso
estão a entender muito.
-- As obras
prosseguem.
-- Dão valor
acrescentado.
-- Podem a
partir daí avançar o mais que se quiser.
-- Estão bem
divididas contra todos.
-- E nessa
medida estão a perceber se podem ou não deixar de parar.
-- Aí não sabem muito
bem que destino agarrar.
-- Esse que
começou primeiro.
-- Não.
-- Os
investigadores depois não têm que dizer a este e aquele.
-- Já se vão
embora ao meio dia com as bagagens.
-- Vão para o
avião em grande escala.
-- Nas melhores classes.
-- Estão avisados.
-- Se querem digam.
-- És tu, oh
minha linda, que me queres afligir?
-- Pois, por
nada.
-- Estou bem afreguesada.
-- Por nada
-- A sala está na pior altura do ano.
-- E os
conselhos são deixar percorrer por aí abaixo.
-- Com os talhões
dos conhecimentos atinados.
-- É pouca coisa
mas não será nenhuma.
Assim, bem
considerado, não há desvantagem nenhuma de prosseguir, pois tem que ser sempre
para o fundo; e depois tudo é bem misturado, e sai de novo a culatra da pistola,
com tudo bem misturado; e fica a coisa pura, com azeite da terra, virgem e
verdadeiro, de sabor verdadeiro; e nesse fundo escuro, já ouvi dizer que é
preciso levar uma lanterna para se ver, pois não há fios eléctricos, e está-se
apavorado.
E diz-me o outro,
-- É por cima
das misturas que tu vais lá abaixo.
-- Podes sujar os
sapatos porque está escorregadio.
-- Ah, sim.
-- E olho para o
lado e vejo o outro com um sorriso
muito aberto.
-- Fixo no ecrã.
-- Nessa hora eu
pensei não pensar nada.
-- Era o melhor
que se devia fazer senão estava sujeito a agremiações dos complexos.
-- Porque lá para
o fundo era bom de ir.
continua....
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